Tu és fascinação, sempre Agora o braço não é mais o braço - TopicsExpress



          

Tu és fascinação, sempre Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço, / um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: / desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, / um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida. / Agora retiram de mim a cobertura de carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos / em fios luminosos e aí estou pelo salão, pelas casas, pelas cidades, / parecida comigo. / Um rascunho, uma forma nebulosa feita de luz e sombra / como uma estrela. Agora eu sou uma estrela. Elis Regina Há mais de tres décadas ela se encantava. Perdíamos a nossa voz. A voz que encantou e passou feito um furacão como bem disse a sua biógrafa Regina Echeveria. Começou cantando boleros e depois passou a cantar a nossa mais autentica música BRASILEIRA. Cantando o Bêbado e o Equilibrista ela cantava o nosso hino em tempos de abertura politica. O Brasil sonhava com a volta do irmão do Henfil e na corda bamba passamos feito um equilibrista por décadas DE EXCEÇÃO E TORTURA. Ela era a Pimenta que fazia tremer os alicerces do conformismo. Linda, pequena e louca cantou como ninguém. Foi a maior cantora do Brasil. Revelou talentos que depois iriam brilhar na constelação dos maiores astros da canção brasileira. Cantou Fagner e Belchior em início de carreira. Milton Nascimento, João Bosco e Renato Teixeira tiveram o privilégio de ouvir suas canções interpretadas por essa voz única. Arrebatadora. Em 1982 quando Elis faleceu aos 36 anos de idade, eu não tinha televisão. Não fazia questão. Comprei uma para ouvir os especiais sobre a sua meteórica carreira. Assisti alguns de seus shows. Inesquecíveis. Depois dela ninguém com mais autenticidade e força. Ela é síntese perfeita maior de todas as cantoras do Brasil. Como numa brincadeira DE RODA DANÇOU CIRANDA. Como num bolero de satã ela penetrou no céu da nossa música que nunca mais seria a mesma. Com Jair Rodrigues mostrou muita bossa. Com Tom Jobim gravou um dos maiores discos da MPB, Elis e Tom (1974). Deitou e rolou cantando quaquaraquaquá de Baden Powell e Paulo Cesar Pinheiro. Quando Elis morreu há trinta anos, perguntávamo-nos meus Deus, como? Ficamos órfãos. Vida, que vida? Quem matou Elis, era a pergunta. E a resposta que não podia calar; FOMOS NÓS. Não, Elis jamais morreu e será sempre a porta-voz de uma época que tivemos o privilégio de viver e ouvir essa voz transversal de todos os tempos. Como nossos pais, caminhamos. Como todas as mulheres Elis cantou a canção de Ana Terra e Joyce: ESSA MULHER. De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres Pelos filhos, pelo pão Depois sorri, meio sem graça E abraça aquele homem, aquele mundo Que a faz assim, feliz De tardezinha essas menina se namora Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal Ah, como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista Isso tudo é muito bom E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia qualquer dia Entender de ser feliz De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah, como essa louca se esquece Quanto os homens enlouquece Nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça E agradece ao destino aquilo tudo Que a faz tão infeliz Essa menina, essa mulher, essa senhora Em que esbarro toda hora No espelho casual É feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural. Damata
Posted on: Tue, 13 Aug 2013 04:29:20 +0000

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