Trecho do livro Iniciação - Viagem Astral - João Nunes Maia - - TopicsExpress



          

Trecho do livro Iniciação - Viagem Astral - João Nunes Maia - Lancellin Percebíamos, com grande nitidez, os meridianos, como riscos de luz, girando em todo o corpo. Em alguns pontos, a energia se enroscava, coagulando e interrompendo a pulsação da energia cósmica, nas vias que deveriam estar livres, para a boa harmonia do todo. Nesse momento, começou o parto espiritual, se assim podemos dizer. A irmã já estava flutuando acima do corpo físico, com forte tendência à liberdade. O nosso guia parou de dar explicações, e deixou que a nossa candidata saísse sozinha. Afastamo-nos, e ela começou a se levantar. Vista do nosso lado, ela era mais linda ainda; sorria para nós, nos vendo a todos, e avançou beijando as mãos de Padre Galeno, pedindo a sua bênção. Ele a abençoou. Estando ajoelhada, ele levou a mão à sua cabeça e falou com bondade: - Levanta-te, minha filha, pois também faço parte dos humanos e pertenço à Terra, tendo muito a corrigir, diante das virtudes que devo granjear. Ela, naquele arroubo de concentração, pareceu não ter notado o gesto de humildade do Padre Galeno, que acrescentou: - Somente Jesus é o nosso Mestre e Guia de todas as horas. A irmã de caridade levantou-se e a sua primeira preocupação foi a roupa; deu uma olhada rápida nas suas vestes, e logo recompôs os tecidos que desejara. Fiquei observando, ao lado de Celes, e comentamos sobre a grandiosidade da força mental. Eis aí um grande segredo a se desvendar: tudo na criação obedece a essa força divina, na formação das coisas. O duplo da roupa de dormir se transformou em outra que ela desejara, ou melhor, cedeu lugar para a segunda. A velocidade dessa mudança escapou à nossa percepção, tal foi a rapidez. Vamos passar a chamar a nossa irmã de caridade pelo número Onze. Alguns aprendizes nos acompanhavam e a eles era dada muita atenção, correspondendo às suas necessidades. Todos nós conversávamos um pouco com eles, formando assim um clima de fraternidade invejável. Eles, em geral, perguntavam muito, no que eram todos atendidos, naquilo que podia ser respondido. Onze estava ao meu lado, mas na hora da partida, ela pediu licença e passou para o lado de Kahena, dando-lhe a mão, e partimos em serviço do Cristo. Em pleno espaço, eu não tirava os olhos da irmã, no sentido de observar o cordão de prata que partia da base do seu crânio; porém, notei que ela, inquieta com a minha observação, falara algo ao ouvido de Kahena, que, serenamente, respondeude tal modo q ue eu pudesse escutar também: - Irmã!... Lancellin é um nosso companheiro, cujo trabalho é muito espinhoso; ele está anotando tudo o que vê e sente, e pergunta constantemente, porque está formando um livro que irá ser editado no mundo em que vives encarnada. Podes ficar descansada, pois ele é dos nossos. Confia, não há nada demais. Além disso, ele está passando por testes, para ver se consolidou a sua reforma interna, que não pode ficar somente na teoria. Não confias em Deus, em Cristo? Em nós que somos os teus companheiros de muito tempo? - Ela sorriu balançando a cabeça, tranqüilizou-se. Descemos em uma cidade que muito agradou ao meu coração: Florianópolis. Demos entrada em uma casa espírita. Olhei para os companheiros; faltava a Onze. Tornei a olhar: não estava, também, o Padre Galeno. Voltei e vi os dois conversando na entrada. Como já ficara estabelecido que em meu trabalho eu poderia ter participação em todos os assuntos, a não ser quando avisado antes, aproximei-me para ouvir a conversa: a irmã não queria entrar no centro espírita, por causa da sua formação religiosa. Esse era o seu argumento: - Padre Galeno... O senhor me perdoa. Não quero, e nem posso, censurar a tua entrada nesta casa. O senhor tem condições, mas eu devo me retirar. Eu sou Católica Apostólica Romana, e não fica bem para mim aí entrar, sem as devidas ordens da nossa irmã superiora que, tenho certeza, não vai me conceder essa permissão. Não estou preparada, desculpa-me. Padre Galeno, meditando sobre o assunto, tomou uma feição de seriedade e falou, ponderando: - Irmã, a casa de Deus tem muitas moradas. Não te lembras do que disse Jesus? Pois bem, essa é uma das moradas do Senhor. Há diversidade de sentimentos, como existem variadas classes evolutivas, e Deus, sendo todo bondade e amor, não iria deixar de dar assistência em toda parte. Foi como fez o nosso Mestre: conviveu com as mais variadas classes de pessoas, comendo com os publicanos, tomando parte em variadas festas de núpcias, onde os convivas se alegravam com o vinho, chegando a multiplicá-lo, quando faltou, conversou com a mulher adúltera, buscou Maria Madalena no antro da perdição, não deixou de orientar o maior perseguidor do cristianismo, Saulo de Tarso. Como nós vamos nos recusar a ajudar onde a necessidade nos convoca em nome deste mesmo Mestre? Ela ouviu tudo com humildade, e olhando para o Padre Galeno, chorando, falou com meiguice, mas decidida: - Padre, perdoa-me. Não posso aceitar o teu convite, mesmo sabendo que o senhor é, para mim, um anjo. A minha consciência não aprova o desrespeito às regras da casa de que faço parte. Sei que o teu coração vai me conceder permissão para me retirar, e para tanto, beijo as tuas mãos e peço desculpas. Eu já estava ali meio agitado, por ouvir aquilo. Não era possível tanta humildade, tanto amor, tanta beleza espiritual, com tamanha ignorância. A minha mente estava inquieta, querendo perguntar. Naquele momento, Kahena chegou junto a nós, sorridente, o que descontraiu um pouco a situação, e Padre Galeno olhou para ela, que abraçou a irmã e saiu para devolvê-la ao lar. Pensei em ir atrás, mas a curiosidade arrastava-me para o centro espírita. Virei-me para o padre para novas indagações, mas ele se antecipou, esclarecendo: - Lancellin! A deficiência, meu filho, ronda todos nós. Essa irmã tem ótimas qualidades, tanto que é nossa assistida, e ela está melhorando. Deves saber algo sobre o condicionamento de regras e idéias do meio onde vivemos. Ela sofre desse mal. Essa auto-hipnose pelas regras da vida apaga o raciocínio e esconde os tesouros do coração; no entanto, o progresso é força poderosa e, no momento exato, a represa não comportará a água da Verdade e se quebrará com o empuxo da dor. Achei maravilhosa aquela fala! Padre Galeno continuou serenamente: - Olha, Lancellin, isso aí está enquadrado na descoberta do grande fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov, prêmio Nobel da Paz em 1904, que, observando as glândulas de um cão, descobriu uma verdade que age até entre os anjos: o condicionamento das idéias. Condicionamos idéias certas e erradas, dependendo da linha evolutiva a que pertençamos. Nós respeitamos as decisões tomadas por todas as almas, porque somente Deus, o nosso Pai Celestial, pode interferir, por saber a hora de ajudar mais.
Posted on: Fri, 08 Nov 2013 10:11:45 +0000

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