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VAI AQUI PATRÍSTICA CONFIRMADA PELA ARQUEOLOGIA APROFUNDAMENTOS E PESQUISAS 1. Calisto e a sua Comunidade nos inícios do3º século A vida movimentada de Calisto (escravo, banqueiro falido, condenado, diácono, papa) na Igreja das origens. 2. As perseguições contra os Cristãos A história das perseguições de Nero a Diocleciano por parte da Autoridade Romana, do povo e dos intelectuais. 3. Os papas do complexo calistiano A história da Igreja de Roma testemunhada pelos papas mártires e santos do 3º século. 4. Habitar a eternidade Confronto entre a concepção cristã e pagã da morte e da vida além da morte. 5. Oração, esperança, devoções Aspectos da espiritualidade cristã – a devoção à Virgem 6. A “fractio panis” A imagem da Eucaristia nas Catacumbas de S. Calisto e de Priscila 7. O Batismo como ressurreição O antigo rito do Batismo exprime melhor a morte ao pecado e o renascimento à vida nova. 8. A graça do perdão A representação do galo que recorda o pecado de Pedro afirma a vontade de perdão na Igreja primitiva. 9. Os màrtires da igreja 1. AS CATACUMBAS EM VISTA DO GRANDE JUBILEU Calisto e sua comunidade nos inícios do século terceiro Enrico dal Covolo Introdução As Catacumbas foram definidas “os grandes arquivos” da Igreja. Elas representam o mais conspícuo testemunho monumental da fé cristã das origens, e são o templo dos primeiros mártires que chancelaram, com o sangue, a fidelidade ao próprio Mestre. «Estes monumentos», disse João Paulo II numa recente audiência à Pontifícia Comissão de Arqueologia Sacra, «revestem um alto significado histórico e espiritual. Visitando estes monumentos, entra-se em contato com traços sugestivos do cristianismo dos primeiros séculos e pode-se, por assim dizer, tocar com as mãos a fé que animava as antigas comunidades cristãs… Como não comover-se diante de vestígios humildes, mas tão eloqüentes, das primeiras testemunhas da fé?» Considerando depois a meta do ano 2000, o Papa concluía: «O olhar projeta-se agora ao encontro histórico do Grande Jubileu, no qual as Catacumbas de Roma aparecerão como lugares privilegiados de oração e peregrinação… Junto às grandes basílicas romanas, as Catacumbas deverão representar uma meta irrenunciável para os peregrinos do Ano Santo». Dessa forma, do modo mais oportuno, o Santo Padre relacionava a sua referência às Catacumbas com o que tinha escrito na Carta Apostólica Tertio millennio adveniente: «A Igreja do primeiro Milênio», lê-se em seu n. 37, «nasceu do sangue dos mártires: ‘Sanguis martyrum, semen christianorum”. Os acontecimentos históricos, ligados à figura de Constantino o Grande, jamais teriam podido garantir o desenvolvimento da Igreja, como foi verificado no primeiro Milênio, se não houvesse aquela semeadura de mártires e aquele patrimônio de santidade que caracterizaram as primeiras gerações cristãs». As notas que aqui propomos entendem evocar situações e personagens da comunidade cristã de Roma nos inícios do século segundo. Um papel privilegiado é ocupado pelo bispo Calisto (217-222), que deu o próprio nome às famosas Catacumbas da Via Appia. 1. A história de Calisto Conforme o Liber Pontificalis (a seção que nos interessa foi compilada no século VI), Calisto era natione Romanus, ex patre Domitio, de regione Urberavennantium: tinha nascido, portanto, no Trastevere, região portuária de Roma, onde alojavam-se os marinheiros da frota de Ravena. O “primeiro ato” da sua história é narrado por uma fonte tudo mais que imparcial. Trata-se de uma série pseudo originiana de livros Confutação de todas as heresias, publicados pela primeira vez em Oxford em 1851. Foram, em seguida, atribuídos a um certo Hipólito de quem falaremos mais adiante. Segundo o livro nono dessa obra, nos tempos do imperador Cômodo (180-192), Calisto vive em Roma como escravo de Carpóforo, por sua vez liberto da casa imperial. Passa por dois processos, um pela falência do banco de Carpóforo, outro por ultrajes durante as funções religiosas dos judeus. Condenado ad metalla na Sardenha, é libertado pelo interesse de Márcia, concubina do imperador. O “segundo ato” da sua história leva-nos a Roma. Zeferino, sucessor do papa Vítor (189-199), designa Calisto para o complexo das Catacumbas da via Appia: encargo de prestígio e mediação entre a comunidade cristã de Roma, que possuía e administrava legalmente o imóvel em força dos direitos de associação, e as autoridades civis. À morte de Zeferino, em 217, Calisto é eleito bispo. Empenha-se a fundo no diálogo, certamente não fácil, com duas linhas teológicas opostas da comunidade romana: de um lado, os partidários do Logos e da sua substância pessoal, de outro, os defensores da monarquia, isto é, da unidade rígida de Deus. O risco extremo dos primeiros era o «diteísmo» (confessar dois deuses, o Pai e o Filho), enquanto o risco dos outros era o «modalismo» (o Pai e o Filho não seriam senão dois «modos de manifestar-se» do único Deus). Entre os defensores do Logos, o