TUDO MUDA APÓS O PLAY Aprendi uma coisa, temos que ser artista - TopicsExpress



          

TUDO MUDA APÓS O PLAY Aprendi uma coisa, temos que ser artista no cotidiano. Tive sorte em encontrar com pessoas dispostas a transformar e valorizar o setor cultural em Manaus e conexões globais. Algumas ficaram pelo caminho e outras divido a minha vida até hoje. Naquela época, para realizarmos nossa primeira atividade, lembro que passamos uns seis meses em planejamento até definir o que seria. Eram tantas cabeças com ideias criativas e uma vontade de expor a diversidade. E foi no dia 09 de dezembro de 2006 que a classe artística manauara do teatro, dança, música, audiovisual, artes visuais e literatura, 68 artistas, apresentavam uma outra proposta para o cenário cultural da capital amazonense. Alguns continuaram os encontros e mais tarde esse grupo formaria o Coletivo Difusão. Resgato ainda na memória a necessidade em ter um espaço para trocar ideias, realizar atividades e ser um espaço de residência cultural por excelência. O tempo passou e utilizamos por alguns anos a casa de uma das pessoas para seguir em frente. Eu sou da época do bairro da praça 14, em uma casa lá no fundo do quintal. Nesse espaço se editaram filmes, reuniu uma galera para planejar mostras de curta metragem, shows, eventos, participar e colaborar em atividades de outros movimentos como o do audiovisual e do Hip Hop. Depois mudamos para outros endereços como o bairro da Aparecida, Cachoeirinha até chegarmos ao Centro da cidade. O diálogo e o respeito foram um dos pontos de partida para toda construção. Buscamos nas gerações anteriores a reflexão necessária para continuar nosso processo. Todos as ações tinham como princípio serem gratuitas, com um valor acessível, com possibilidade de apresentação da diversidade artística que existia na cidade, ocupação do espaço público e da periferia. A Mostra de Videodança, por exemplo, chegou até o bairro da Carbrás e a gente nem tinha patrocinador, nosso estímulo partia da necessidade de quebrar barreiras e construir possibilidades. Em cima da dificuldade geramos possibilidades. Em outra atividade fomos expulsos pela PM por utilizar um viaduto, mesmo com todas condições de produção e documentação necessária para realizar a atividade. Um integrante do Coletivo Difusão viajou para Rio Branco onde ficamos estimulados pelas experiências brasileiras existentes no campos da cultura. A intenção era apenas apresentar o Coletivo Difusão, mas por acreditarmos nos mesmos valores e princípios acabamos aderindo ao FORA DO EIXO. Isso possibilitou mudanças significativas para gargalos encontrados em dinâmica e um dimensionamento das ações locais realizadas. Evoluímos a partir dos processos sistematizados pela rede. Ferramentas como Compacto.TEC, modos de gestão coletiva, planejamento se torna o DNA de um Fora do Eixo. E tudo isso era feito na tentativa de acerto e erro, como na dinâmica da vida. Todo esse processo foi realizado por meio da formação livre. E olha que naquele momento alguns integrantes cursavam a universidade tradicional, mas o que era realizado no coletivo era algo extremamente laboratorial, livre, nivelado quando falamos em processo de transmissão de conhecimento. A adesão à rede tornou possível a realização de projetos em rede, circulação de agentes e bandas, reflexão sobre gargalos da região Amazônica. O coletivo se tornou um ponto que possibilitou o intercâmbio, a distribuição, a circulação, o agenciamento, a reflexão sobre o fomento e a produção. Ampliamos o festival que vinha na contra mão de políticas culturais estabelecidas na cidade. Nem acreditei quando fechamos a Avenida Eduardo Ribeiro juntos com o Movimento Negro no dia da Consciência Negra em cruzamento com a rua 10 de Julho (no ano de 1884, deram liberdade aos escravos da então Província do estado). O movimento integrou artes, culturas, vidas. O Fora do Eixo radicaliza e apresenta outra forma de viver, ou sobreviver de maneira coletiva. Lutamos por 2% do PIB para cultura para todos, mas queremos uma cidade melhor, um país melhor, um mundo melhor. Queremos melhorias nos setores públicos como educação, saúde, meio ambiente e tantos outros. Temos claro o conceito de cultura como algo transversal a todos esses setores. Estamos disputando uma sociedade e entendemos a Cultura consegue oxigenar ações políticas desacreditadas por algumas pessoas. Volto no tempo e recordo do III Congresso Fora do Eixo em Uberlândia/MG. Pude assistir outras possibilidade e construções do modo de produção que me estimulou a tomar decisões fundamentais e importante para minha vida. Uma delas foi largar