Simpa e Cpers apoiaram invasão à Câmara, dizem seguranças O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre teria auxiliado com o fornecimento de alimentos e água durante o período da invasão à Câmara por integrantes do Bloco de Lutas, ocorrida no período entre os dias 10 e 18 de julho deste ano. A afirmação foi feita pelo chefe da Segurança da Câmara Municipal de Porto Alegre, Vadacir Ferraz de Lima, durante depoimento prestado, nesta terça-feira (29/10), à CPI que investiga os fatos que envolveram a invasão, os possíveis envolvidos no ato e os danos causados ao patrimônio público. Lima disse ter visto um automóvel, com a identificação do Simpa, ajudando no apoio logístico aos invasores. A Guarda (Municipal) foi testemunha. Os guardas filiados ao Simpa se sentiram ofendidos pelo gesto do Sindicato. Já o guarda municipal Gerci dos Santos Medeiros, que trabalha na Câmara desde junho de 1989, disse que o Cpers-Sindicato também prestou apoio logístico à invasão. Era como se fôssemos guardas de um presídio, mas tínhamos de colocar a preservação do patrimônio público acima de qualquer vontade de reagir. Quando há confronto, não há ocupação pacífica, é invasão mesmo, disse Vadacir de Lima. O ambiente era péssimo. Eles eram hostis aos vereadores, com palavras de ordem contra os parlamentares., relata Lima, que é funcionário efetivo da Câmara há 12 anos e chefe da Segurança desde janeiro deste ano. No momento de conflito pode acontecer qualquer coisa, era um barril de pólvora. A Casa ficou dominada pelos invasores. Não havia ameaça direta aos guardas (municipais), mas o clima era ameaçador. O plenário ficou à mercê dos invasores. Vereadores Sobre a possível colaboração e participação de vereadores no episódio, Vadacir de Lima disse não ter constatado envolvimento direto deles, apenas conversas com os manifestantes. Mas houve apoio de integrantes de gabinetes de vereadores. Eu não sei os nomes, mas saberia identificá-los. Gerci Medeiros confirmou os fatos narrados por Lima e afirmou que a invasão à Câmara não chegou a surpreender a Segurança da Casa. Tínhamos conhecimento de que eles (Bloco de Lutas) viriam com intenção de invadir. Tentamos dificultar a entrada deles, mas não tivemos êxito porque eram muitos invasores. Foi a pior situação que enfrentamos na Câmara. Não se sabia o que poderia acontecer. A medida mais certa foi a de negociar e não reagir. Não fomos hostilizados, mas havia um clima de medo. Medeiros também denunciou que haveria um comércio de drogas lícitas entre os invasores. De acordo com Vadacir de Lima, os funcionários que trabalhavam na Segurança da Câmara, no dia 10 de julho, perceberam uma movimentação atípica de integrantes do Bloco de Lutas na Casa. Ele conta que os manifestantes sentaram em grupos separados nas galerias do plenário, onde estava sendo realizada a sessão ordinária. Por vota das 15 horas, fechamos os portões de entrada da Câmara para que ninguém mais entrasse. Neste momento havia cerca de 30 integrantes do Bloco dentro da Câmara. Então, os vereadores começaram a receber muitos telefonemas reclamando do fechamento da Casa. Invasão Segundo o chefe da Segurança, por volta das 18 horas houve a invasão do plenário. Fizemos o trabalho de segurança, mas o processo era mais político do que de polícia. A orientação do presidente (Dr. Thiago Duarte) era de que os bens públicos patrimoniais fossem protegidos. Lima relata ainda que a Brigada Militar foi acionada pelo diretor-geral da Casa, mas não respondeu ao chamado. Eles não vieram. Não houve retorno nenhum aos contatos do diretor. O funcionário afirma que havia muita pressão para que fosse permitida a entrada de mais pessoas à Câmara. Ele conta que o presidente da Câmara relutou muito em reabrir os portões de entrada, mas acabou cedendo à pressão. Por volta das 20 horas os portões de acesso à Câmara foram liberados e entraram muitos outros integrantes do Bloco de Lutas. Permitimos a entrada a fim de evitar a derrubada dos portões. Lima confirmou a agressão ao repórter fotográfico Elson Sempé Pedroso e disse que foi formalizado um Boletim de Ocorrência sobre o episódio na Polícia. Ele também confirmou a restrição dos invasores ao trabalho da imprensa durante a invasão, havendo inclusive a expulsão de uma repórter do jornal Zero Hora, e garantiu haver provas sobre o consumo de bebidas alcoólicas e de drogas por parte dos invasores. Mas não havia como coibir esses atos, havia apenas dez guardas municipais para fazer a segurança da Casa. Eles (invasores) proibiram o ingresso da imprensa, cujos profissionais tiveram de ficar no lado de fora da Câmara. Não queriam ser filmados. Patrimônio Sobre possíveis danos ao patrimônio público, Vadacir de Lima disse que eles foram muito menores do que se esperaria caso houvesse um conflito. Não houve quebradeira. Houve pouca destruição e pouca coisa sumiu. Roubaram duas câmeras internas da Casa, isso foi documentado. E houve uma tentativa de arrombamento da sala da TV Câmara, mesmo momento em que aconteceu a agressão ao fotógrafo (Elson Pedroso). Eu estava no gabinete da Presidência, tentando contato com a Brigada Militar. O presidente não havia nos avisado que iria ao estúdio da TV. A conferência dos danos ao patrimônio, após a invasão, foi feita pelo diretor-geral da Câmara. O funcionário disse ter visto a presença de crianças dentro da Casa, junto aos invasores, mas não constatou o uso delas pelos manifestantes como forma de escudo a possíveis ações contra o movimento. Também informou que os profissionais da Segurança encontraram um coquetel molotov pronto para ser acionado embaixo de um automóvel no estacionamento aberto na ala leste. Coordenada pelo presidente da CPI, vereador Reginaldo Pujol (DEM), a reunião também teve as presenças dos vereadores Márcio Bins Ely (PDT), relator, Alceu Brasinha (PTB), Paulinho Motorista (PSB), Waldir Canal (PRB) e Valter Nagelstein (PMDB). -- Assessoria de Imprensa CMPA Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400) Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Posted on: Wed, 30 Oct 2013 16:02:26 +0000