Um novo contrato social é imprescindível Observando todas estas - TopicsExpress



          

Um novo contrato social é imprescindível Observando todas estas manifestações que estão ocorrendo pelo Brasil a fora, tem-se a impressão que estamos mudando, e que novos caminhos começam a brilhar no horizonte. Será que a conseguiremos romper esta couraça social que nos acompanha há séculos. A participação da população na vida política do país sempre foi desprezada – sempre nos impingiram algum tipo de salvador, pois a nossa condição de inferioridade não permitia que tivéssemos a autonomia conquistada por outros povos. Mas o céu começa a clarear. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, já tem mais de duzentos anos, e cá entre nós só passou a existir com a promulgação da Constituição de 1988. E com isso todo o movimento que nasce no seio do povo, reivindicando os seus direitos fundamentais - sempre foi reprimido com mão de ferro, e muitas vezes com crueldade. Como aconteceu com o povoado de Canudos – onde o Exército Republicano com seus canhões aniquilou mais de vinte mil moradores que viviam em comunidade e do trabalho coletivo. Aí se vê que a autonomia do povo sempre foi combatida. Mas o que se pode esperar d’uma elite que tem seu passado fincado nas senzalas. Todo o aprendizado vem da observação. E quem esta em baixo observa sempre o que está no alto, e achando que o outro sabe mais procura emita-lo - até por uma questão de sobrevivência. E como a ética de quem comanda foi corroída pela traça da corrupção – o jeitinho brasileiro se materializou. Mesmo tendo uma Constituição afirmando que todos são iguais perante a lei sem nenhuma distinção – têm aqueles que não são alcançados pelo seu braço. Até fazemos piadas com esta excrescência: “todos são iguais perante a lei, mas têm os mais iguais, tem lei que pega e tem lei que não pega ou pro meu amigo tudo, pro meu inimigo os rigores da lei” – e isso cria um caldo cultural difícil de ser mudado. Quem vê de fora os protestos que estão ocorrendo atualmente no Brasil, imagina que a grande parte seu povo não é adepto, e não pratica atos de corrupção no seu cotidiano. Mas será que isso é verdade? Ao que parece não! Temos um sistema eleitoral onde os eleitos não representam aqueles que os elegeram – e sim os financiadores de suas campanhas. E por conta disso é que ouvimos os gritos dos manifestantes dizendo “estes políticos não me representam”. Isso seria inconcebível num sistema democrático, onde o eleito tem que honrar o voto recebido. Nós temos que aproveitar este momento histórico e começar a desenhar um novo contrato social. Vamos deixar para trás essa cultura da esperteza que macula a nossa imagem. O fato ocorrido recente comprova que precisamos mudar – os Estados Unidos isentou o Chile do visto de viajem, deixando de fora os brasileiros – apesar de gastarmos mais de 90% do que os chilenos naquele país. Simplesmente porque na visão deles não somos um povo confiável. E é por estas e outras que precisamos mostrar para o mundo que eles estão errados a nosso respeito. Em matéria de corrupção chegamos ao niilismo. E isso ocorreu por conta da apartação da sociedade civil no acompanhamento das contas públicas – que mesmo tendo a Constituição ao seu lado é alijada todos os dias por pura malandragem. A transformação do sistema público de educação básica é imprescindível para começarmos a trilhar novos caminhos. Temos que ver a educação com um direito e não como privilegio – como vem ocorrendo até os nossos dias. Para formarmos cidadãos críticos, livres, autônomos e participativos é primordial termos uma escola produto da vontade coletiva e dentro de um processo civilizatório. Um povo não pode continuar sendo massacrado durante séculos, um dia tem que acordar. E ver que seu caminho de liberdade passa pela sua autonomia intelectual, política e econômica. Chega de passar procuração em branco – o contrato assinado tem que ser cumprido. A hora é agora! José Eugenio Kaça Artigo publicado no jornal Tribuna Ribeirão no dia 27/06/2013
Posted on: Thu, 27 Jun 2013 17:20:20 +0000

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