Sem resgate. A manifestação de ontem em Roma com 50.000 - TopicsExpress



          

Sem resgate. A manifestação de ontem em Roma com 50.000 pessoas, no mínimo, mostra-nos que em cada país se travam lutas similares contra a austeridade da UE. Podemos fazer uma espécie de inversão das expectativas anotando o pior que pode acontecer do ponto de vista político. Este governo aguentar a sua própria incompetência e a sua infâmia até ao fim da legislatura, amparado como esteve desde início por Cavaco. Este, aguentaremos mais um ano se não estou em erro. Tudo o resto - que é trágico dos pontos de vista social, económico, psicológico, cultural - irá acompanhar esse longo estertor. Do mesmo modo sobre a UE - que comanda esta austeridade - surgiu uma previsão/desejo da extrema-direita francesa, da M. Le Pen que sobe nas sondagens: a UE vai colapsar como a União Soviética. Não deixa de ser uma hipótese, face ao que temos visto. No nosso caso quer se verifiquem outras mudanças internas quer não, perfilam-se dois horizontes: a UE continuar como está e o país, em muito piores circunstâncias ainda do que está hoje, aguenta a continução desse projecto político global de empobrecimento, ou a UE muda em alguns aspectos e apoia o futuro governo do PS, sózinho ou acompanhado, ou não apoia e teremos uma versão mais suave da austeridade, no máximo. O colapso do projecto da UE tal como era no seu início já se verificou, gradualmente, de Maastricht até à inversão política de Merkel e Sarkozi em 2010, criadores da austeridade para os países mais frágeis do sul e da periferia, em lugar do investimento seguido até então. Por isso é que o repúdio da austeridade não se circunscreve aos países sob resgate. Caso se chegue à saída da troika, o que se segue é o presente da Espanha e da Itália, na melhor das hipóteses. É mau. Essa política de investimento prossegue nos EUA até ver. Se depois de Obama o Partido Republicano e o Tea Party tomarem o poder é de esperar o pior desse lado do mundo. Da turbulência global do capitalismo dividido na luta pela primazia e da tensão imprevisível da luta entre as três moedas principais, tudo pode emergir: uma crise maior ainda, ou um evento que interrompa o seu delírio presente: transferência em larga escala de dinheiro das populações da classe média até ao limite dos mais pobres (que já não têm nada para transferir e que tentam sobreviver como podem, com vários casos de trabalho escravo espalhados pelo mundo), para os mais ricos. Escrever isto não é muito difícil. Vivê-lo é assustador. O que é pior é que nem sequer um dos milhares de especialistas de economia, por genial que pareça, sabe o que irá acontecer. O máximo a que chegam é a uns palpites, uns livros sobre a crise talvez escritos com boas intenções, ou umas declarações nuns colóquios. Não contam grande coisa. Já deixei de os comprar. Nesta complexa luta global a relação de forças é neste momento favorável às direitas e à finança do mundo. Poderá deixar de ser mas não se sabe nem quando nem como. Nós gostariamos que Passos e companhia pudessem desaparecer do horizonte. Seria uma alegria. Mas talvez uma alegria breve como o título do romance de Vergílio Ferreira. Depois, em 2015 ou antes, teremos tudo o resto, todas as consequências deste processo brutal de transformação do mundo, de uma forma ou outra. Desde os anos 80 até hoje o fosso das desigualdades entre os mais ricos e os mais pobres do mundo (países, populações, pessoas) não cessou de aumentar. É esse o núcleo central do projecto neoliberal. Não admira que não gostem que lhes chamem isso. Mas é o que é. APV
Posted on: Sun, 20 Oct 2013 19:46:05 +0000

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