São João Íamos de comboio como se fosse para o estrangeiro. O - TopicsExpress



          

São João Íamos de comboio como se fosse para o estrangeiro. O Pedro Coelho, o meu irmão, eu, o Zé Freitas. Havia namoradas. Nem sei quem lá estava. Íamos ter com o "Morte Lenta". Tínhamos entre 16 e 20 anos. Chegávamos ao Porto. Um calor que não se podia. "Luís Arma Estrondo", na Ribeira. A sede era tanta que as garrafas, Sagres, claro, eram de litro. Estávamos no Porto! O Porto para um "alfacinha" é outra coisa! Falam português, mas é "british", a aristocrata. Falam de uma maneira diferente. Dizem que os alfacinhas falam como ciganos. No Porto, abrem-se as vogais. Do outro lado era outra cidade. Mas aquela tinha sangue judeu e britânico. É a "inuicta"! A noite de São João foi aos 20 anos uma iniciação. Martelos pneumáticos, alhos porros, aquela pronúncia estonteante vinda de miúdas inacreditavelmente bonitas. Separámo-nos estrategicamente. Era meia noite e havia um calor como só vivi na Alemanha do sul. Não mexia uma palha. "Indústria". A Ribeira! Subíamos e descíamos. Sons de Punk Rock ou lá o que ouvíamos, porque éramos snobs! E a Galicia ali tão perto. Mais tarde houve as Antas e, claro, o Dragão. E vezes com conta em que no Porto, o Porto era a alegria! Diziam-nos que íamos perder. O Pepe respondia:- "mas o senhor é do Sporting?". E logo tudo era mágico. Alfacinhas do FCP. Demorou tempo a regressar a Lisboa. Estava eu, o Pepe e um pão enorme. Os amigos começaram a aparecer. O Pedro Coelho e a namorada, o Zé e a namorada. E o comboio partiu sem ter havido Hotel nem nada. Chegamos a Santa Apolónia. Ainda há aqueles martelos que parecem pneumáticos algures. Ou não. Talvez só na imaginação. Aquela pronúncia "mata-me".
Posted on: Sun, 23 Jun 2013 00:13:45 +0000

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