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(repassando - autor desconhecido - vale a pena ler inteiro) A tartaruga na árvore Diz a tradição popular que tartaruga não sobe em árvore; ou seja, se a bichinha está lá é porque alguém a colocou. A despeito do que se possa dizer sobre as manifestações que vêm ocorrendo no país nas últimas semanas, é difícil acreditar que elas sejam fruto de geração espontânea. Não se mobiliza milhares de pessoas num piscar de olhos sem que haja um preparo e uma estratégia pensada e articulada. Quem, atualmente, reúne condições de fazer isso? A resposta pode parecer óbvia: os partidos políticos. Apoiados por centrais sindicais e por entidades sociais os partidos podem, de fato, promover grandes manifestações. As eleições para presidente e governadores estão a pouco mais de um ano de distância e isso, por si só, poderia ser motivo para que partidos da oposição promovam demonstrações de protesto e indignação contra os governantes estabelecidos, criando um ambiente favorável ao crescimento de seus candidatos. Como nada parece indicar que as manifestações tenham à frente sindicatos ou entidades sociais, e, portanto, partidos, há que se pensar em outras hipóteses. Organizações estudantis, quem sabe? Esta é uma alternativa mais plausível, já que os estudantes – especialmente os universitários – são conhecidos no mundo todo por seu anseio de promover reformas e mudar a sociedade. Eu assumiria essa opção como verdadeira se não houvesse outros fatos que me fazem imaginar outras possíveis forças como interessadas em promover tais expressões de insatisfação para com as instituições. Mas quais? É preciso lembrar que desde a sua posse na presidência – seria mais apropriado dizer “antes dela” - Luiz Inácio Lula da Silva sofreu uma intensa campanha de oposição que culminou no ruidoso mensalão, obrigando o governo federal a se distanciar de suas metas originais e a fazer acordos espúrios em nome da sua permanência no poder e da governabilidade do país. Verdadeiras centrais de divulgação de intrigas e críticas exaltadas, rancorosas e ressentidas tomaram conta da comunicação digital do país, utilizando-se do genuíno desejo popular de contribuir para a melhoria das instituições governamentais, mas abusando da ingenuidade dos cidadãos para utilizá-los como fermento de desestabilização política e massa de manobra. Na realidade, as atuais demonstrações tiveram sua semente inicial com a manifestação dos índios Terena contra a reintegração de posse da fazenda Buriti, no Mato Grosso do Sul, que ganhou amplo destaque na mídia. E é aí que começam as minhas inquietações... Questões de direito à parte – e eu nutro uma enorme simpatia pelas causas dos índios – o fato é que nas últimas décadas os movimentos indígenas brasileiros têm sido intensamente manipulados por ONGs estrangeiras cujos duvidosos interesses estão muito mais focados nas riquezas do solo do país do que na proteção dos direitos de seus nativos, como o demonstra amplamente a criação das reservas no estado de Roraima. A imprensa deu ampla cobertura aos eventos, sempre passando a impressão de incompetência do poder executivo. Dias antes do episódio indígena, motivada por uns poucos décimos percentuais nos índices de inflação, a imprensa majoritária havia explodido e propagado prolongadas e insistentes vociferações contra a política econômica do governo, promovendo insegurança na população quanto aos destinos das finanças nacionais e provocando – aí sim – uma imprevista e considerável escalada nos preços em geral. Sob o pretexto de protestar contra o aumento de R$0,20 nas tarifas dos transportes coletivos, alguns setores da sociedade subitamente se organizaram e passaram a promover atos públicos que, ao longo de duas semanas, ganharam corpo e tomaram uma abrangência enorme, abrigando uma ampla gama de reivindicações que vão desde as queixas originais contra o aumento do preço do transporte, passando pela exigência de soluções para evitar as remessas de capitais pelas empresas transnacionais até a demanda por construção de casas para os sem-teto. Todas, ou pelo menos a maioria delas, válidas. Poderíamos aqui discutir se os R$0,20 do transporte têm mais impacto no orçamento do cidadão do que os exorbitantes preços das tarifas telefônicas, por exemplo, que na maioria dos casos são mais de vinte (isso mesmo, vinte) vezes maiores do que as tarifas cobradas nos países desenvolvidos, ou porque