TRABALHANDO COM ALEGRIA Reaprendendo a Medicina Com as - TopicsExpress



          

TRABALHANDO COM ALEGRIA Reaprendendo a Medicina Com as melhoras crescentes, surgia a necessidade de movimentação e trabalho. Minha posição ali, contudo, era assaz humilde para me atrever. Os médicos espirituais eram detentores de técnica diferente. No planeta, sabia que meu direito de intervir começava nos livros conhecidos e nos títulos conquistados; mas, naquele ambiente novo, a medicina começava no coração, exteriorizando-se em amor e cuidado fraternal. Minha mãe comentava o serviço como se fora uma bênção às dores e dificuldades, levando-as a crédito de alegrias e lições sublimes. A esfera elevada, meu filho, requer, sempre, mais trabalho, maior abnegação. Não suponhas que tua mãe permaneça em visões beatificas, a distância dos deveres justos. Devo fazer-te sentir, no entanto, que minhas palavras não representam qualquer nota de tristeza, na situação em que me encontro. É antes revelação de responsabilidade necessária. Desde que voltei da Terra, tenho trabalhado intensamente pela nossa renovação espiritual. Muitas entidades, desencarnando, permanecem agarradas ao lar terrestre, a pretexto de muito amarem os que demoram no mundo carnal. Ensinaram-me aqui, todavia, que o verdadeiro amor, para transbordar em benefícios, precisa trabalhar sempre. Meu amigo - disse Clarêncio, afável -, doravante está autorizado a fazer observações nos diversos setores de nossos serviços, com exceção dos Ministérios de natureza superior. Henrique de Luna deu por terminado seu tratamento, na semana última, e é justo, agora, aproveite o tempo observando e aprendendo. O bônus-hora não é propriamente moeda, mas ficha de serviço individual, funcionando como valor aquisitivo. Em Nosso Lar a produção de vestuário e alimentação elementares pertence a todos em comum. Há serviços centrais de distribuição na Governadoria e departamentos do mesmo trabalho nos Ministérios. O celeiro fundamental é propriedade coletiva. Todos cooperam no engrandecimento do patrimônio comum e dele vivem. Os que trabalham, porém, adquirem direitos justos. Cada habitante de Nosso Lar recebe provisões de pão e roupa, no que se refere ao estritamente necessário; mas os que se esforçam na obtenção do bônus-hora conseguem certas prerrogativas na comunidade social. O espírito que ainda não trabalha, poderá ser abrigado aqui; no entanto, os que cooperem podem ter casa própria. O ocioso vestirá, sem dúvida; mas o operário dedicado vestirá o que melhor lhe pareça; compreendeu? Os inativos podem permanecer nos campos de repouso, ou nos parques de tratamento, favorecidos pela intercessão de amigos; entretanto, as almas operosas conquistam o bônus-hora e podem gozar a companhia de irmãos queridos, nos lugares consagrados ao entretenimento, ou o contacto de orientadores sábios, nas diversas escolas dos Ministérios em geral. Precisamos conhecer o preço de cada nota de melhoria e elevação. Cada um de nós, os que trabalhamos, deve dar, no mínimo, oito horas de serviço útil, nas vinte e quatro de que o dia se constitui. Os programas de trabalho, porém, são numerosos e a Governadoria permite quatro horas de esforço extraordinário, aos que desejem colaborar no trabalho comum, de boa-vontade. Desse modo, há muita gente que consegue setenta e dois bônus-hora, por semana, sem falar dos serviços sacrificiais, cuja remuneração é duplicada e, às vezes, triplicada. Este é o padrão de pagamento a todos os colaboradores da colônia, não só na administração, como também na obediência. Sei que seu espírito de pesquisa intelectual é muito forte. Médico estudioso, apaixonado de novidades e enigmas, ser-lhe-á muito fácil deslizar na posição nova. Não esqueça que poderá obter valores mais preciosos e dignos que a simples análise das coisas. A curiosidade, mesmo sadia, pode ser zona mental muito interessante, mas perigosa, por vezes. Dentro dela, o espírito desassombrado e leal consegue movimentar-se em atividades nobilitantes; mas os indecisos e inexperientes podem conhecer dores amargas, sem proveito para