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Três patetas em excursão Em certo momento, ele abriu os braços e pôs-se a girar muito lentamente, dirigindo-se a toda a extensão do que nos cercava, dizendo que seu espírito então inebriado de energias e impregnado de irradiações cósmicas podia abranger as colinas azuis na distância como também abarcar as árvores muito vivas do outro lado e o horizonte restante, nem sempre com coisas muito bonitas além de um aglomerado de barracas e gente preguiçosa, mas isso, registre-se, não foi ele quem disse. Inspirou profundamente o ar e, dando continuidade ao que parecia estar sussurrando como numa prece, declarou: – Aqui a gente verdadeiramente entende finalmente o que de fato é na verdade o real sentido da vida – isto finalizando com todas as letras e aprofundando-se ainda num longo e eloquente suspiro. Cândido e Clemente cerraram placidamente os olhos. Inspiraram, como ele, a brisa muito pura. – E qual é? – perguntei. O homem, como interrompendo o suspiro em seu último estágio, voltando-se com serenidade: – Qual é o quê? – O sentido. – Sentido? – O sentido da vida, o senhor disse. – Ah! O sentido... – falou, já respirando como todos. – Sim. Primeiro pense “sim”. Diga “sim” a si mesmo. O sentido, veja bem, reside em valorizar a simplicidade e as pequenas coisas, perceba. E encontrarmos nelas um sentido maior para a existência, e isso é algo que nem sempre podemos compreender, entenda. Pois tudo está ligado de alguma forma, embora o homem moderno se recuse a acreditar, sem saber que com essas suas teimosias é que vai sofrendo males em seu íntimo, acabando vítima de angústia acentuada, frustração sublimada, solidão ensimesmada e até câncer. Porque tudo está ligado entre si, e toda a ordem cósmica realiza-se a cada instante através dessas pequenas coisas, reflexo que são das dimensões maiores a nível espiritual, mesmo que alguém sempre o negue – concluiu, arrematando com essa levíssima indireta. – Só isso? – Pois então. Perceba bem. Sendo todos nós parte do universo, o sentido verdadeiro e de fato profundo reside em que somos irmãos das estrelas e primos das árvores, pois fazemos parte do cosmos a que pertencemos e, sendo assim, veja, a magia que reside por trás de nossa espiritualidade cósmica transcende nossa visão apenas limitada da natureza que nos cerca, entenda bem. – Ahn... – fiz eu alongando o som do monossílabo e ensaiando uma expressão muito serena também.
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 12:36:09 +0000

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