Você vai perceber que mudei. Não pela barba, que acabei - TopicsExpress



          

Você vai perceber que mudei. Não pela barba, que acabei deixando mesmo crescer, numa porção de rebeldia e de desleixo que me permiti e acabei agradando ao espelho ou mesmo à minha parcela de tanto faz que se sentiu um tanto satisfeita. Você vai notar que as roupas mudaram também, passei pra um estilo mais eu e menos estilos pré definidos. Comecei a me vestir mais de acordo com meu humor ou amor, ou falta dos dois, que não implica em luto, mas indica que há alguma ausência de estímulo ao ato de se arrumar e se expor diante de alguém ou alguéns que vão lhe dirigir olhares e julgamentos que você simplesmente não está disposto. Também por isso, mudei. Mas ainda existem os dias em que me disponho a essa rotulação indigna e me sinto mesmo envaidecido pela sensação de não estar sendo constantemente reprovado. E isso já chega a fazer bem. Mas também mudei outras coisas, como o perfume. Isso mesmo, aquele cheiro que você sentia e até costumava gostar, já não me pertence mais. E certamente há um pouco de mim nele, mas preferi mudar. Foi assim com o sabonete, o shampoo, o desodorante e até mesmo a pasta de dente, ou seja, meu cheiro está diferente. Espero que não se importe. E as mudanças ainda não acabaram. Só os tênis que não deram lugar aos sapatos. Ocasionalmente sim, mas não sempre. Até prefiro chinelos, mas nem sempre são mais práticos. Ainda assim, sempre faço aquela massagem nos pés, porque não há nada melhor que chegar em casa, tirar o calçado e colocar os pés pro alto, sentindo uma sensação refrescante e agradavelmente confortável. Mudei alguns hábitos importantes, como o de falar. Ainda falo muito e falo alto, mas aprendi a falar mais pausadamente e aguardar com mais clareza que as ideias se formem em meus pensamentos e até filtrá-las na garganta, antes que saltem da boca num ato desesperado e acabem causando estragos imensos. Então aprendi, também a ouvir mais. E ouvir melhor. Confesso que várias vezes não entendia o que me diziam e sorria num gesto de concordância, somente pra agradar. E já me compliquei várias vezes nessa, por isso mudei. Mudei minha forma de ser com as pessoas. Tento ser ameno, agradável ou, pelo menos, sutil. Esqueci alguns pontos de orgulho e egoísmo que me fazem compreender melhor como as pessoas pensam em dadas situações. E tento sempre aquele exercício de me colocar no lugar alheio. Uma das poucas coisas que não mudei, foram minhas expressões. Talvez já não tenha mais a juventude estampada no rosto, mas há um sorriso que se revela sem a timidez de antes, um olhar que brilha sem tanto pudor ou admiração, no entanto enxerga o mundo um pouco mais admirável e mais encantador sob uma ótica menos fantástica, mas não menos romântica e fascinante. Finalmente, mudei algumas coisas circunstanciais. Mudei meus sonhos de lugar. Arrumei o quarto, a cama, a cadeira e deixei a janela aberta pro ar circular, pro mundo entrar e deixar um pouco de mim sair. Troquei as cordas do violão, aquele mesmo que nem sei tocar, deixei recair sobre os ombros e decidi andar um pouco por ai. Aliás, mudei também meu conceito de lar. Mudei minhas concepções de ser e de estar. E também minhas concepções sobre o amor e sobre amar. Fiz algumas mudanças, nem sei se você vai notar. Mas o mais importante é que não mudei por ninguém, só mudei por querer partir, que é diferente de não querer ficar...
Posted on: Tue, 03 Dec 2013 03:54:08 +0000

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