nossos carros custam, descontados os impostos, três vezes mais do que em outros países. Mas não é este o nosso foco. O que pretendemos aqui é entender os motivos das manifestações. Voltemos nossos olhos para a docemente chamada “Primavera Árabe”, cujo acionamento não teve nada de primaveril e cujas raízes não têm coisa nenhuma de árabe, não passando de um movimento que visa estabelecer a predominância da OTAN sobre os países mediterrâneos, com vistas a preparar o terreno para a submissão da Síria e do Irã, aliados da Rússia. Lá também, a exemplo do que ocorre agora aqui, a derrubada dos governos teve início em manifestações de protesto aparentemente despretensiosas, embora legítimas como as daqui, convocadas através de redes sociais. Lembremo-nos da revolução de 64, planejada e executada nos seus mínimos detalhes pelo governo norte-americano, como vastamente demonstrado no documentário “O dia que durou 21 anos”, atualmente em cartaz em alguns cinemas. Apoiado pela imprensa, respaldado por “entidades de fachada” que espalhavam boatos de toda sorte e fomentavam a revolta contra os poderes instituidos, os EUA criaram o caldo de cultura que culminou com a deposição do governo democraticamente eleito, definiram o nome do novo governante e promoveram aqui todas as mudanças que lhes eram favoráveis, levando-nos à situação em que nos encontramos hoje, onde controlam mais de 50% do PIB brasileiro. Ainda assim, contrariando (?) os interesses americanos, o povo brasileiro foi às urnas em 2002 e elegeu Lula, cuja posse só foi possível graças a intensas negociações com o governo dos EUA. Para tanto, muitas garantias tiveram que ser dadas, inclusive a de que a presidência do Banco Central do Brasil seria ocupada por alguém aprovado por eles. Não obstante, Lula nunca foi palatável ao status quo norte-americano. Admirado e envaidecido com próprio poder, ele certamente rezou fora da cartilha, o que acabou lhe valendo o escândalo do mensalão, que teve todos os requintes de um thriller hollywoodiano, com grampos, dólares em cuecas e demonstrações de sofisticação e eficiência nas investigações impensáveis para os serviços de inteligência do patropi. A imprensa, mais uma vez, fez as vezes de poder constituído e condenou previamente os envolvidos, levando o STF a tomar atitudes questionáveis pressionado pela opinião pública tendenciosamente informada. Por algum descuido da “diplomacia” dos EUA, muitos governos latino-americanos foram assumidos por líderes de esquerda ou centro-esquerda que, se não criaram obstáculos às suas ações, não seguiram cegamente suas determinações. O Mercosul e a Alba continuam indigestos para a hegemonia americana e a independência que alguns governantes insistem em demonstrar é vista como hostilidade pelos setores conservadores daquele país, que jamais demonstraram apreço ou respeito pelos latinos da América sub-equatorial. A prematura morte de Chavez é apenas uma mostra disso. A eleição de um papa latino-americano de extrema-direita, como é o caso, talvez seja a segunda e definitiva prova. Tendo sido alçado ao cargo pelos mesmos que apoiaram seu antecessor, ninguém se iluda com sua placidez e simpatia, nem imagine que sua atuação se restrinja apenas às coisas da religião; sua eleição tem como alvo os governos “difíceis” de seu continente. Tudo isso – e não é pouco – tem que ser levado em consideração na análise dos acontecimentos dos últimos dias. Muitas coisas podem estar em jogo e, portanto, é preciso manter-se alerta para não emitir opiniões preconceituosas que exaltem ou diminuam a importância das manifestações. A sorte está lançada e há pouco o que fazer para evitar as perdas que os conflitos de rua – não as manifestações – estão causando a todas as partes. Afinal, os principais agentes econômicos preferem as calmarias políticas. A livre-expressão é um direito democrático, mas é preciso lembrar que a coluna-mestra do sistema são as eleições, embora uma democracia madura requeira mais que isso para ter sucesso. Requer cidadãos bem informados, capazes de reivindicar mas predispostos a cobrar ações de seus eleitos e acompanhá-los de perto. Caso contrário, nada, nem mesmo enormes manifestações populares, serão capazes de melhorar as instituições. De qualquer forma, tenha-se em mente que não é a maioria que lidera. Quem lidera é quem pôs a tartaruga na árvore!
Posted on: Fri, 21 Jun 2013 03:41:24 +0000

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