TSUNAMI EMOTIVO: Tudo que não é sólido evapora-se no ar. A - TopicsExpress



          

TSUNAMI EMOTIVO: Tudo que não é sólido evapora-se no ar. A onda de eventos que tomou o Brasil nesta semana é como um tsunami emotivo e pouco político. As pautas de revindicações se diluíram e já não se sabe muito bem o porquê das pessoas nas ruas. Vi cartazes que pediam desde "vetar o som de funk alto" até "pela manutenção e sobrevivência da classe média". E a que mais me chamou a atenção foi uma dizendo que "Este não é um movimento político". Como? Hoje (18) na televisão, no programa Encontro, vi um ativista, que está à frente do movimento do passe livre, dando a entender que as confusões aconteceram porque a periferia começou a participar. Segundo ele, antes era um movimento de classes média e alta e de jovens e estudantes. Quase não acreditei no que ouvi! É a legitimação da segregação. As imagens da população ocupando o espaço público (principalmente as ruas sempre tomadas pelos automóveis) são bonitas e relevantes, não restam dúvida. No entanto, são vazias porque não dizem muito e perderam a proposta política (isso é se tiveram em algum momento). É difícil imaginar que os interesses de grupos conservadores possam estar afinados com os de grupos mais progressistas. A passeata passava uma pseudo-sensação que todos ali lutavam pelo mesmo ideal (qual?). Foi tão despolitizada que de repente placas neo-nazistas se postavam ao lado de pessoas que defendem os direitos de cidadania e da diversidade. Questionaria: O que nos une? O que nos separa? Contra o que lutamos? Qual o formato dessa insatisfação? Não tenho respostas. Tenho a sensação que o Facebook pulou para as ruas, fotografou e fez registros sociais e rapidamente vai voltar para o Facebook, recheando os álbuns de fotos. Será que é um movimento de coluna social? Ouvi muita gente dizer que precisava registrar para dizer que esteve lá. Foram poucos os comentários dizendo que era necessário registrar para mudar. A energia de toda essa multidão é muito forte, porém penso que ela irá aos poucos ser enfraquecida. Comparar esse movimento aos da Diretas Já é distorcer a história. Naquele momento havia um projeto idealizado de nação (que não se concretizou ainda). Havia uma certa coerência argumentativa. Contra o que lutamos? O que nos une? São perguntas que não calam. A mídia (enquanto Jornalismo) fica a reboque dos fatos. Primeiro era contra (chamava todos de vândalos); depois, em decorrência da truculência policial contra os seus, começou a chamar ativistas; hoje nem pra lá e nem pra cá. Sendo assim, a tendência é que aos poucos perca importância no noticiário. A Polícia Militar, aparentando despreparo, vai nos limites. Age com extrema truculência ou, como foi ontem, como criança birrenta não faz absolutamente nada. Simplesmente deixou de existir. O governador (o de São Paulo especificamente), que deveria ser responsabilizado pelos atos cruéis e de tortura da Polícia Militar, sempre faz uma cortina de fumaça sobre tudo. É a cara dos legisladores brasileiros que não modificam democraticamente o curso da história e mentem. Tenho a sensação que esse movimento teve a potência de uma Ferrari aplicada em um Fusquinha. Poderia ser uma proposta política de mudança, mas o que se tem ainda é ausência da política de fato no nosso cotidiano. Nós brasileiros precisariamos aprender a política nas escolas e nas universidades. Os nossos gestos estão desprovidos no cotidiano de política. Uma passeata sem o ideal da essência política, em seu sentido filosófico, antropológico e sociológico, é apenas um passeio pelas ruas. O passeio pela rua também tem a sua validade e também é um gesto, mas que se esmaece se não é acompanhado da essência política. (Ricardo Alexino Ferreira)
Posted on: Wed, 19 Jun 2013 18:18:15 +0000

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