Uma coisa é uma pessoa branca ser emocionalmente e psicologicamente afetada por ser alvo de deboche contra sua pele. Outra coisa é ser afetada institucionalmente e sistematicamente. Dependendo da pessoa - especialmente se ela já for vulnerável e tiver problemas de autoestima - ser chamada de "leite azedo", "palmito da roça" (acabei de ler essa no mural do Everson Fernandes), entre outras coisas, pode sim causar prejuízos; se a agressão for constante pode levá-la ao suicídio, com certeza. O que não vai acontecer é transformá-la em uma vítima do sistema. O sistema racista é racista contra pessoas que não são brancas. O racismo brasileiro se vira contra quem não é branco: pessoas negras de forma muito mais conhecida, no entanto também há racismo contra índios. E há os racismos menos óbvios para todos, mas que criam axiomas frutos de estereótipos, como o racismo contra japoneses, indianos, turcos, enfim. Racismo é um tema bem complexo porque há racismo em todas as partes do mundo. Há racismo contra coreanos, há racismo de indianos contra chineses, e a lista é enorme porque cada país e cada região tem suas próprias formas de racismo. Não há racismo institucional, no Brasil, contra pessoas brancas. Pessoas brancas não são sistematicamente prejudicadas e atacadas porque são brancas. Não há prejuízo para se conseguir emprego e estudo, nem há falta de representatividade na mídia, nas artes e na indústria. Sinto muita empatia por qualquer pessoa que sofra deboche devido sua aparência física. Isso é algo sério e violento. Mas vamos falar sobre isso de forma honesta, sem tentar criar um "racismo reverso" que não existe, assim todo mundo é ouvido e podemos pensar em soluções eficientes.
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 17:33:46 +0000
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