Texto da coluna de opinião do Fórum de 27 de Agosto- EM - TopicsExpress



          

Texto da coluna de opinião do Fórum de 27 de Agosto- EM MEMÓRIA DA VIDA É o tempo do silêncio! A morte visitou-nos, vestida de vermelho, de sirenes, de carros todo-o-terreno, de homens, de mulheres, de pais, de filhos e de órfãos. Perante a tragédia, o bom senso manda ao recolhimento e à dor sentida na revolta. Ingenuamente perguntamos como foi possível! É óbvia a responsabilidade dos centros de decisão. Conhecem os remédios e os métodos. Teimam em não os aplicar. É que entre o ter e o haver contabilístico, fica mais barato compensar umas quantas mortes de bombeiros e ir alimentando o apetite voraz das empresas de meios aéreos, do que preparar racionalmente o país para a propensão que tem para os incêndios. Entretanto vão gemendo as nossas sirenes e assistimos à triste procissão dos eleitos que se perfilam “sentidamente” perante urnas eternamente fechadas, que aguardam passivamente pelo murchar das suas flores! Triste espetáculo! A hora da auto- crítica é substituída pelo fraque escuro dos vendedores de promessas que se perfilam perante o gemido silencioso daqueles a quem a dor tirou a voz! São esses vendedores de promessas que no passado, na altura da sementeira das decisões políticas, vendiam convincentemente a sua preocupação em apoiar os bravos voluntários, que deixam família e empregos para defenderem as vidas e os bens dos outros. São esses mesmos que negoceiam as parcas estruturas de apoio ao combate, trocando betão pelo risco acrescido, estruturas que poderiam fazer a diferença nas operações, pela possibilidade da reação rápida e de proximidade. Mas não! Quando se tomam as decisões políticas, quando não troveja, que são uns quantos bombeiros perante o peso das multinacionais? Pouco ou nada! São uns rapazes que ganham dinheiro com o transporte de doentes e que portanto, podem ver os subsídios e apoios reduzidos. Gente hipócrita! Quando da nossa última intervenção, nesta coluna, com o texto intitulado “A água ou falta dela”, escrevíamos o seguinte: Contudo, merecem estes novos empregos que se destrua uma infraestrutura importante e em funcionamento [aeródromo], frequentemente utilizada como apoio aéreo de proximidade ao combate dos incêndios florestais? Que explicação poderá ser dada se ocorrer um grande incêndio como aquele que dizimou toda a encosta da Serra há uns anos largos? O resultado de um sinistro daquela magnitude vai ser medido pelo intervalo de tempo, entre a ativação dos meios em Castelo Branco e o ataque efetivo. Pois bem, entretanto sucumbe o Pedro Rodrigues e arde a serra a 23 de Agosto. Premonição? Não. Apenas o bom senso! Aquilo que o mais comum dos covilhanenses percebe não foi percebido pela elite! Percebem contudo, que lhes cabe o show off do corre-corre para o palco das operações, do aparecer a todo o custo nas ondas das rádios e das camaras da televisão. Que perda de tempo! Nada podem fazer agora! Deveriam, por respeito, abandonar o local e recatarem-se. Não o fizeram na devida altura, agora, são empecilhos e deveriam ceder lugar àqueles que se dispõem abnegadamente a salvar-lhes o canastro. Depois, sem escrúpulos vão passando a mensagem nos media das compensações de sangue a serem pagas, assinalando que estão acima do exigido por lei. Grande orgulho! Municípios há em que as compensações são o dobro das nossas e bem perto de nós! Acordem! Morreu uma pessoa! Nem todo o dinheiro do mundo compensa a sua falta! Não envergonhem a cidade falando de dinheiros enquanto caem as lágrimas! Tendo dificuldade em encontrar as palavras certas, calem-se! Não digam nada! Oiçam o gemido da sirene que exige o respeito pelos mortos e o compadecimento pelos vivos! Perguntem aos que oferecem a vida o que podem fazer mais! São eles os sábios! Contudo, muitos já se aperceberam que apoiar no concreto os bombeiros é uma questão da mais elementar justiça. Há quem, vivendo com as dificuldades da conjuntura, prescinda de funiculares, de elevadores, de pontes esquisitas. Neste tempo de vacas muito magras, guardam o dinheiro para aquilo que é verdadeiramente importante. Guardam as flores para mais tarde! Perdeu-se uma vida. Era sangue do nosso sangue! O mais revoltante é verificar que é mais uma vida que se perde em vão. Da sua dádiva, não são retirados ensinamentos para o futuro e infelizmente, não tardará que o gemido das sirenes ecoe novamente nestas encostas por um outro Pedro qualquer! Fazemos votos, que o futuro permita que a sirene não “gema” nunca mais e que o Pedro possa finalmente descansar em paz. Fica sentidamente este “hino” para o nosso Pedro! “ E em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;” Luís de Camões, Os Lusíadas, I,1
Posted on: Mon, 26 Aug 2013 21:15:50 +0000

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