VIA Angela Maria Pereira Glavam ===> Excelente texto de Bolívar - TopicsExpress



          

VIA Angela Maria Pereira Glavam ===> Excelente texto de Bolívar Lamounier DESTACO UM TRECHO QUE ME PARECEU ESPECIALMENTE SENSATO, CLARO E DE SUMA IMPORTÂNCIA NO MOMENTO ATUAL. A JUSTA INDIGNAÇÃO COM A SITUAÇÃO ATUAL DO BRASIL NÃO PODE NOS LEVAR A TRILHAR CAMINHOS SEM ANTES AVALIAR DE FORMA ABRANGENTE PARA ONDE ELES PODEM NOS LEVAR. "Aparece um primeiro cidadão – não importa se de direita, esquerda, de baixo ou do alto- e exclama: a solução é uma intervenção militar! Os militares precisam voltar imediatamente ao poder! Na realidade, “militares” é a única palavra relativamente clara nesse enunciado. Relativamente. Para os militares “voltarem”, presume-se que terão um líder, um chefe, o que na prática significa um ditador. O cidadão que os conclama a voltar obviamente pressupõe que esse chefe será um sujeito esclarecido, equilibrado, competente, ético etc. Um estadista em uniforme verde-oliva. E que terá apoio para governar, dos próprios militares e da maioria da sociedade, ça va sans dire. Quer dizer, o apelo à intervenção traz implícito um wishful-thinking cavalar: o ditador só terá qualidades, nenhum defeito. Formidável. Ele também pressupõe que “voltar” é como ir à esquina chupar um picolé. Os militares não encontrarão resistência, nem na intervenção em si nem nos meses seguintes. Mas perguntar não ofende: e se tiverem? Prendem e arrebentam? Prendem quantos, mais ou menos? Os mortos e desaparecidos serão 600 ou 700 em 21 anos, numa população de 90 milhões, como aconteceu no Brasil, ou cerca de 15 mil, como ocorreu na Argentina, um país cuja população é cerca de um terço da brasileira? Mesmo aqui, a título preliminar, há outros “detalhes” a considerar. Por exemplo: na era pré-Internet, as intervenções militares geralmente recorriam ao estado de sítio, um instrumento jurídico que permitia interceptar as comunicações postais e telefônicas, revistar pessoas e casas etc. Como será aplicar o estado de sítio na era da internet? Vai-se suspender toda a rede de comunicações via celulares, computadores etc? Se sim, anotem: quem faz isso é a China; um país da América Latina que siga esse caminho arranjará sarna para se coçar durante 50 anos. Não quero me estender, mas resta uma indagação importante. Se os militares voltarem, presumivelmente vão mexer na economia; não há como reorganizar o país sem mexer nela. Então eles voltam, para fazer o quê, exatamente? Intervêm mais, estatizam mais, tabelam salários e preços? Ou fazem o contrário: tentam manter-se à margem, privatizam e tentam restaurar a confiança dos agentes econômicos internos e externos no mercado e no arcabouço jurídico que o regula?"
Posted on: Sat, 13 Jul 2013 21:50:39 +0000

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