Uma vez eu vi um filme, e esse filme me disse que, se Deus existe, ele não está em mim ou em você, mas no espaço que nos separa, na distancia entre a ideia e a compreensão, no compartilhamento, na conexão. E me fez pensar. Me fez pensar na marca no meu celular, que anuncia para o mundo: Connecting People. Me fez pensar no chat da UOL, e no Orkut, e no Facebook, e em todas essas coisas. E me fez pensar que é esse Deus que move o mundo, que nos faz ir pra frente, que nos faz acordar mais um dia. Se existe alguma coisa nesse mundo que está além da natureza, que não respeita as leis da física, que não pode ser compreendida por nenhum mapa determinista de universo, é esse espaço entre uma conversa, essa distancia entre risadas, essa troca de olhares, esse compartilhamento de existência. Nós, o próprio universo, discutindo sobre o universo. Nós, que inventamos o amor, discutindo o amor. Nós, discutindo o próprio ato de discutir. Compartilhando-se mutuamente. Dividindo a mesma incompreensão em relação a vida e ao mundo em que vivemos. Andamos meio carentes desse tipo de contato, dessa única existência além da física, que é a existência de um sentimento compartilhado, uma ideia dividida. Ás vezes eu acho que é por isso que estamos todos tão fascinados com as redes sociais. Jogamos pequenos pedaços de nós para cima, para o ar virtual de um Facebook, e torcemos para que eles acertem um alvo, uma mente, um coração, um alguém qualquer. Bombardeamo-nos mutuamente de pedaços de nós, esperando, com toda a força, atingir e ser atingido. É. Se existe algum tipo de alma no mundo e na humanidade, não é a minha ou a sua, é a nossa. É essa alma que compartilhamos quando tomamos uma cerveja, quando discutimos um filme, quando falamos de amor, quando olhamos em volta para esse mundo incompreensível e estranho e falamos um para o outro “eu te entendo e você me entende”. Ninguém tem alma sozinho.
Posted on: Fri, 14 Jun 2013 07:55:38 +0000
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