Tentando dar um pouco de clareza às coisas: 1. Para QUALQUER - TopicsExpress



          

Tentando dar um pouco de clareza às coisas: 1. Para QUALQUER país do mundo, dispor de um contingente de 4 mil médicos para enviar a alguma nação estrangeira não é, de forma alguma, coisa ordinária. 2. A opinião pública brasileira está sendo condicionada a nada ver de implausível no fato de que os 4 mil referidos venham de Cuba, que amiúde se apresenta como uma eficientíssima fábrica de médicos (até altamente qualificados), que trabalham "por amor" e não por dinheiro (nem, supostamente, também por medo). Além disso, ao se tentar transpor a situação para o Brasil (na hipótese, digamos, de se desejar o envio de 4 mil médicos brasileiros a algum lugar do mundo), muitos já dirão que não seria possível, não por causa de dificuldades logísticas intrínsecas, mas devido ao fato de que os médicos brasileiros são mimados e egoístas. 3. O profundo amor ao regime cubano, capaz de motivar milhares de médicos a deixarem em casa suas famílias para atender a uma solicitação do governo por uma ninharia (se bem que - a confiar nos dados oficiais - com uma ajuda de custos para a família que não obteriam de outro modo), e à custa de uma intensa e permanente vigilância, estranhamente não é manifestado por QUALQUER cidadão de Cuba que não esteja - voluntária ou compulsoriamente - comprometido com o regime castrista. Mas tais opiniões podem ser prontamente descartadas como "mentiras reacionárias", pois o governo de Cuba goza, como todos sabem, do monopólio exclusivo da verdade, merecendo unicamente os relatos de seus adeptos confiança a priori. Idem para reportes do estágio maravilhosamente avançado da medicina cubana. 4. Para um país que forma em média 300 médicos por ano, é de supor que 4 mil médicos poderiam fazer falta. 5. Os funcionários do governo cubano estão sendo contratados, para exercer função idêntica à de médicos brasileiros por um salário consideravelmente inferior ao destes, o que viola a legislação brasileira. 6. A diferença será paga ao governo de Cuba, o que quer dizer que os brasileiros sustentarão, com seus impostos, um governo que não elegeram para o que faça com o dinheiro o que bem entenda. 7. Os mesmos funcionários não serão submetidos a exame de revalidação de diploma, pondo-se, mais uma vez, em situação de desigualdade, do ponto de vista trabalhista, em relação aos trabalhadores brasileiros (nas transferências regionais) e de outras nacionalidades - o que, mais uma vez, caracteriza ilegalidade. 8. Na falta do referido exame, única garantia da formação dos profissionais enviados é dada pelo governo cubano, principal beneficiário de todo o programa. 9. A logística da operação é realizada, no Brasil, não pelo ministério da Saúde, mas pelo ministério da Defesa, e inclui treinamento militar para os profissionais enviados às áreas de fronteira. 10. Os funcionários contratados pelo programa, como foi dito, serão intensamente vigiados por outros funcionários do mesmo regime que os enviou, tendo a sua liberdade no país severamente limitada. 11. O governo brasileiro anunciou que não concederá asilo político aos cubanos que queiram, porventura, desertar. No que parece falar sério: já negou asilo a atletas cubanos, e agora está a negá-lo a um senador oposicionista boliviano, enquanto concede-o a um criminoso procurado internacionalmente, tudo com base em afinidades ideológicas. 12. Na Venezuela e na Bolívia, há precedentes de ocupação de vagas em diversos setores por funcionários cubanos. Os representantes políticos do executivo desses países estão ligados, por acordos internacionais, aos do governo brasileiro, havendo registros claríssima de interferência estrangeiras nos processos políticos de todos eles, também de modo flagrantemente ilegal. É bom reparar que o governo brasileiro já anunciou a possibilidade de programas semelhantes para trazer professores e engenheiros ao país. 13. Não há nenhuma evidência clara de que o programa, mesmo que traga, de fato, profissionais competentes, ajudará a resolver os problemas da saúde pública no Brasil. Além de haver corrupção, falhas de gestão, e políticas claramente ineficientes e abusivas que nada indica que estejam em vias de cessar, há uma crise estrutural que não está, de modo algum, relacionada à falta de médicos. Médicos não atuam sozinhos, nem com as mãos nuas: consultas médicas encaminham para exames e procedimentos, e já não há estrutura para realizar os exames e procedimentos solicitados pelos médicos efetivamente empregados, gerando as intermináveis filas de espera. Além do mais, o dinheiro investido no programa (a ser embolsado principalmente pelo governo de Cuba) poderia ter sido utilizado em políticas mais eficientes, por meio de formas mais equilibradas de gestão (atendendo melhor, inclusive, às demandas dos próprios profissionais da saúde). A manobra em questão tem claro caráter populista e eleitoreiro. 14. MESMO se concedêssemos que a medicina cubana é, como alguns querem dar a entender, a melhor do mundo (e há fortíssimas evidências de que seja, na verdade, muito ruim - mas sempre se pode fazer um filtro de fontes e confiar cegamente nos defensores de um governo ditatorial e frontalmente contrário a todo tipo de transparência); MESMO que o governo cubano pudesse ostentar um certificado infalível de boas intenções; MESMO que soubéssemos que esses profissionais são, de fato, qualificados, e que a sua vinda será substancialmente benéfica À saúde pública no Brasil; mesmo assim, as inúmeras irregularidades compreendidas em todo o processo seriam o suficiente para levantar fortíssimas objeções. Mas todos estão muito ocupados em acusar os médicos brasileiros de riquinhos mimados e corporativistas e em fazer caso de declarações preconceituosas idiotas (do tipo que, a cada dia, se produz aos cântaros, em todos os lugares e setores) para prestar atenção a tão míseros detalhes.
Posted on: Fri, 30 Aug 2013 13:41:09 +0000

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