Site de venda de drogas fechado pelo FBI era envolto em - TopicsExpress



          

Site de venda de drogas fechado pelo FBI era envolto em mistério Quase tudo sobre o Silk Road estava envolto em mistério. Ela surgiu em 2011 como um mercado online clandestino para usuários de drogas, um site no qual incontáveis variedades de maconha --bem como LSD, ecstasy e medicamentos de venda controlada-- podiam ser comprados de fornecedores de todo o mundo. As atividades do Silk Road se estenderam a outros bens ilícitos, tais como documentos falsificados, e o site logo se tornou uma versão mercado negro do eBay, no qual criminosos podiam executar transações com mais de 100 mil clientes. O mercado funcionava sob um princípio essencial: todo mundo permanecia anônimo. Os usuários só tinham acesso à rede por meio de software cujo objetivo é garantir o anonimato. Cartões de crédito e PayPal não eram aceitos. O meio de pagamento mais comum era a moeda virtual Bitcoin, e mesmo essas transações eram cifradas. Tudo que as conectava à vida real era um nome, muitas vezes falso, e o endereço ao qual o pacote devia ser enviado. E o cérebro que controlava o Silk Road era uma figura envolta em mistério, conhecida como "Dread Pirate Roberts", um personagem do filme "A Princesa Prometida". Mas o Silk Road deixou de funcionar esta semana e seu dono foi desmascarado: trata-se de Ross Ulbricht, 29, acusado em uma queixa criminal, entre outras coisas, de pedir que um homem matasse um dos comerciantes do Silk Road que havia ameaçado revelar as identidades de outros usuários do site. Em outro caso, Ulbricht é acusado de solicitar a um agente infiltrado do Serviço Federal de Investigações (FBI) que matasse um antigo funcionário do Silk Road que Ulbricht temia pudesse depor contra ele em um julgamento, de acordo com o indiciamento. Agentes do FBI seguiram Ulbricht a uma biblioteca de San Francisco na terça-feira, e o detiveram por acusações de tráfico de narcóticos e lavagem de dinheiro. O caso, que está sendo coordenado por promotores federais norte-americanos em Nova York, é parte de um esforço mais amplo das autoridades federais para policiar o comércio ilícito na fronteira da Internet. Alguns casos importantes anteriores envolviam principalmente acusados no exterior, o que torna ainda mais notável que o homem acusado de ser o responsável pelo Silk Road vivesse nos Estados Unidos, onde passou muito tempo sem ser detectado. Ele morava com os pais em Austin, Texas, até o final do ano passado, quando se mudou para San Francisco a fim de tirar vantagem do espírito empreendedor da cidade. "Sinto que o mundo está mudando", disse Ulbricht em uma longa discussão com um amigo de infância, Rene Pinnell, que os dois postaram como vídeo no YouTube, no ano passado. "Quero ver para onde vai toda essa tecnologia nova". Os objetivos dele incluíam formar uma família, fazer mais amigos e ter impacto positivo substancial sobre o futuro da humanidade, de acordo com o vídeo, que não menciona o Silk Road. Em entrevista telefônica na quarta-feira, Pinnell disse que "Ross é a pessoa mais honesta e de mais princípios que já tive a honra de conhecer". Falando das acusações do governo contra o amigo, Pinnell declarou que Ulbricht "jamais faria nada parecido". Ulbricht criou uma vida anônima em San Francisco. Alugou um quarto em um apartamento, e disse às duas pessoas com as quais dividia o imóvel que seu nome era Josh, segundo as autoridades. Um dos colegas de apartamento reportou que "Josh" estava sempre em casa, em seu quarto, com o computador ligado. E lá ele faturou muito dinheiro, segundo a queixa federal. O FBI conseguiu obter uma imagem do servidor do Silk Road na Web, que indicava que o site tinha receita de vendas de mais de 9,5 milhões de bitcoins, o que equivaleria hoje a US$ 1,2 bilhão, ainda que o valor fosse provavelmente inferior no momento das vendas, de acordo com a queixa. As bitcoins também contam com forte adesão da parte dos libertários mais jovens, e mais