Tem gente que não suporta ver o outro feliz. Vivem sérios e carrancudos. A seriedade é uma doença, e o mais sério dos animais é o burro. Ninguém lhe tira, nem com chibata aquele semblante cabido de mágoas recônditas. Há nele o perfil do pseudo-sábio da faculdade: sabe tudo e discorda de todos. É parecido com aquele calouro sistemático obcecado pela prova da OAB, que é o grau superior acima dos mortais; com seu pedantismo obscuro, como o candidato ao Senado Federal, eleito pela perfídia de eleitores bajuladores!... Ô, você, você que não quer me ver feliz... Tenho-te um recado... O burro é assim: triste por fora e infeliz por dentro, porque não pode rir como eu posso sorrir. Tu não podes igualar-me na faculdade de rir, que é exclusiva dos homens, e não das hienas. Tu só sabes reclamar, chorar, com umas exultações ferozes tão autênticas como os gemidos insidiosos dos sapos. Xô, cururú!... A partir de hoje não discuto mais contigo. Tu tens sempre razão... A partir de hoje só tenho olhos no curso das estrelas e do sol, as flores e a lua.... E tudo aquilo que os apaixonados sonham... Estou agora mudo, surdo e cego para os especialistas-em-estragar-sonhos: vocês morreram para mim. Diante de mim, não há mais lei, nem império.
Posted on: Wed, 31 Jul 2013 00:23:51 +0000
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