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UM TEXTO QUE VALE A PENA SER LIDO POR TODOS: Apenas 0,03% dos brasileiros são ricos, diz estudo do IPEA Valor Econômico RIO - Apenas 0,03% da população brasileira habita o topo da pirâmide da distribuição de renda do país, constata o sociólogo Marcelo Medeiros, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que há três anos se dedica a estudar o outro extremo da desigualdade no Brasil: a riqueza. Medeiros calcula que os mais ricos somam poucos milhares - algo como 10 mil - " pouco mais do que cabem nas cadeiras especiais e camarotes do Estádio do Maracanã " . Os números de Medeiros levam em conta não apenas a renda do trabalho, mas também a renda do capital que engorda boa parte da conta bancária dessa elite, aqui e no exterior. Esse grupo minúsculo, segundo ele, tem renda familiar mensal per capita acima de R$ 15 mil (a preços de setembro de 1999). Atualizado pela variação do INPC desse período, esse valor seria de R$ 22,65 mil atualmente. Nesse microuniverso, os estudos de mobilidade social mostram que ela é curta. "Muita gente se move e se move muito pouco, principalmente em direção ao último andar da pirâmide de renda" , diz o sociólogo. Suas observações e pesquisas - que tiveram como base sua tese de doutorado "O que faz os ricos, ricos" integrarão um pacote de três estudos a serem divulgados em breve pelo Ipea - , indicam que para se alçar o estrato dos muito ricos as barreiras da mobilidade social são quase blindadas. Para quem se dispuser ao desafio de entrar nesse clube fechado a cor da pele já ressalta como uma forte barreira. "Este grupo é majoritariamente branco e só tem 4% de negros". Outro destaque é a educação, aqui entendida como uma educação de elite que vai além do nível superior comum de ensino. Um conjunto privilegiado de relações sociais e a herança familiar também funcionam como filtro para quem quiser alcançar o paraíso dos "megarricos" , localizado principalmente na região Sudeste. Nas contas de Medeiros, é difícil avaliar quanto essas pessoas abocanham da renda per capita total do país, mas estima que é uma parcela equivalente a bem menos da metade dos 14% da renda per capita total em poder dos 1% mais ricos da população. Este grupo aglutina 1,7 milhão com renda familiar mensal per capita a partir de um piso de R$ 2,17 mil de renda familiar mensal per capita (a preços de setembro de 1999 - o que corresponderia a R$ 3,27 mil hoje) e detêm mais renda que metade da população brasileira, pois somadas as rendas dos 50% mais pobres, o resultado não supera 12% da renda per capita total disponível. Movendo-se mais na distribuição, como destaca Medeiros, descobre-se que os 5% mais ricos detêm um terço de toda a renda e os 10% possuem aproximadamente metade dela. Para o sociólogo, essas informações justificam a necessidade de se estudar os estratos de maior poder aquisitivo no Brasil, pois este conhecimento ajuda na costura de políticas redistributivas para reduzir a desigualdade. Ele critica o fato de se estudar pouco a questão da riqueza no país. O que pode ser explicado por razões " técnicas " de dificuldades de acesso aos dados que informam sobre a renda do capital, por exemplo, privilégio dos ricos. Também não existe pesquisa sobre o patrimônio das famílias. " Nunca vi nenhuma instituição financiar pesquisa sobre ricos no Brasil. O Brasil está entre os melhores países do mundo em estudos sobre a pobreza, mas em matéria de estudos sobre riqueza estamos no zero " . Medeiros só vê uma saída para melhorar o atual quadro de desigualdade de renda no Brasil. Ou seja, tirar dos ricos para distribuir para os pobres. Mas, tal coisa nunca aconteceu, pois como chegou a levantar, as elites econômicas são as mesmas elites de poder e uma política distributiva capaz de reverter a desigualdade tem que partir do Estado. " Se as elites se fundem, não vão prejudicar a si mesmas, comprometendo seu futuro com políticas distributivas? " , indaga. Por isso, é mais fácil passar legislações no Congresso concedendo benefícios para reduzir a pobreza, como políticas compensatórias do tipo bolsa família. O sociólogo não se coloca contra estas iniciativas mas avalia que elas não têm grande impacto sobre a desigualdade. O crescimento econômico por si só também pouco altera o problema, avisa. " Se a gente repetisse as taxas de crescimento do milagre econômico da década de 70 levaríamos décadas para reduzir a pobreza em menos de um terço da atual " , realçou Medeiros. Segundo avalia, apenas no caso de acontecer um crescimento a taxas estáveis de 6% ao ano, o que significaria repetir duas vezes consecutivas o " milagre " , sem piorar a distribuição de renda, a incidência da pobreza ficaria abaixo do patamar dos 10% da população. Sua conclusão é que, no Brasil, a desigualdade não só é elevada como também extremamente estável, como revela o comportamento do índice de Gini brasileiro, que pouco se moveu do patamar de 0,60 nos últimos 40 anos. " Somos ainda uma sociedade caracterizada por um pequeno grupo de gigantes de altura descomunal (os ricos) que marcham ao fim de uma longa parada de nanicos (os pobres) " , completou, usando a metáfora da Parada de Pen, desenvolvida para representar a distribuição de renda no Reino Unido. www1.uol.br/economia/valor/ult1913u2947.shl
Posted on: Wed, 17 Jul 2013 00:44:17 +0000

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