Semana passada estive em Miami para o ShowEast, uma convenção do - TopicsExpress



          

Semana passada estive em Miami para o ShowEast, uma convenção do mercado cinematográfico da qual falo um pouco mais na próxima revista Filme B. O que não abordarei na matéria são os três filmes que vi no evento, todos candidatos a figurar na próxima temporada do Oscar. Impressões rápidas. Philomena, o novo de Stephen Frears, com Judi Dench no papel de uma senhora em busca do filho que deu para adoção anos antes. Não gostei tanto desse filme, achei meio movie-of-the-week, mas é indicação certa para ela. Judi Dench ficou famosa por papéis que tinham um quê de aristocrático - ou então eram figuras de autoridade. Neste filme não é uma coisa nem outra: uma senhora irlandesa bem qualquer, meio falo-o-que-o-coração-manda, meio velhinha sem noção. Playing against type, a típica isca para prêmios. Ainda por cima é história real, embora às vezes nem pareça, de tão novelesco. Steve Coogan, seu parceiro de cena, é uma possível aposta para ator coadjuvante (ou ator; depende de onde queiram encaixá-lo na campanha), mas uma aposta ainda mais garantida para a categoria roteiro, prêmio que ganhou em Veneza, por sinal, juntamente com seu parceiro Jeff Pope. A Menina Que Roubava Livros, adaptação do best-seller com cujo sucesso, sem falsa modéstia, colaborei bastante na minha passagem pela Intrínseca. Direção de um tal Brian Percival, nome ligado a Downton Abbey, com Geoffrey Rush e Emily Watson à frente do elenco, como os pais adotivos da tal menina. Ambos estão bárbaros nos papéis e suspeito que ele, ao menos, cujo personagem é mais divertido, caloroso, poderá ser indicado ao prêmio de ator (ou ator coadjuvante; depende de onde queiram encaixá-lo na campanha). Mas acho que, de prêmio importante, é só. De resto, dou como quase garantidas as indicações para figurino e direção de arte e como certa a da música, de John Williams, queridinho dos acadêmicos - e que é de fato muito boa (ele ter se dignado a fazê-la quando se tornou, em anos recentes, quase que um trilheiro exclusivo de Spielberg chama atenção por si só). Inevitavelmente, o filme fica abaixo do livro, que tem aspectos difíceis de traduzir numa adaptação comportada, acima de todos a narração da Morte, aspecto com que o filme não se resolve 100%. A menina em si, contudo, uma canadense de 13 anos chamada Sophie Nélisse, é um encanto, meio Drew Barrymore adolescente (mais hollywoodiana que a imagem que o livro trazia, claro). E a surpresa é a atriz alemã Barbara Auer, que faz a mulher do prefeito: é de cair o queixo a semelhança com Ingrid Bergman na meia idade. Saving Mr. Banks. Now were talking. Esse filme, arrisco dizer, vai bombar na próxima temporada do Oscar. Pensem em Hitchcock, do ano passado. Agora pensem quão bem encaixado no molde-Oscar aquele filme teria sido se fosse BOM, o que não era. Saving Mr. Banks é isso. Um fator-covardia atrás do outro: os bastidores de um clássico (Mary Poppins); Walt Disney, o maior vencedor da história do Oscar, como personagem; a revelação de um subtexto sério, até trágico, sob a capa de uma história infantil; as diferenças culturais EUA-GB como fator de alívio cômico; a personagem turrona cujo coração é amaciado (em e por Hollywood, ainda por cima). Há quem diga que existe um problema de tom na diferenciação entre as cenas do presente e as da infância da escritora P.L. Travers. Não concordo. Acho que a diferença de registro tem mesmo que existir e, ainda assim, há uma certa interpolação (o passado, em que Colin Farrell vive o pai de Travers, talvez não seja tão bem encadeado dramaticamente EM SI; é outra história). Mais importante do que tudo isso: Tom Hanks. Mais importante ainda: Emma Thompson. Ele vai ser indicado por osmose: é Disney, é Tom Hanks, teve ainda Capitão Philips este ano. Ela, por absoluto merecimento: é a âncora do filme, um tipo cômico divertidíssimo cuja alma ela encontra, dando ao filme o sentido que Hitchcock não teve. Sabe como, no início da temporada de prêmios, todo mundo aposta fichas em dramas mais ousados e, às vezes, do nada, surge um filme mais convencional e certeiro, heart-warming, que vira o jogo? Tipo O Discurso do Rei? Saving Mr. Banks é este filme. Indicação certa a melhor filme. Vitória possível? Olha... a Disney nunca ganhou o prêmio principal. Tou só dando a ideia. Segunda-feira, dia 3 de março, vocês me zoam se eu estiver errado.
Posted on: Sat, 02 Nov 2013 02:28:44 +0000

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