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Veja o que pesquisadores brasileiros, professores do curso de Pos-Graduação em Energia e Meioa Ambiente, com trabalhos publicados em várias revistas cientifícas internacionais, acham deste assunto, em entrevista publicada no “O Globo”: Deu no Globo – Coluna Eco Verde: Há 15 dias circula pela internet, fazendo muito sucesso, um vídeo com 19 artistas famosos falando sobre Belo Monte. Numa espécie de jogral, nomes de peso como Ary Fontoura, Juliana Paes, Marcos Palmeira e Letícia Sabatella, fazem uma série de perguntas, afirmações e pedem aos internautas que assinem uma petição exigindo a paralisação imediata das obras da usina. A iniciativa, promovida pelo recém-criado movimento Gota D`Água, já conseguiu quase 1,2 milhão de assinaturas. No vídeo, a atriz Maité Proença chega a tirar literalmente o sutiã enquanto espera por mais uma assinatura virtual. Segundo o site, a ideia é “envolver a sociedade brasileira na discussão de grandes causas”. Belo Monte seria apenas a primeira delas. O problema é que discussão mesmo a produção tem muito pouca. O tom é de campanha contra o projeto mais polêmico do país nos últimos 30 anos. Alvo de dezenas de ações na justiça e até algumas cenas de violência. Por isso, oito perguntas dos artistas estão na coluna de hoje e serão respondidas por quatro especialistas: o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim; o ambientalista Marcelo Salazar, do Instituto Sócio Ambiental (ISA), que trabalha em Altamira, uma das cidades mais atingidas pela usina; e os professores da Coppe Emílio La Rovere, do Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente; e Roberto Schaeffer, doutor em planejamento energético e membro do IPCC. Veja as perguntas e respostas : “Não haverá índios alagados, isso é verdade. Porém, três terras indígenas serão atingidas por uma seca profunda” (Marcelo Salazar, Instituto Sócio Ambiental – ISA). “Nenhum índio será removido e a vazão mínima do rio será mantida. Altamira não é exatamente um paraíso sobre a Terra. É uma região muito pobre. Pela primeira vez, em 35 anos, vejo o governo aproveitar um grande empreendimento para fazer política social. Essa é uma oportunidade única de desenvolvimento da região” (Emílio La Rovere, professor da Coppe). “Nenhuma tribo será retirada. Serão removidas 4.300 famílias de ribeirinhos da área urbana que hoje vivem em palafitas, em condições deploráveis e receberão casas melhores” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE). Pergunta 7: Serão construídas dezenas de hidrelétricas na Amazônia? “O Plano Decenal de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê 77 hidrelétricas para a Amazônia. Sem contar as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas)” (Marcelo Salazar, Instituto Sócio Ambiental – ISA). “Serão 18 até 2020. Algumas já estão prontas e outras já foram leiloadas” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE). “O que importa não é o número de hidrelétricas, mas o tipo de usina. Tucuruí, Balbina e Samuel foram muito ruins. Ineficientes do ponto de vista energético e agressivas ambientalmente. Belo Monte é uma usina a fio d`água, não tem reservatório. Para o Rio Tapajós está sendo planejada uma usina plataforma, sem o impacto dos canteiros de obras” (Emílio La Rovere, professor da Coppe) | Pergunta 6: Dá para viver só com energia eólica e solar? “Sou insuspeito para falar. Estou ajudando a lançar a Carta do Sol, que sugere incentivos à energia solar. Mas achar que podemos viver só com eólica e solar é irrealista. Há uma inviabilidade aritmética” (Emílio La Rovere, professor da Coppe). “No caso da energia solar é impossível, porque é caríssima. A eólica será cada vez mais importante, mas teremos que fazer uma reengenharia do sistema” (Roberto Schaeffer, professor da Coppe). “Não existe país no mundo que funcione só com eólica e solar. Elas são complementares. A eólica, que está crescendo, é um ótimo complemento para as hidrelétricas no Brasil” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE). Pergunta 5: Energia hidrelétrica é mesmo energia limpa? “Infelizmente, nenhuma fonte de energia é totalmente limpa, só a eficiência energética. Mas tente convencer as pessoas a usar menos televisão e ar condicionado” (Roberto Schaeffer, professor da Coppe). “Toda a energia tem os seus impactos, mas os da hidrelétrica são muito menores que os de uma termoelétrica, por exemplo. Na Europa, já tem ambientalista protestando contra os efeitos das usinas eólicas” (Emílio La Rovere, professor da Coppe). Pergunta 4: Essa obra vai alagar, inundar, destruir cerca de 640 km2 de floresta? “Qualquer hidrelétrica alaga grandes áreas. A opção são as térmicas a carvão, talvez usinas nucleares e muito gás. Isso seria melhor?” (Roberto Schaeffer, professor da Coppe). “Um estudo do Instituto IMAZON mostra que o desmatamento indireto pode chegar a 800 km2, talvez até mais de 5 mil km2” (Marcelo Salazar, Instituto Sócio Ambiental – ISA). “A área inundada será de exatos 503 km2. Mas, 228 km2 são do próprio leito do rio. A maior parte do que sobra já foi destruída por madeireiros e pela pecuária. Além disso, no entorno do rio serão replantados 280 km2 de Área de Preservação Permanente. No Brasil, a média de capacidade instalada por área inundada é de 0,49 km2 por MW. Em Belo Monte teremos 0,04 km2 por MW. Sem dúvida, o saldo é muito positivo” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE). - Pergunta 3: Oito meses por ano a região ficará seca? “Por 4 meses a usina vai operar com total capacidade e no resto do ano será menor, podendo até parar completamente” (Marcelo Salazar, Instituto Sócio Ambiental – ISA). “A usina não vai parar. E o que importa é a capacidade média ao longo do ano, que é de 4.571 MW. A licença ambiental prevê uma vazão mínima de 700 m3 por segundo, na região da Volta Grande do Xingu, que é a mais crítica. Maior que a vazão mínima histórica, que é de apenas 400 m3 por segundo” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE). – Pergunta 2: A usina vai custar R$ 30 bilhões e será paga com dinheiro público? “Não há clareza nos custos. Um ex-presidente da Eletrobrás José Antonio Muniz já citou valores na casa dos R$ 40 bilhões. E as empresas públicas e os fundos de pensão representam 74% do consórcio” (Marcelo Salazar, Instituto Sócio Ambiental – ISA). “Qualquer grande obra de infraestrutura no mundo é feita com dinheiro público ou com financiamento público. O que importa é o custo da energia que, neste caso, é muito barata, apenas R$ 78 o MWh. E os investidores, públicos e privados, vão ter retorno” (Emílio La Rovere, professor da Coppe). - Pergunta 1: Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo mas só vai usar um terço da capacidade? “Nenhuma hidrelétrica no mundo usa 100% da sua capacidade. Belo Monte tem 41% de capacidade, menor que a média brasileira, que gira em torno de 52%, mas é maior que a maioria das usinas americanas e europeias” (Roberto Schaeffer, professor da Coppe). “Para aumentar a capacidade da usina teríamos que fazer um reservatório maior. Abrimos mão de parte da eficiência energética em troca de eficiência ambiental. Quisemos alagar o mínimo possível” (Maurício Tolmasquim, presidente da EPE).
Posted on: Tue, 29 Oct 2013 04:06:28 +0000

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