Texto parcial de uma carta enviada em anexo a um email ao Dr. - TopicsExpress



          

Texto parcial de uma carta enviada em anexo a um email ao Dr. Pedro Passos Coelho em 15 de Novembro de 2011, emitida por um dos fundadores do Partido Inter Pares: ------------------------------------------------------------------------ Na minha modesta opinião, as soluções entretanto adoptadas a nível internacional, de pouco ou nada têm servido para acalmar os ânimos e devolver a confiança aos mercados, e ainda menos para dar às economias a sustentabilidade necessária. Ninguém acredita que o perdão de dívida ou injecções parcelares de capital consigam reanimar os países em sérias dificuldades. Isto tudo, agravado pelo facto dos que se sentem penalizados pelos perdões ou contribuições em que incorrem, sem nada terem feito para merecer esse desígnio, agravado pela inexistência de garantias de sucesso. Por estes motivos, permita-me que exponha o seguinte: “Se num conjunto de países que partilham a mesma moeda existir um desequilíbrio motivado pelo excessivo défice de alguns dos envolvidos, uma possível solução para esta situação poderá eventualmente passar pela emissão de moeda que seja entregue e compense, não só os deficitários, mas também os demais países, que de outra forma seriam directamente prejudicados. A título meramente exemplificativo e partindo de um exemplo teórico de países que caracterizaremos por A, B, C e D, aos quais corresponderiam hipoteticamente populações de 10, 20, 30 e 40 milhões de pessoas, cada um deles respectivamente com expressões financeiras de +100, +50, -20 e -50 mil milhões de euros, em que se pretende “eliminar” as deficiências de liquidez do país C e D, sem prejudicar directamente A e B, pergunto-me se a solução mais eficaz não passaria por criar moeda, partindo da maior das necessidades per capita e daí estendendo equitativamente a distribuição aos demais. Imaginemos que neste caso em concreto se pretende criar condições para que o país D, com um défice per capita de 1.250 euro (50.000.000.000 € / 40.000.000 pessoas), o maior dos enunciados (C tem um valor de -666,66 euros per capita), consiga “pagar” a sua dívida, ficando com um remanescente de 25% do montante em dívida (ou outro qualquer), para investimento e desvios decorrentes da desvalorização pela emissão de moeda. A D, teriam de ser entregues 50.000.000.000 * 1,25, a que corresponderiam 62.500.000.000 euro. Desta maneira, D poderia sanar as suas dívidas e ficar com alguma liquidez que lhe permitisse reorientar e dinamizar a sua economia. Para que A, B e C, não sejam prejudicados, há que compensá-los, entregando-lhes o valor proporcional, que em D, depois de efectuado o ajustamento de 25%, corresponderia a 1.562,50 euro per capita. Assim sendo, a A entregar-se-iam 15.625.000.000, a B 31.250.000.000 e a C 46.875.000.000 (valor per capita = adiantado a D). Desta maneira, C conseguiria igualmente liquidar o seu défice, beneficiando do excedente para investimento, e todos partiriam de uma posição equivalente à inicial, com a grande diferença da erradicação total da dívida. Obviamente que neste exemplo é desprezada a riqueza primária de cada um dos envolvidos, daí podendo decorrer outros desequilíbrios menores, que não seriam literalmente problemáticos, tendo em conta os benefícios advindos. Nesta situação em particular, haveria necessidade de proceder a uma emissão de moeda no montante de 156.250.000.000 euro, correspondente à soma das partes acima descritas. Esta solução implicaria necessariamente uma desvalorização do euro, proporcional ao valor emitido sobre o total de moeda em circulação, com alguns impactos em contratos vigentes, que teriam de ser considerados em análises mais aprofundadas. Por outro lado, a desvalorização da moeda, também daria um outro alento às exportações e aos mercados, pelo que a curto prazo os benefícios advindos da implementação de tal medida haveriam de ser substancialmente superiores aos inconvenientes iniciais. Na verdade, a situação líquida real de cada uma das partes manter-se-ia praticamente inalterada, já que ao valor acrescido individualmente, corresponderia uma equivalente desvalorização dos activos subjacentes, mas, o que seria mais importante, é que, nem A, nem B, necessitariam de proceder a perdões injustificados de dívida, que teriam sérias implicações, sem um contributo decisivo para a resolução das situações financeiras deficitárias e para a reconquista de confiança, imprescindível à estabilidade e crescimento dos mercados.” Perdoe-me V. Excelência o atrevimento, mas acredito que por vezes é necessário darmos o nosso contributo, ainda que incorramos na possibilidade de fazer figuras menos agradáveis. --------------------------------------------------------------------- O email foi rececionado, mas não teve resposta. Três semanas mais tarde, um artigo do jornalista Paulo Pena, relativo a uma entrevista a Stuart Holland e Yanis Varoufakis, dois consagrados Professores de Economia, publicado na página 90 da revista Visão de 08 de Dezembro de 2011, cujo último parágrafo se transcreve abaixo, levou a um reenvio da carta, numa tentativa de alerta para uma eventual solução que evitasse aquilo que hoje sabemos que só serviria para atrofiar a economia portuguesa. --------------------------------------------------------------------- Último parágrafo do artigo do jornalista Paulo Pena, intitulado "Eurobonds são um combate de boxe na sombra", publicado na página 90 da revista Visão de 08 de Dezembro de 2011: Esteve nos EUA. Como viram a proposta? YV: Em Wall Street, andam todos muito assustados. Assistem ao que se passa na Europa como um caminho, «científico», para a destruição. Sugerem que o BCE crie uma quantidade limitada de dinheiro para ser distribuído por todos os Estados, numa base per capita. Alguns países, como a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e Itália, poderiam usar esse dinheiro para se financiarem. Outros países pode­riam constituir um fundo soberano. Foi uma resposta muito construtiva. --------------------------------------------------------------------- Exatamente a mesma solução que tinha sido proposta a Pedro Passos Coelho, cujo email mais uma vez, não teve sequer direito a resposta. Obviamente que, a par da execução desta proposta, teriam de ser tomadas medidas que corrigissem os principais motores do défice. A verdade é que teria sido muito mais fácil ultrapassar uma crise com algum dinheiro para investir do que o percurso penosamente ridículo que percorremos até hoje e que, a continuarmos assim, não se augura nada de bom para os próximos anos. Pedimos desculpa por parte do texto estar ao abrigo do NAO e outra não, que se deve ao facto de terem sido elaborados com dois anos de diferença.
Posted on: Fri, 19 Jul 2013 19:00:19 +0000

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