autor daConfutação coloca a si mesmo, acusando o pontífice de participar da corrente oposta. «Depois da morte de Zeferino», atesta nossa fonte, «pensando ter conseguido aquilo que aspirava [isto é, o episcopado], Calisto excomungou Sabélio», delfim da heresia monarquianista, «pensando que pudesse afastar de si mesmo a acusação de heterodoxia por parte da Igreja: de fato, ele era um impostor sem escrúpulos, e, por algum tempo, conquistou todos da sua parte. Tinha o coração cheio de veneno e a mente vazia de idéias. Envergonhava-se até de dizer a verdade, porque nos tinha publicamente insultado como diteístas e, de outro lado, era continuamente acusado por Sabélio de ter traído a fé primeira». O testemunho, viciado gravemente pela paixão do autor, é útil, porém, para reconstruir a extrema dificuldade encontrada pelo bispo Calisto, que certamente não era um especulativo, mas sentia gravemente a responsabilidade do seu serviço. De fato, o seu comportamento manifesta o pastor, muito mais do que o teólogo. Enquanto parece-lhe possível, o pontífice procura um caminho intermédio, que permita o pluralismo teológico e salve a comunhão eclesial. Quando percebe, porém, que o compromisso é perigoso para a ortodoxia, excomunga as duas alas extremas (Sabélio primeiramente, e depois o próprio autor da Confutação), reforçando assim a comunhão no corpo da Igreja. Calisto, pois, bem diversamente de como aparece no livro nono da Confutação, manifesta-se pastor prudente e solícito, capaz de governar com energia a comunidade que lhe fora confiada. O “último ato” da história de Calisto revela o pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas. Deixamos aqui a Confutação de todas as heresias e consideramos os Acta Martyrii dos pontífices. Embora marcados por traços hagiográficos e legendários de elaboração tardia, esses Atossão provavelmente os únicos, entre os tantos que se referem ao império de Alexandre Severo (222-235), que contenham um «núcleo» historicamente aceitável e uma referência correta aos imperadores em questão (o próprio Alexandre e o seu predecessor Antonino Elagábalo). Ora, segundo resulta da fonte, parece que em 222 – no mesmo contexto cronológico, então, das sublevações que acompanharam o trágico fim de Elagábalo e de sua mãe Soêmia – o pontífice foi jogado para fora da casa em que habitava no Trastévere, lançado num poço, e ali delapidado (… per fenestram domus praecipitari, ligatoque ad collum eius saxo, in puteum demergi, et in eo rudera cumulari). A narração dos Atos é substancialmente confirmada pelas campanhas de escavação e pelos relatórios de A. Nestori (1968-1985) relativas às Catacumbas de Calepódio, na via Aurélia. Como se sabe, Calisto não foi sepultado em “suas” Catacumbas, evidentemente porque os cristãos de Trastévere acharam mais cômodo depuseram seus despojos (com os dos sacerdotes Calepódio e Asclepíades, mortos com ele) na via Aurélia, e não na via Appia. Ora, a descoberta da sepultura original de Calisto – transformada no século IV pelo papa Juliano em basílica cemiterial – chega a confirmar a afirmação peremptória da Depositium Martyrum (14 de outubro), segundo a qual Calisto foi deposto na terceira milha da via Aurélia. As escavações de Nestori, enfim, voltaram a propor ao estudo algumas pinturas da basílica cemiterial que remonta, o mais tardiamente, aos séculos VII-VIII o que, por sua vez, confirmam a dinâmica cruel do martírio transmitido pelos Atos (cenas da delapidação no poço e da deposição do mártir). A história de Calisto, porém, não acaba com a sua morte, se for verdadeiro que os cristãos, em litígio com os taberneiros do Trastévere (a região portuária era célebre pela quantidade de caelle vinariae e de popinae), apelaram às vias legais a fim de usufruírem do lugar santificado pelo seu martírio para o exercício do culto. O imperador Alexandre Severo, que sucedeu Elagábalo em 222, tomou posição oficial para que o litígio fosse resolvido em favor dos cristãos: «Declarou (rescripsit) ser mais oportuno que aquele lugar fosse dedicado, de algum modo, ao culto divino, mais do que dado aos popinarii», envolvendo-se pessoalmente na causa. Era bem conhecida, de fato, a tolerância, se não até mesmo a simpatia, de Alexandre Severo em relação aos cristãos. Matthiae, em seu célebre volume sobre As igrejas de Roma do IV ao X século, chega a afirmar que, entre os primeiros centros culturais cristãos da urbe, «o mais antigo, daqueles que hoje podemos conhecer com absoluta certeza as origens históricas e, com uma boa aproximação, determinar o lugar, é o titulus Callisti… Junto à atual S. Maria in Trastévere,a pequena igreja de S. Calisto poderia marcar o lugar exato onde surgia o antigo título». Muito mais tarde, no século IX, os corpos dos mártires Calisto e Calepódio foram transladados justamente à igreja de Santa Maria in Trastévere. Desde, então, Calisto repousa junto à sua casa
Posted on: Mon, 23 Sep 2013 21:57:18 +0000

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