Senhor Presidente, os mensageiros da verdade não se - TopicsExpress



          

Senhor Presidente, os mensageiros da verdade não se desmilitarizam, nunca CANAL DE OPINIÃO por Adelino Timóteo O papel e a caneta fizeram e fazem a revolução e, nestes tempos do endocolonialismo, do regresso ao monopartidarismo, do regresso da ditadura, qualquer jornalista de facto conhece a sua utilidade, para que nenhum tirano nos escravize. (…) Prefiro a militância do jornalismo à do seu partido, por isso agora que os seus paus-mandados apelam à desmilitarização da nossa frontalidade, respondo-lhe, Senhor Presidente: eu não me desmilitarizo!!! Não ponha algemas na minha cidadania, pois foi por essa cidadania que os nossos pais, antigos combatentes, lutaram pela independência deste país. Senhor Presidente, não me desmilitarizo enquanto o Senhor não deixar de servir-se da Presidência para multiplicar o seu património. As sanguessugas do poder correm e em seu tom monocórdio vão dizer em “Grande Debate” de que há gente que escreve sem respeitar o chefe de Estado, Senhor Presidente. As sanguessugas do poder já não têm o pendor de prestarem vassalagem nos tapetes vermelhos do Palácio, Senhor Presidente. Agora têm o tempo de antena garantido na TEVEÊME, exactamente para prestarem vassalagem a si, Senhor Presidente. O jornalismo é militância, é cidadania, Senhor Presidente, por isso quando estes servis se colocam no écran a falarem no seu servilismo mais funesto, mais doentio, o povo que os conhece sabe, Senhor Presidente, que prestar-se a ouvi-los, no seu tom monocórdio, é uma comédia gratuita ou um bom digestivo depois do jantar, ou em muitos casos, um inusitado teatro para disfarçar a fome e atribulada vida nacional. O papel e a caneta fizeram e fazem a revolução e, nestes tempos do endocolonialismo, do regresso ao monopartidarismo, do regresso da ditadura, qualquer jornalista de facto conhece a sua utilidade, para que nenhum tirano nos escravize. Por isso, eu não me desmilitarizo, Senhor Presidente. Senhor Presidente, no jornalismo ou se é ou se não é, por isso não me desmilitarizo. Nem que se me decapite a cabeça, mas a verdade jamais será decapitada, na sua mais do que precipitada corrida para silenciar a mídia. De papel e caneta na mão faz-se a cidadania, no jornalismo, faz-se o nacionalismo, que algumas mentalidades torpes pensam que só se faz com a trela do seu partido. No jornalismo, de facto, está a pura militância, Senhor Presidente. Prefiro a militância do jornalismo à do seu partido, por isso agora que os seus paus-mandados apelam à desmilitarização da nossa frontalidade, respondo-lhe, Senhor Presidente: eu não me desmilitarizo!!! Não ponha algemas na minha cidadania, pois foi por essa cidadania que os nossos pais, antigos combatentes, lutaram pela independência deste país. Senhor Presidente, cada jornalista, na verdadeira acepção do termo, é um homem armado de caneta e papel, por isso quando tiver desmilitarizado os homens armados não pense que logrará desarmar os militantes do povo, os mensageiros do povo comprometidos apenas com a sua missão de intermediários entre o povo e o poder, nunca no sentido contrário, como o fazem as caixas de ressonância reduzidos na burocracia da transcrição dos seus discursos e da lavagem da sua impopularidade. Senhor Presidente, se Moçambique é um país independente há que contentarmos com o dizer sim e com a possibilidade de dizer não. Por exemplo, não Senhor Presidente, não me desmilitarizo enquanto o Senhor não deixar de servir-se da Presidência para multiplicar o seu património. E não vejo outro patriotismo que não seja a condição de denunciá-lo quando as suas holdings praticam negócio com o Estado, sem concurso público. Senhor Presidente tem a sua forma de manifestar o seu nacionalismo, também tenho a minha forma de manifestar o meu nacionalismo. Podemos nos discordar numas, mas nos conformarmos com outras, até porque num país nem todos têm que pensar da mesma forma. Senhor Presidente, espanta-me que não se estranha que o seu pensamento não coincide com o de muitos, por isso não há algo errado no que me leva a persistir e a dizê-lo que eu não me desmilitarizo. Não me desmilitarizo nem mesmo que mande os seus homens cercar-me a casa, pois enquanto cercam-me a casa eu faço