experientes no uso da tecnologia, que se sentem atraídos por uma moeda desvinculada de qualquer governo. De acordo com especialistas em tecnologia, o Silk Road era responsável por algo como a metade das transações envolvendo bitcoins. Os investigadores acreditam que Ulbricht tenha recolhido comissões de mais de 600 mil bitcoins, o equivalente a US$ 80 milhões, e estão tentando ganhar acesso a esse dinheiro. Até o momento, as autoridades confiscaram 26 mil bitcoins, o equivalente a cerca de US$ 3,6 milhões, das contas de compensação de transações por meio das quais os usuários do Silk Road realizavam suas compras e vendas. Em entrevista à revista "Forbes" em setembro, Dread Pirate Roberts, o pseudônimo que as autoridades dizem ter sido adotado por Ulbricht, falou do Silk Road como uma suposta perturbadora de normas sociais. "Estamos falando do potencial de uma imensa mudança da estrutura de poder no planeta", disse Roberts. "Agora as pessoas podem controlar o fluxo e a distribuição de informações e o fluxo de dinheiro. Setor após setor, o Estado está sendo excluído da equação". Mas parece que Ulbricht se esquecia de ocultar suas pegadas digitais, em certos momentos: os investigadores descobriram que sua conta pessoal de e-mail estava ligada a alguns esforços iniciais para promover o Silk Road. Os documentos judiciais apresentados sobre o caso deixam claro que as autoridades federais estavam atrás do Silk Road já há algum tempo. Agentes clandestinos realizaram mais de 100 compras de drogas de fornecedores no Silk Road, e os pacotes dessas compras chegaram a Nova York ostentando carimbos postais de 10 diferentes países. Steven Kalar, o encarregado da defensoria pública federal em San Francisco, disse que seu departamento representou Ulbricht em suas primeiras audiências com o tribunal federal de primeira instância, na quarta-feira. Kalar não quis comentar mais sobre o caso. Mas ao mesmo tempo que as autoridades federais norte-americanas lutavam para montar um caso contra o Silk Road, o mercado enfrentava ameaças internas. No começo do ano, um vendedor do Silk Road que usava o apelido FriendlyChemist começou a dizer a Ulbricht que "tinha uma longa lista de nomes e endereços de vendedores e compradores do Silk Road, obtida pela invasão do computador de outro grande vendedor do mercado", de acordo com a queixa. O vendedor ameaçava divulgar as informações a menos que recebesse um pagamento de US$ 500 mil. Ulbricht começou a trocar mensagens com um dos supostos credores de FriendlyChemist. Em uma delas, a queixa afirma, Ulbricht escreveu que "FriendlyChemist é uma ameaça e não me incomodaria que ele fosse executado". Ele repassou ao contato as informações que tinha sobre FriendlyChemist: um nome e o fato de que ele morava em White Rock, na Colúmbia Britânica, Canadá. A queixa afirma que Ulbricht pagou o equivalente a US$ 150 mil em bitcoins ao credor, conhecido dele pelo apelido redandwhite, para executar o homicídio. Mas o que aconteceu depois continua incerto, de acordo com documentos judiciais sobre o caso. Ulbricht recebeu "uma foto da vítima depois que o trabalho foi executado". Mas o agente Christopher Tarbell, depoente sobre cujo testemunho a queixa se baseia, diz que as autoridades canadenses não têm registro de um homicídio em White Rock ou nas cercanias, no período em questão. Em julho, investigadores do Departamento de Segurança Interna (DSI) norte-americano surgiram na casa de Ulbricht depois que uma busca rotineira em correspondência enviada do Canadá revelou alguns documentos falsificados de identidade contendo a foto e nome de Ulbricht. Ele não disse muito aos investigadores, mas sugeriu que, hipoteticamente, qualquer pessoa podia obter documentos falsificados de identidade em um site chamado Silk Road. Fonte: www1.folha.uol.br/tec/2013/10/1352065-site-de-venda-de-drogas-fechado-pelo-fbi-era-envolto-em-misterio.shtml
Posted on: Mon, 07 Oct 2013 10:49:47 +0000

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