Texto sensacional sobre essa polêmica frase do "eu falo o que - TopicsExpress



          

Texto sensacional sobre essa polêmica frase do "eu falo o que penso" .. vale a pena conferir, assim como todos os textos do meu amigo Zelósofo! Ultimamente tem sido bastante comum ouvir a frase "eu falo o que penso". Quando isso acontece, um sinal amarelo aparece pra mim. Isso porque tal ideia geralmente é colocada em um contexto onde certa opinião pode causar transtornos, mas nem por isso se cogita deixar de dizê-la. Assim, ninguém se valerá dessa afirmação pra concluir "você está belo" ou "você realmente é muito educado". Geralmente a mensagem se pretende uma verdade desagradável, mas que merece ser trazida à tona. Pois bem. Agora vamos ponderar um pouco. Primeiramente, somos seres humanos. A condição humana é espetacular em suas contradições. Ao mesmo tempo em que somos a espécie com maior capacidade cerebral conhecida na natureza, ainda guardamos características primitivas conosco, como a auto-proteção e o medo, existentes em dose bem maior que a necessária. Com isso, muitas vezes as coisas que passam pela nossa cabeça não são exatamente um pensamento, mas apenas uma reação, um impulso. E nós não pensamos o impulso; ele não é o resultado logico de uma sequencia racional de reflexões. A tendência do impulso é te arrebatar, constituindo um fenômeno não pensado em grande parte das vezes. Dentro dessa ordem, não ceder à um impulso deveria ser uma omissão mais valorizada do que desembestar a despejar todo e qualquer dado que venha à sua mente. Como diz o ditado, o homem é dono do que cala e escravo do que fala. Nem tudo que vem à mente é pensamento. Às vezes é só a sua reação enquanto animal falho ainda em evolução. E quanto a esse tipo de informação (impulsos), acredito haver mais mérito em não falar de pronto, para só se manifestar após uma verdadeira meditação sobre aquele assunto. A proposta não é desprezar da nossa intuição, mas sim desconfiar dela e saber que só será um pensamento após exercitar a reflexão quanto àquele tema. Da próxima vez que você ler ou ouvir alguém dizendo que fala o que pensa, vale questionar: será que isso realmente foi pensado, enfrentou algum tipo de reflexão? Ou é só mais uma reação instantânea, dessas que nos dominam e costumam não ser objeto de aprofundamento? Existem sinais pra se averiguar se é uma coisa ou outra. O tom de voz é o principal deles. A pessoa quando descontrolada geralmente transmite essa instabilidade emocional pra voz. Outros indícios de que é um impulso são a linguagem corporal e a velocidade com que se conclui algo sobre determinado assunto. Claro que não são dados absolutos, a garantir por si só essa distinção aludida entre pensamento e impulso / reação. São evidências que precisam ser analisadas no contexto em que foram empregadas. Existe um indício curioso sobre como essa história de falar o que pensa estar associada a impulsos e reações imediatas, e não a pensamentos propriamente ditos. Já repararam que em 99,9% dos casos a pessoa que usa a frase em debate está apontando para o erro dos outros, e não para os próprios? Isso se dá porque ninguém reage de maneira tão enfática - e pública - aos próprios erros. Dificilmente você escutará por aí: "olha, eu falo o que penso, e a verdade é que eu sou um grande egoísta". Seria interessante, mas não acontece. Mas talvez eu esteja errado. Afinal, uma reação só é possível depois de uma ação, e assim somos impulsivos mais facilmente quando o equívoco vem de fora. Bem, não deixa de ser interessante que nos dedicamos tão mais a julgar os outros do que a nós mesmos. Vale frisar: a proposta não é desprezar a intuição humana. Muitas vezes as informações mais úteis lhe serão passadas por um meio inadequado, de maneira atabalhoada e igualmente imprópria. Na minha visão, o cerne é que um pensamento deve ser percebido com atenção e respeito redobrados, já que o indivíduo dedicou atenção e energia àquela atividade. Enquanto quem vive à reagir costuma mais errar do que acertar em suas avaliações. Por tudo isso, de repente a frase mais adequada em muitos casos seja "eu falo o que sinto". Ou melhor: "falo o que sinto sobre você", já que quase nunca se trata de uma auto-crítica. E como sempre podemos estar errados, tanto em impulsos como em intuições e pensamentos, a frase final que ocuparia a célebre "eu falo o que penso" seria: "Eu falo o que sinto sobre você, mas minha conclusão pode estar equivocada". Isso sim traria paz ao mundo! Sonhar não custa nada...
Posted on: Thu, 22 Aug 2013 04:23:44 +0000

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