ninguém. Clarêncio ofereceu-lhe ingresso nos Ministérios, começando pela Regeneração. Pois bem: não se limite a observar. Ao invés de albergar a curiosidade, medite no trabalho e atire-se a ele na primeira ocasião que se ofereça. Surgindo ensejo nas tarefas da Regeneração, não se preocupe em alcançar o espetáculo dos serviços nos demais Ministérios. Aprenda a construir o seu círculo de simpatias e não olvide que o espírito de investigação deve manifestar-se após o espírito de serviço. Pesquisar atividades alheias, sem testemunhos no bem, pode ser criminoso atrevimento. Muitos fracassos, nas edificações do mundo, originam-se de semelhante anomalia. Todos querem observar, raros se dispõem a realizar. Somente o trabalho digno confere ao espírito o merecimento indispensável a quaisquer direitos novos. O Ministério da Regeneração está repleto de lutas pesadas, localizando-se ali a região mais baixa de nossa colônia espiritual. Não se considere, porém, humilhado por atender às tarefas humildes. Lembro-lhe que em todas as nossas esferas, desde o planeta até os núcleos mais elevados das zonas superiores, em nos referindo à Terra, o Maior Trabalhador é o próprio Cristo e que Ele não desdenhou o serrote pesado de uma carpintaria. O Ministro Clarêncio autorizou-o, gentilmente, a conhecer, visitar e analisar; mas pode, como servidor de bom senso, converter observações em tarefa útil. É possível receber alguém dos que administram, quando peça determinado gênero de atividade reservada, com justiça, aos que muito hão lutado e sofrido no capítulo da especialização; mas ninguém se recusará a aceitar o concurso do espírito de boa-vontade, que ama o trabalho pelo prazer de servir. Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá, relativamente ao trabalho. Quando o servidor está pronto, o serviço aparece. O trabalho, enfim... Nunca poderia imaginar o quadro que se desenhava agora aos meus olhos. Não era bem o hospital de sangue, nem o instituto de tratamento normal da saúde orgânica. Era uma série de câmaras vastas, ligadas entre si e repletas de verdadeiros despojos humanos. Tobias começou a aplicar passes de fortalecimento, sob meus olhos atônitos. Finda a operação nos dois primeiros, começaram ambos a expelir negra substância pela boca, espécie de vômito escuro e viscoso, com terríveis emanações cadavéricas. São fluidos venenosos que segregam - explicou Tobias, muito calmo. Narcisa fazia o possível por atender prontamente à tarefa de limpeza, mas debalde. Grande número deles deixava escapar a mesma substância negra e fétida. Foi então, que, instintivamente, me agarrei aos petrechos de higiene e lancei-me ao trabalho com ardor. O serviço continuou por todo o dia, custando-me abençoado suor, e nenhum amigo do mundo poderia avaliar a alegria sublime do médico que recomeçava a educação de si mesmo, na enfermagem rudimentar. Precisamos de pessoal de serviço noturno, porquanto os operários em função com os Samaritanos chegarão extremamente fatigados. Ofereço-me, com prazer, para o que possa aproveitar – exclamei espontaneamente. Tobias endereçou-me um olhar de profunda simpatia, mesclada de gratidão, fazendo-me experimentar cariciosa alegria íntima. Mas está resolvido a permanecer nas Câmaras, durante a noite? - perguntou, admirado. Outros não fazem o mesmo? - indaguei por minha vez - sinto-me disposto e forte, preciso recuperar o tempo perdido. Abraçou-me o generoso amigo, acrescentando: Pois bem, aceito confiante a colaboração. Não poderia explicar o que se passava comigo. Apesar da fadiga dos braços, experimentava júbilo inexcedível no coração. Na oficina, onde a maioria procura o trabalho, entendendo-lhe o sublime valor, servir constitui alegria suprema. Não pensava, francamente, na compensação dos bônus-hora, nas recompensas imediatas que me pudessem advir do esforço; contudo, minha satisfação era profunda, reconhecendo que poderia comparecer feliz e honrado, perante minha mãe e os benfeitores que havia encontrado no Ministério do Auxílio.
Posted on: Tue, 19 Nov 2013 03:26:38 +0000

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