meu emprego e me dedicar exclusivamente a ações no campo sociocultural e ambiental. Copio aqui um relato de um dia que vivi durante o encontro com outros agentes no interior de Minas Gerais em 2010. …. "O barulho na porta e o toque do despertador no celular anunciavam mais um dia de encontro, trocas de experiências e conhecimentos diversos. No café da manha os participantes do III Congresso Fora do Eixo iniciavam perguntas que ao longo da semana serão debatidas. A curiosidade era tamanha que perguntas sobre a cena de cada coletivo, os modos de gestão, as novas perspetivas, os modos de organização. Tais reflexões e questionamentos saíram do salão do café da manhã, atravessaram pela recepção da hospedagem e chegaram a Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Enquanto os participantes esperavam o início das atividades, uma ação efêmera aglutinava os coletivos como imã em vários locais da UFU para realização de trocas de CDs, DVDs, camisetas, adesivos, cartilhas, revistas. Os participantes aproveitavam o momento para conhecer de perto a produção dos diversos coletivos do FDE. No Centro de Convivência, local da primeira atividade do dia, uma Feira de Economia Solidária reunia banquinhas com colares, artesanatos, brinquedos, bolsas, doces e lanches. Cartazes anunciavam “Aceita-se CARD”. Essa chamada abria um espaço circulação de uma outra dinâmica econômica a partir de moedas como: Lumoeda, Palafita Card, Goma Card, Cubo Card, Marcianos e Patativa – moedas do Fora do Eixo. E foi nessa feira que utilizei a moeda social pela primeira vez. Câmera ligada aqui, participantes twittando ali, fotógrafos clicando e iniciava a mesa de ECONOMIA SOLIDÁRIA, SUSTENTABILIDADE, ECONOMIA CRIATIVA E CULTURA com os debatedores Daniel Tygel e Cláudio Prado e mediação de Yoshiaki Shimbo. Tygel provocou para o debate sobre Economia Solidaria enquanto Prado destacou a sustentabilidade dos coletivos do Fora do Eixo. Pausa para o Almoço. Um pequeno intervalo para sombra e água fresca. Mais tarde de volta as discussões, os participantes foram divididos em grupos para discutir o tema SUSTENTABILIDADE. Como é a gestão dos Coletivos? Quais os tipos de financiamentos? É publico ou privado? O coletivo é pessoa física ou jurídica? Quais as linguagens desenvolvidas? Quais são as parcerias? Existe uma moeda complementar? Estes foram os questionamentos levantados para um breve mapeamento dos coletivos. Provocações e debates foram intensos, mas existia um momento para jantar. Os Grupos de Discussões levantaram debates sobre a dedicação exclusiva dos agentes nos coletivos, banco de horas, trocas e intercâmbio, participação em editais como meios para sustentabilidade dos coletivos. Os grupos encerraram as atividades do dia, mas não a discussão. Os diferentes grupos socializavam suas percepções e assim a conversa chegou onde estávamos hospedados encerrando mais um dia. Ops! o dia não encerrou para quem tinha gás. Uma galera esticou a programação do #congressoFDE e foi conferir os shows no espaço VINIL. …. O Fora do Eixo com todos seus agentes optaram em se conectar para estabelecer uma rede colaborativa, que vive a ECONOMIA SOLIDÁRIA, O ASSOCIATIVISMO, O COOPERATIVISMO, O EMPODERAMENTO DOS SUJEITOS, O RESPEITO À DIVERSIDADE, cria ESPAÇO PARA INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE e ATONOMIA. Substituímos o trabalho pela vida. Quem já frequentou uma Casa Fora do Eixo sabe como somos. Eu moro na Casa Fora do Eixo Amazônia e aqui refletimos bastante sobre a nossa região e a importância da região para o desenvolvimento do país. E a importância do Brasil para apresentação de uma proposta global no século 21. Tudo isso debatemos diariamente na nossa cozinha, no chat com agente de outras regiões, nos festivais, com os movimentos sociais, nos fóruns. Temos gargalos a serem superados e estamos chutando a bola pro alto, levantando a TAG, positividade, pois estamos falando de mudança. Bombamos o estímulo para superar o dia a dia. E o dia a dia desgasta, mas aqui no Fora do Eixo sempre tem alguém que levanta pra cima e afirma que vivemos o nosso tempo e temos capacidade de provocar transformações reais. E me sinto feliz em viver no FDE. Sou caboclo, tuíra, criado no peixe com xibé desse Brasil Profundo que é a Amazônia. Ninguém me prendeu ou escravizou até hoje. Sou Livre. Exerço minha cidadania global. Sou cidadão brasileiro e luto por melhorias para cultura, e também para construção de uma sociedade mais justa e participativa. Sou Fora do Eixo e vivo no mundo possível.
Posted on: Fri, 09 Aug 2013 04:42:59 +0000

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