Sob minhas asas, eu te prometo amor, nada te atingirá. Os dias cinzas são os que eu mais sinto sua falta. É tão difícil aceitar que por tanto tempo eu o tive ali, sendo inteiramente meu, e que em outro eu deveria fingir que nunca houve nada. Como se todos os dias nunca tivessem existido, como se nossas almas nunca tivessem sido uma única, e que no mesmo instante em que você partiu, a maior parte de mim também foi. É que às vezes a tua ausência me custa noites de sono e de sanidade, e a cada hora a esperança de te ver se torna um milhão de vezes menor. Eu ainda o amo, e creio o amar ainda mais em cada segundo. E até parece que você partiu ontem, porque teu cheiro e tua alma ainda estão impregnados em mim. São poucas as noites em que mantenho-me sóbria e nelas tua ausência é quase insuportável. Sinto saudade de como contemplávamos a lua e de como ela costumava ser nosso único lar. Eu ainda sinto teu cheiro. A tua cor e a tua luz invadem os cômodos da nossa casa todos os dias, e o quarto está ainda mais gélido que antes. As palavras engasgam-se em mim… E eu mal consigo as escrever. A minha caligrafia está sempre apressada e hostil, porque as palavras que o vento sussurra só me lembra você, e de como costumávamos nos amar. Há dias em que não há remédio que cure a tua falta, não há ópio que contorne a tua tristeza ao redor de meus lhos roxos e embriagados de saudade. Eu deixaria tudo se pudesse te ver, mesmo que de longe, por só um instante. A dor se tornaria mais suportável e a minha esperança se abriria como uma flor ao nascer e, talvez também murchasse como ela, sofrendo com o tempo. Eu acreditei que superaria e que os dias sem teu calor seriam iguais aos outros, e a verdade é que tudo foi uma enorme blasfêmia. A falta do teu amor me destrói, estilhaça-me sobre os azulejos gélidos de qualquer banheiro. É como se rasgassem a minha garganta com a navalha do teu silêncio. Você me tem e me destrói. E você nem era tão bom assim, por vezes, me pego pensando nas noites que me fez chorar. Mas meu por você sempre foi maior que a sua estupidez. Você era tudo o que eu tinha e tudo que me mantinha motivada a continuar respirando. Sem você eu só e mais nada. Tento preencher os vazios que você deixou, com outros beijos que não são os teus. E nem um bilhão deles faria eu me sentir melhor, como só um suspirar teu faria. Estou sempre clamando por socorro e por alguém que me desafogue desse teu mar de incertezas, você me dissipa como fumaça no ar, me desmorona, me invade e depois se esvai. Teu amor foi tudo o que sobrou da minha alma, e eu que tanto almejava a liberdade, desejo a prisão de ser dois. A solidão nunca me bastou e quando percebi que me afundava dentro dela lentamente, chamei por tantos, e você foi o único que me salvou. Mas você me parte ao meio, me revira e me retorce como se pudesse fazer o que bem entendesse comigo. Seu reflexo ainda é o meu e teu gosto ainda está em meus lábios que tremem de frio. Você me quebra. Ah amor, eu perdoaria por tudo se isso o fizesse voltar. Tua presença seria o suficiente. E saber que o vislumbre do teu rosto está tão próximo ao meu… Isso e bastaria por mil anos. E se um segundo a mais com você me custasse a eternidade, te juro amor, eu pagaria. E ainda lembro do quão orgulhoso e do quão amável você era. Lembro-me dos sonhos que aspirávamos e da forma que me beijava. De como batia suavemente na minha porta, entrando, cansado, encaixando-se entre meus lençóis com teu corpo frio. Teus dedos que percorriam minha face com delicadeza e que depois seguia seus lábios nos meus. Teus lábios indecifráveis e submersos aos meus, que eram tão seus… E quando você gritava com um só sussurro: ”Amor, eu te amo!” era como se o mundo inteiro fizesse silêncio só para te ouvir. Amor, eu largo tudo, eu pego um ônibus, vou para tua casa e nós fugimos. Casamos. Morremos de amor. Eu largo tudo se você voltar para os meus braços, se aconchegar em meu ninho, morar comigo, viver de amor.
Posted on: Sun, 08 Sep 2013 01:04:39 +0000
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