deste acto uma ração de combate para falar, para dizer que é injusto, para dizer não! Sei que há uma desproporção de meios. Eu com uma esferográfica e o Senhor Presidente com canhões, tanques, MIGs 17, Bazookas, mas eu não me desmilitarizo! Não me desmilitarizo, porque antes como um bom pai da família moçambicana o Senhor Presidente deveria desmilitarizar--se das suas ambições capitalistas, para que mereça o respeito dos cidadãos, o respeito do povo. O Senhor Presidente deve desmilitarizar da sua arrogância, cujo extremo, o seu cúmulo, foi colocar blindado à porta de um dirigente partidário, que é uma peça fundamental da nossa jovem democracia, infelizmente por si fragilizada, Senhor Presidente. Senhor Presidente não me desmilitarizo enquanto nesta pérola do Índico só os membros dos partidos de oposição são presos, só as bandeiras dos partidos de oposição são queimadas, só as sedes dos partidos políticos são vandalizadas, perante o seu silêncio cúmplice, Senhor Presidente. Senhor Presidente, se enquanto a sua causa não for justa, se enquanto não houver pureza nos seus actos, eu não me desmilitarizo, pois venha eu desmilitarizar-me ganhará o Senhor Presidente em retaliar-me com os seus homens armados da polícia e do exército, favorecidos pelas leis promulgadas por si e aprovadas pela maioria qualificada que conseguiu à custa da exclusão eleitoral, Senhor Presidente. Senhor Presidente, conquanto não somos iguais como propugna a Constituição, não me desmilitarizo, porque a desproporção de forças com que o Senhor se serve é que faz com que “as tuas dores” já não sejam iguais às “minhas dores”. E o medo “puxa lustro” às cidades através dos seus FIR’s. Senhor Presidente, um bom pai de família mostra o exemplo e os filhos seguem-no. Por isso, há que se desarmar primeiro o Senhor Presidente na forma como divide os nacionais, entre filhos e enteados, na forma como se concorre às vagas na função pública, que nunca ocorrem com anúncios públicos, senão com favores que começam dentro do seu partido. Senhor Presidente, há que desarmarmos este sistema endocolonial que dura há 38 anos, e do qual só tiram proveito um punhado de fieis ao seu partido, pois se o Senhor Presidente não segue fiel exemplo, eu não me vejo porquê desmilitarizar-me de lhe dizer as verdades. Senhor Presidente há que desmilitarizar a mente que faz acreditar que a Frelimo é que fez, a Frelimo é que faz e a Frelimo é que fará. Há que plantarmos sementes que façam germinar a ideia genuína de que o povo moçambicano é que fez, faz e fará um país uno e indivisível, com uma Polícia una e que não descrimina, com um exército uno e que integre os filhos de Moçambique, sem discriminação, pois se não for desta forma, Senhor Presidente, eu não me desmilitarizo. Senhor Presidente, eu não me desmilitarizo enquanto os jornalistas dos órgãos públicos só servem para reproduzir a cor-de--rosa dos seus relatórios e balanços tendenciosamente positivos. Senhor Presidente, eu não me desmilitarizo enquanto por cá não se frutifique um país justo, livre e limpo. Não me desmilitarizo. Nem que me custe a cabeça, a verdade é uma arma de arremesso na consciência do povo que já lhe disse basta! Não me desmilitarizo, enquanto o Senhor Presidente passa de helicóptero por cima e há muita pobreza cá em baixo, muitos buracos nas estradas e o senhor Presidente acusa-me de não conhecer o país real que mora no chão que o Senhor Presidente se recusa a pisar. Senhor Presidente, eu não me desmilitarizo enquanto o Senhor Presidente e a sua escolta manterem o princípio de que lhe assiste o direito de atravessarem a JuliusNyerere na contramão e para o espanto de todos que estão cada vez mais cientes que a legalidade que o Senhor Presidente advoga começa da boca para fora e não nos seus actos. Não me desmilitarizo, Senhor Presidente. Se acaso cair em combate, há muitos outros que estão nesta batalha e de esferográfica em riste contra a mentira. Outros ainda nascerão dos melhores filhos do povo. Senhor Presidente, os mensageiros da verdade não se desmilitariza nunca, nem jamais se lhes deve voltar a tentar, pois que as sanguessugas devidamente identificadas estão na cara do povo.(Adelino Timóteo)
Posted on: Mon, 29 Jul 2013 19:34:26 +0000

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