"Vida do povo" Artigo de dom Genival Saraiva - Bispo de Palmares (PE) A população brasileira vive um momento bastante peculiar de sua história. Nas cidades e no campo, há marcas de conflitividade social; em muitas cidades, há manifestações organizadas da população, contra a aplicação do índice de aumento de passagens nos meios de transporte coletivo; no campo, há mobilizações de povos indígenas e proprietários rurais, no grito por demarcações de terras sobre as quais pairam incertezas sobre a legitimidade da posse. Estes e tantos outros registros também falam das dificuldades do povo. A inflação, em níveis preocupantes, tem efeitos percebidos na mesa semanal, no orçamento mensal e na contabilidade anual das famílias. Obviamente, por sua complexidade, a inflação não é controlada apenas pela palavra da autoridade maior do País: “Quero dizer que a inflação jamais vai voltar e está sob controle.” Por sua vez, o cenário político já revela a antecipação do clima de competição eleitoral de 2014; a postura de declarados e presumíveis candidatos, não obstante seu discurso, em sentido contrário, aponta a real direção de seus interesses. Devido à desigualdade social, a população brasileira, por muitas expressões, se comporta de maneira paradoxal. Ao tempo em que no Nordeste uma parte da população se envolve na programação dos festejos juninos, outra sofre os efeitos de uma longa estiagem que traz consequências que geram muito sofrimento na vida das pessoas, empobrecimento na vida das famílias, endividamento na vida de agricultores, com a diminuição ou perda da produção, inclusive do milho, produto típico do período junino, e de pecuaristas, de pequeno e médio porte, com a dizimação ou redução de rebanhos. Enquanto parte da população se mobiliza contra o aumento de passagens, por conta da repercussão desse custo na qualidade de sua vida, outra parcela viaja para o exterior, com gastos elevados que contribuem, inclusive, para o desequilíbrio da “balança comercial”. Por força de protocolos firmados, a realização da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014 segue um calendário, atentamente controlado, em diversas cidades, com custos muito elevados na construção e reforma de estádios, cobertos com recursos públicos e privados; de sua parte, apesar de contratos assinados, encontra-se num inaceitável atraso o calendário da execução de obras para transposição de águas do Rio São Francisco para os Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, coincidindo, lamentavelmente, com um período de extrema escassez de água, provocada por uma longa estiagem no Nordeste. A sociedade faz uma leitura acerca das manifestações coletivas que se multiplicam no Brasil. Em razão de suas responsabilidades institucionais, os governantes devem identificar seu erro ou sua omissão, na formulação de políticas públicas, sabendo que, na vida do povo, os problemas não surgem por acaso e tampouco as soluções aparecem aleatoriamente. Dom Genival Saraiva Bispo de Palmares - PE
Posted on: Sat, 22 Jun 2013 21:46:32 +0000
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