TERCEIRA MANHÃ-ALMADA NEGREIROS Quando cheguei aqui o que havia - TopicsExpress



          

TERCEIRA MANHÃ-ALMADA NEGREIROS Quando cheguei aqui o que havia estava no fim e o que estava por vir andava disperso pelo sonho de alguns. Mas a maioria vivia o seu dia a dia e todos contentes por serem todos assim. Eles não davam pelo fim quanto mais pelo que já assomava mais além - isto que já começava nos sonhos de alguém. E foi terrível isto de viver o que há-de vir entre os que apenas usam o que ainda há. Era como se tivessem apostado todos em não me deixarem chegar ao que eu andava a sonhar. Enquanto pude fiz-me louco medido, destes que andam à solta sem ser preciso encerrá-los. Encontrei exactamente a medida de escapar à medida deles e sem estragar a medida de ninguém. Sem eu o saber fiz todo um método toda uma arte de atravessar a multidão. Fiz-me invisível no simulacro de mim. Mas guardava-lhes a surpresa que tinha guardada em mim. E foi aqui que eu me enganei: A minha surpresa só serve para mim e para o futuro e não cabe nestes dias de hoje que já foram os sonhados por outros. A minha surpresa ainda é só para mim ainda é só o meu sonho que já nasceu para mim e para o futuro e que tem apenas côr, côr que ainda não tem nome, nome que ainda não tem feitio, feitio que ainda não tem perfil, perfil que ainda não se desvenda, é apenas inconfundível, e apesar de ainda não estar registado apenas o tempo sabe que já aqui chegou. E aqui me tendes chegado ao único a que eu quis chegar: saber o sítio da estrela que ilumina o meu lugar. Oh estrela do meu sonhar! Sem a tua luz própria sem o teu distante cintilar tão fixo lá do teu lugar eu não podia chegar aqui o sítio do meu mistério. Aqui me tendes alfim chegado diante do meu próprio mistério. Agora tudo é concorde e imenso tudo se liga e conclui. Nada do que eu faço é ainda provisório como na minha meia vida de ontem, a metade de espera da nova metade que vale por duas! E assim tinha de ser: eu jamais saberia nada senão através das minhas próprias dimensões, senão à luz da minha estrela, à luz da aurora do meu mistério. Que o pobre do mundo clama para que desvendemos cada qual os nossos próprios mistérios!
Posted on: Fri, 16 Aug 2013 20:13:37 +0000

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