Surpreendentemente, nem tão surpreendentemente assim, pois esse - TopicsExpress



          

Surpreendentemente, nem tão surpreendentemente assim, pois esse jogo já é manjadíssimo, só o povo que anda anestesiado e ignorante precisando acordar desta letargia mental. DEZ CENTAVOS é humilhante, é joga na nossa cara o quanto somos escravizados. E hoje quando estamos fazendo a panfletagem para a manifestação o que acontece: COLOCAM ÔNIBUS DE 5 EM 5 MINUTOS, eu que fico das 18 h até mais ou menos 18 h e 45 m na parada de ônibus, pois não tem a menor condição de entrar. Fiquei surpresa ao ver, enquanto caminhava para a parada de ônibus, passar , entre às 18 h e as 18 e 15 h, nada mais , nada menos que CINCO ÔNIBUS , CINCO SENHORES E SENHORAS e se isso pode acontecer hoje, porque não nos outros dias??? A FLOR E A NÁUSEA Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjôo? Posso, sem armas, revoltar-me? Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse. Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. O sol consola os doentes e não os renova. As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase. Uma flor nasceu na rua! Vomitar esse tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres mas levam jornais E soletram o mundo, sabendo que o perdem. Crimes da terra, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Ração diária de erro, distribuída em casa. Os ferozes padeiros do mal. Os ferozes leiteiros do mal. Pôr fogo em tudo, inclusive em mim. Ao menino de 1918 chamavam anarquista. Porém meu ódio é o melhor de mim. Com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima. Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. mundovestibular.br/articles/192/1/A-ROSA-DO-POVO---Carlos-Drummond-de-Andrade--Resumo/Paacutegina1.html letras.mus.br/ze-ramalho/49361/
Posted on: Thu, 13 Jun 2013 22:18:40 +0000

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