Tivemos mesmo um encontro com o Senhor? vejamos a Conversão de - TopicsExpress



          

Tivemos mesmo um encontro com o Senhor? vejamos a Conversão de São Paulo e comparativamente reflitamos na nossa ... “ Vi o Senhor, apareceu-me, mostrou-Se também a mim.” Com estas palavras, São Paulo descreve o seu encontro com o Ressuscitado. Mas o que aconteceu realmente na estrada de Damasco? A conversão de S. Paulo foi um momento determinante na vida da Igreja primitiva, e certamente por este motivo, São Lucas, nos Atos dos Apóstolos, relata-a por três vezes, At 9, 1-22; 22, 4-16; e 26, 9-18. Não descreve nenhuma modalidade do encontro com Cristo. Apenas uma evidência: esta descoberta aconteceu por um dom gratuito do Pai. Foi Ele que lhe revela Seu Filho e lhe confia a missão de O anunciar entre os pagãos. O mais tocante é que São Paulo não refere, nas suas Cartas, nenhum fenómeno extraordinário ligado ao acontecimento de Damasco. Do evento, ele apenas relembra o profundo significado espiritual, o choque que foi para a sua vida, a iluminação interior que daí derivou. Antes ele conhecia Jesus, por “critérios humanos” (2Cor 5, 16), seguia a lógica dos homens e da instituição judaica: considerava-O um derrotado, um amaldiçoado por Deus. Confiava na salvação pela circuncisão, pela observância impecável das prescrições da lei. A partir do momento em que encontrou o Ressuscitado, todos estes critérios de avaliação se invertem: aquilo que para ele constituía um título de glória, tornou-se “lixo” (Fl 3, 7-10). Esta “descoberta” foi fruto de uma intervenção gratuita de Deus. Esta é a única verdade que S. Paulo quer sublinhar. Ele faz uma experiência profundíssima de encontro com o Cristo. Saiu dela transformado: de perseguidor tornou-se Apóstolo. Todo o fenómeno da sua conversão é sem dúvida um ponto de referência para toda a nossa caminhada espiritual. S. Paulo antes de ter tido contato com Jesus era um homem orientado pela cultura judaica. Depois de ter sido chamado por Cristo foi capaz de aceitar o desafio, tendo consciência de que tudo aquilo que defendera antes era sombrio e falso. Foi perseguido, inumeras vezes preso, e alvo de tentativas de assassinato. Passou por muitas dificuldades, andou escondido das autoridades. Tinha como consolo de todo o sofrimento físico, a paz interior de que o que fazia era o bem e que a mensagem de Jesus devia ser conhecida por todos. Sào Paulo podia não ter “acolhido” a interpelação de Jesus e continuar sendo o fariseu Saulo perseguidor dos cristãos. Podia manter a sua vida fácil e sem problemas até porque a maioria da sociedade o apoiava, sem falar das autoridades. No entanto, percebe o alcance da sua missão e o poder que lhe é confiado e resolve enfrentar tudo e todos, inclusive a desconfiança dos outros Apóstolos de Jesus, seguindo sem dúvida, o caminho mais difícil e árduo, o do Bem. Oportunidades e experiências análogas se repetem ao longo da nossa vida. Se converter não significa esquecer os erros cometidos, pois eles permanecem, não podem ser apagados, mas podem ser resgatados com uma inversão de rumo, com uma mudança de direção na vida, com uma transformação radical do modo de ver e de julgar, de operar e de amar. As escamas que caem dos olhos do Apóstolo Paulo parecem indicar o “véu” que cada um tem diante dos olhos, véu esse que nos impede de ver em Jesus, o Messias de Deus, tal como os Judeus (2Cor 3, 14-16). A São Paulo o Senhor abre os olhos de uma forma prodigiosa, e Ele está pronto a repetir para cada um de nós esse mesmo prodígio… “Abrir-lhes os olhos, para que não andem mais às escuras, mas tenham luz” (At 26, 18). São Marcos, no seu Evangelho, descreve uma cena grandiosa: o Ressuscitado “apareceu aos onze discípulos quando eles estavam à mesa. Censurou-os por não terem fé e pela sua teimosia em não acreditarem nas pessoas que já O tinham visto ressuscitado” (Mc 16, 14), depois enviou-os a todo mundo para levar a Sua Boa Nova. No entanto, S. Paulo, que não fazia parte desse grupo, foi certamente o mais ativo, o mais empenhado dos apóstolos. Se identificarmos a adesão a Cristo com a prática de alguns ritos e cerimônias religiosas, é fácil encontrar “crentes”. Mas quando se entende o que significa realmente “ter fé em Cristo”, quando se toma consciência de que é necessário mudar radicalmente as escolhas de vida, então o número de “crentes” se reduz bastante. Na Igreja primitiva nem todos entenderam imediatamente que o Mestre queria que o Seu Evangelho fosse anunciado em todo o mundo. Muitos estavam convencidos de que a salvação fosse reservada aos Judeus. Também os Apóstolos tiveram dúvidas, perplexidades e hesitações, quando se tratou de batizar os primeiros pagãos e de entrar nas suas casas. Paulo não, depois da sua conversão teve muito claramente a ideia da universalidade do Evangelho, e a este anúncio dedicou a sua vida. Na carta aos Romanos, São Paulo mostra que a redenção diz respeito a cada ser criado: “ o mundo todo espera e deseja com ânsia essa manifestação de Deus aos seus filhos…na esperança de ser libertado da escravidão e da destruição” (Rm 8, 19-21). Que sentido tem falarmos do mundo que deve ser “libertado”? Libertado de quem? Quem o mantém na escravidão? Todos nós movidos pelo egoísmo, pela sede de poder, pela procura a qualquer custo do prazer, pela nossa auto-suficiência. É assim que toda a criação é submetida à escravidão do pecado e da destruição. Contudo, o mandato de Cristo permanece, “ ide e anunciai!” O Papa João Paulo II disse: “não tenhais medo da oposição do mundo! Jesus garantiu-nos, “Eu venci o mundo!” (Jo 16, 31); também não tenhais medo da vossa fraqueza e das vossas incapacidades! O Divino Mestre disse: “Estarei convosco até ao fim do mundo” (Mt 28, 20). Comunicai a mensagem da esperança, da graça e do amor de Cristo, mantendo sempre viva, neste mundo que passa, a perspectiva eterna do Céu. “ O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram, o coração do homem não pressentiu, isso Deus preparou para aqueles que O amam.” (1 Co 2, 9). Pe. Luiz Maurício Cardoso Lemos
Posted on: Mon, 23 Sep 2013 21:31:16 +0000

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