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UMA REFLEXÃO SOBRE UMA TRISTE ESTATÍSTICA Refletindo sobre o artigo postado pelo irmão Carlos Roberto, a respeito da falta de preparo teológico de 85% das igrejas evangélicas em vários países do mundo decidi escrever. Não escrevo sobre esse problema em âmbito mundial, mas sobre algo muito semelhante que ocorre aqui no Brasil. A falta de preparo da maioria dos nossos líderes evangélicos. Creio que no Brasil temos uma porcentagem parecida de pastores não formados, a maioria neopentecostal e pentecostal clássica. Diferentemente das igrejas protestantes históricas, com quadros obrigatoriamente formados em seminários de nível acadêmico, muitos desses homens e mulheres também vivenciam problemas ligados a educação e acesso a informação, como os demais em países da janela 10/40. Sem querer me aprofundar nas questões sociais, tão conhecidas e debatidas, prefiro expor o panorama ideológico que fomentou esse quadro aqui no Brasil. A Péssima formação é um problema histórico. Não é exclusivo dos pentecostais, é verdade. Parte desse não acesso também é fruto de anti-intelectualismo. Esta tendência, vista como demonstração de piedade, não é só franciscano ou medieval. Vem da Antiguidade. Um exemplo disso foram os monges parabolanos no século V, se não me engano, que destruíram a biblioteca de Alexandria, dizendo que os livros eram pagãos e tudo conhecimento ali armazenado era do demônio. Apenas vemos isso novamente com outra roupagem. A roupagem evangélica. Tal comportamento contribuiu de forma nefasta para a compreensão do Evangelho entre nossos compatriotas e também em todo mundo, além das heresias como teologia da prosperidade e confissão positiva, é claro. No nosso meio, principalmente pentecostal, isso foi tão comum. Tem gente que ainda repete isso. Fruto da ignorância teológica já mensionada. Quantas vezes já vi um irmão que estuda e prepara em casa a mensagem, ser ridicularizado pelos demais, chamado de frio. Pretensamente piedosos dizem: Varão, deixa o Espírito falar! Usam, de forma sofrível e horrenda, como desculpa para o analfabetismo exegético, o texto de Lc.12: 11 e 12, que afirma que não devemos nos preocupar com o que vamos dizer, porque o Espírito Santo irá inspirar. O texto claramente fala do comportamento do crente durante audiências judiciais nas sinagogas e tribunais romanos, quando questionados por sua fé, mas usam isso como licença para o não estudo. Absurdo!!! Muitas denominações foram fundadas sobre heresias, falsas revelações e profecias. Preparo bíblico sério nos teria poupado de muitos desses dissabores. Infelizmente, no nosso Brasil varonil a maioria das pessoas é pouco afeita a leitura e aos estudos. Os crentes, que um dia já foram exceção pelo alto grau de alfabetização entre seus fiéis (Aprendiam a ler com a Bíblia), não fogem à regra. A maioria dos fiéis vem de gerações de analfabetos funcionais. Imagina esse povo tentando interpretar o Apocalipse durante um culto de doutrina ministrado por um pastor semianalfabeto. O resultado chega a ser catastrófico. Fazendo uma retrospectiva sobre o nosso glorioso passado intelectual, lembremos dos metodistas, que sempre construíam uma escola ao lado da igreja, e das famosas escolas batistas de ensino fundamental e médio. Sem falar na história da EBD, hoje tão satanicamente solapada e desprezada, criada pra tirar crianças da miséria no Reino Unido. A maioria dos nossos crentes é pentecostal e, apesar das imensas contribuições que o pentecostalismo nos legou, é essa marca ruim que vem sendo repetida. Já ouvi até o disparate tão famoso como este: Abençoado, estou preocupado com o irmão fulano. Ele entrou pra faculdade. Falei pra ele não ir pra lá. Ele vai se desviar. É LÓGICO QUE VAI SE DESVIAR!!! É LÓGICO QUE MUITOS SE DESVIARAM!!! SÓ UM HERÓI DA FÉ PERMANECE CRENTE, DEPOIS DE ENCONTRAR O CONHECIMENTO ACADÊMICO, NUMA IGREJA TOTALMENTE SEM BASE TEOLÓGICA CONSISTENTE E OPRESSIVA, CHEIA DE USOS E COSTUMES ANTIQUADOS E PSEUDO-BÍBLICOS!!! É duro dizer isso mas é VERDADE. Fique de bico quem quiser. Hoje, grandes denominações como a Assembleia de Deus, estão correndo atrás do prejuízo. Com o grande número de jovens universitários e melhor informados, a velha guarda não tinha mais como responder aos questionamentos e perdia muito rebanho por isso. Muitos pastores sentiram que também deveriam mudar, buscar uma explicação mais relevante para o Evangelho. Vários viram a heresia neopentecostal bater em suas portas e encontraram na teologia a forma mais correta de salvar seus fiéis dos lobos. Graças a Deus está acabando aquela conversa fiada e fajuta de o que importa, irmão, é a unção. Né? Para não só bater nos pentecostais, alerto aos amantes da Teologia, que não caiam no erro dos tradicionais (Digo isso porque sou um batista tradicional reformado) de negar a contemporaneidade dos dons do Espírito (Já to vendo calvinistas mais conservadores me chamando de contraditório por eu não ser um cessacionista) e caírem num arrazoado acadêmico de abstrações sem fim. Isso gerou ambientes mortos, fé com obras mortas e clubes sociais vazios de significado. Um solo muito fértil para o liberalismo teológico ou para o ultraconservadorismo. Ambos sepultaram, ou corroeram, igrejas e seminários centenários. Paulo, como um bom rabino que foi, alertou muito bem sobre a letalidade da Letra, quando esta é manuseada por pessoas sem uma vida no Espírito. Não posso negar também que o grande número de líderes despreparados se deve a facilidade de abrir igrejas sem a menor intervenção de convenções ou entidades reguladoras no meio evangélico. A descentralização também trás seus males. Como não possuímos, em regra geral, órgãos máximos, com uma política eclesiástica forte e poder de decisão e intervenção, como as grandes convenções batistas e os supremos concílios presbiterianos, é quase impossível decidir quem pode abrir um ministério ou não. Nem dá pra acusar de charlatanismo, pois qualquer um pode ser pastor. Já uma igreja católica da vida pode acusar de charlatão uma pessoa que venha a se intitular padre, sem nunca ter frequentado um seminário. Eles tem mecanismos que coíbam isso. Nós não! Somos bastante frágeis nesse quesito. Finalizando, como hoje o lema é Pequenas Igrejas Grandes Negócios, os Rodovalhos, Crivelas, e Felicianos da vida não irão tentar nada contra isso. Pra eles é até bom. Cassar esse bando de pastores cegos é problema. Eles atraem votos. É um crime meu esquecer que o boom religioso dos evangélicos no país se deve principalmente ao avanço vertiginoso do neopentecostalismo e da teologia da prosperidade, tão agressivos na luta por espaço no mercado de fiéis. Os pentecostais clássicos aprenderam que tem que estudar, e são os neopentecostais hoje a bola da vez asneira sistematizada. Vale lembrar o perigo que uma igreja teologicamente coerente e crítica representa para esses falsários da fé. Lembrem-se irmãos, o povo deve permanecer alienado. É muito mais fácil manipular gente assim. Nem unção burra e tampouco erudição fria. Precisamos de gênios santos, cientistas inspirados e intelectuais ungidos. Jáfer Gomes.
Posted on: Wed, 11 Sep 2013 18:38:47 +0000

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