Só sei que nada sei. Sócrates 1. Considerações - TopicsExpress



          

Só sei que nada sei. Sócrates 1. Considerações Introdutórias Eis aqui a história e o pensamento do maior e mais marcante filósofo da história da filosofia ocidental: Sócrates (470-399 a.C.). Ele é tradicionalmente considerado um marco divisório da história da filosofia. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. Tal filósofo é por si só um problema filosófico. Isso porque não deixou nada escrito, enquanto a produção literária do seu tempo era abundante. Não fez carreira de professor, enquanto inúmeros contemporâneos seus aproveitaram o talento pedagógico e, apesar disso, foi um dos filósofos que mais influenciou o pensamento europeu. As notícias que temos de sua vida e de seu pensamento, devemo-las especialmente aos seus dois discípulos Xenofonte e Platão. Xenofonte, autor de Anábase, em seus Ditos Memoráveis, legou-nos de preferência o aspecto prático e moral da doutrina do mestre. Xenofonte, de estilo simples e harmonioso, mas sem profundidade, não obstante a sua devoção para com o mestre e a exatidão das notícias, não entendeu o pensamento filosófico de Sócrates, sendo mais um homem de ação do que um pensador. Platão faz dele o personagem central de seus diálogos, sobretudo Apologia de Sócrates e Fédon. Platão pelo contrário, foi filósofo grande demais para nos dar o preciso retrato histórico de Sócrates; nem sempre é fácil discernir o fundo socrático das especulações acrescentadas por ele. Seja como for, cabe-lhe a glória e o privilégio de ter sido o grande historiador do pensamento de Sócrates, bem como o seu biógrafo genial. Com efeito, pode-se dizer que Sócrates é o protagonista de todas as obras platônicas embora Platão conhecesse Sócrates já com mais de sessenta anos de idade. Sócrates nasceu em Atenas, Grécia, filho de um escultor e de uma parteira. Aprendeu a arte paterna, mas dedicou-se inteiramente a meditação e ao ensino filosófico. Recebeu uma educação tradicional: aprendizagem da leitura e da escrita a partir da obra de Homero. Quando estava na casa dos cinqüenta anos de idade, casou-se com Xantipa, com quem teve três filhos. Podemos dizer que Sócrates não teve, por certo, uma mulher ideal na quérula Xantipa; mas também ela não teve um marido ideal no filósofo, ocupado com outros cuidados que não os domésticos. Passou a maior parte da vida nas praças da cidade e nos mercados (ágora), conversando com as pessoas que lá encontrava, sempre dando demonstrações de que era preciso unir a vida concreta ao pensamento, unir o saber ao fazer, a consciência intelectual à consciência prática ou moral. Não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, cidadãos e escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas, de cada pessoa, pois essas condições eram indispensáveis ao processo de autoconhecimento. Sócrates faz profissão de ignorância e ensina aos seus ouvintes a procurar somente a verdade. Toda a sua obra foi, portanto, uma obra de conversão; procurou soerguer a razão, orientando-a para a verdade, isto é, para aquilo para o qual ela foi feita. Quanto à política, foi ele valoroso soldado e rígido magistrado. Mas em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que contrastavam com o seu temperamento crítico e com reto juízo. Julgava que devia servir a pátria conforme suas atitudes, vivendo justamente e formando cidadãos sábios, honestos, temperados. A liberdade de seus discursos, a feição austera de seu caráter, a sua atitude crítica, irônica e a conseqüente educação por ele ministrada, criaram descontentamento geral, hostilidade popular, inimizades pessoais, apesar de sua probidade. Entre as acusações contra Sócrates estava a de que ele estava introduzindo novos daimonions, novas entidades divinas. Em sua Apologia, Sócrates diz: “A razão (…) são aquelas acusações que muitas vezes e em diversas circunstâncias ouvistes dizer, ou seja, que em mim se verifica algo de divino ou demoníaco (…) uma voz que se faz ouvir dentro de mim desde que eu era menino e que, quando se faz ouvir, sempre me detém de fazer aquilo que é perigoso e que estou a ponto de fazer, mas que nunca me exortou a fazer nada”. Ou seja, o daimonion socrático era ‘uma voz’ que lhe vetava determinadas coisas, o que o salvou várias vezes de perigos e experiências negativas (Reale & Antiseri, 1990, p. 95). Ela não lhe revelava nada, apenas vetava algumas coisas que lhe eram perigosas. O daimonion socrático é algo muito específico que diz respeito muito particularmente à excepcional personalidade de Sócrates, colocando-se no mesmo plano de um tipo de mediunismo que se fazia presente em certos momentos de concentração muito intensa e em momentos de reflexão bastante próximos aos arrebatamentos de êxtase em que Sócrates (assim como ocorria com Buda, Plotino, Joana D’Arc, etc) mergulhava algumas vezes e que duravam longamente, coisa da qual tanto Platão quanto Xenofonte falam expressamente. O estado de ânimo hostil a Sócrates concretizou-se, tomou forma jurídica, na acusação movida contra ele por Mileto, Anito e Licon: de corromper a mocidade e negar os deuses da pátria introduzindo outros. Tinha ele diante dos olhos da alma não uma solução empírica para a vida terrena, e sim o juízo eterno da razão, para a imortalidade. E preferiu a morte. Declarado culpado por uma pequena minoria, assentou-se com indômita fortaleza de ânimo diante do tribunal, que o condenou à pena capital com o voto da maioria.
Posted on: Wed, 24 Jul 2013 07:35:52 +0000

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