o setor do agronegócio “se beneficia do maior pacote de ajuda - TopicsExpress



          

o setor do agronegócio “se beneficia do maior pacote de ajuda financeira estatal do continente (o chamado Plano Agrícola e Pecuário), que para os anos 2012/13 totalizou 115,2 bilhões de reais destinados ao crédito, o que favorece diretamente a expansão da agroindústria exportadora em lugar dos pequenos agricultores”. Conforme sumariza Gudynas ao final do texto, trata-se de uma situação bastante paradoxal, pois “uma parte nada desprezível do dinheiro arrecadado pelo Estado é utilizada para fomentar, apoiar e inclusive subsidiar o extrativismo, que alimenta, em primeiro lugar, a globalização, ao invés das necessidades internas do próprio Brasil”. tanto os movimentos de resistência indígena quanto a onda de protestos que tomou conta do país possuem uma mesma causa de fundo, qual seja, a adoção de um modelo de “desenvolvimento” retrógrado e predatório, com uma economia apoiada sobre a produção, extração e exportação de matérias primas agrícolas e minerais, e na implantação, à ferro e fogo, de projetos de infra estrutura que o tornem possível. Um modelo comprometido com as elites latifundiárias e corporativas, que é tão eficiente na produção de riquezas quanto em sua incapacidade de redistribuí-las em benefícios para a maioria da população. O mérito do texto de Santilli se dá, portanto, em sugerir a ligação direta entre as duas lutas, procurando demonstrar que, na verdade, trata-se de uma luta só: a causa indígena é a causa de todos os brasileiros, na medida em que eles, como nós, se (re)voltam contra a gestão ineficiente dos recursos públicos, direcionada à satisfação de interesses privados de uma minoria conservadora que historicamente dita os rumos do país; contra as empreiteiras, que consomem vorazmente o dinheiro público e o meio ambiente em obras de necessidade discutível e com orçamentos mais do que duvidosos (p.ex. as “arenas” da copa e as hidrelétricas destinadas a alimentar a indústria de processamento de alumínio); contra o agronegócio, que impõe a monocultura de transgênicos voltados para exportação e que obriga o país a aumentar cada vez mais a importação de alimentos básicos (21). Contra o cinismo, enfim, da propaganda governista, que se alegra em alardear o fim da pobreza e promoção do país à 5° maior economia do mundo, sem contudo estender à população – sob a forma de maciços investimentos em transporte, saúde, educação, proteção do meio-ambiente e das minorias étnicas – as benesses deste crescimento. Brancos e índios, portanto, queremos a mesma coisa: uma vida boa e plena, na qual tenhamos liberdade de ir e vir em nossos próprios territórios existenciais, e na qual tenhamos o direito de opinar e contribuir naquilo que afeta diretamente as nossas vidas. Além do texto de Santilli, a única ocasião em que a luta dos índios foi diretamente relacionada ao processo em curso foi na carta do próprio Movimento Passe Livre (organização responsável por convocar as primeiras manifestações em São Paulo), elaborada após uma reunião com a presidenta Dilma Roussef: “Esperamos que essa reunião marque uma mudança de postura do governo federal que se estenda às outras lutas sociais: aos povos indígenas, que, a exemplo dos Kaiowá-Guarani e dos Munduruku, têm sofrido diversos ataques por parte de latifundiários e do poder público”. Confiante na brisa fresca que soprou sobre o mormaço da política, o autor destas linhas compartilha dessa mesma esperança. Em sua inédita disposição para o diálogo com os movimentos sociais, que a presidenta receba os índios, e ouça com seriedade o que eles têm a dizer. Afinal de contas, são 500 anos de espera. racismoambiental.net.br/2013/07/combate-especial-500-anos-de-espera-por-pedro-rocha/
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 00:49:41 +0000

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