Água verdadeira Deixamos São Paulo cortando a Serra do Itaqui, o relevo escarpado faz com que o rio enfrente vários obstáculos. Muitos deles foram barrageados, como logo depois da metrópole, temos o Reservatório Edgar de Souza, paralelo a rodovia dos Romeiros, que liga Santana do Parnaíba a Pirapora do Bom Jesus. Seguindo a rodovia, o rio vai cruzá-la bem próximo a Itu, famosa pelos objetos exagerados, mas, também, pelo Parque do Varvito, rocha sedimentar que foi trabalhada pela erosão glacial, provando que no passado estávamos ligados a Península Antártica e, mais ao sul do que, hoje, estamos. Até encontrarmos o rio Piracicaba, um dos grandes afluentes do rio Tietê, atravessaremos vários importantes municípios do estado, entre eles Salto, Porto Feliz, Tietê, Laranjal Paulista e Anhembi. Área de intersecção entre dois importantíssimos cultivos paulistas, a laranja e a cana-de-açúcar. A laranja e seus derivados, resultado de um processo de agregação de valores promovido pela indústria, além de ser um de nossos mais importantes produtos de exportação, tem no estado, seu maior produtor. Tanto que o quadrilátero imaginário que liga Limeira, Sertãozinho, Olímpia e Jaú, é conhecido, internacionalmente, mas, sobretudo, nos Estados Unidos, como “Orange Belt”. Tal como seu equivalente, no estado americano, da Flórida. O crescimento das exportações da laranja, sobretudo o suco, para os EUA, tem a ver com as, significativas mudanças climáticas, que o planeta vem sofrendo desde 1963, quando no mundo todo, tivemos um ano, especialmente frio. Aqui no Brasil, em 1963, tivemos a “geada branca” que castigou, bastante, a cafeicultura, no entanto, um novo produto entrou em nossa pauta de exportação. A laranja. Pois desde o, fatídico, ano, a Corrente Oceânica que banha a Flórida, que vem do norte, portanto, uma corrente fria, acentuou sua atuação. Quanto mais intensa a atuação da Corrente do Labrador na Flórida, maiores são os prejuízos nos laranjais. Sorte nossa. Nossas exportações crescem. No entanto, nas últimas duas décadas, estamos enfrentando forte concorrência dos países da África Ocidental, especialmente o grupo conhecido como África de Plantation, ou seja, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin, Nigéria, Camarões e Guiné Equatorial. Também temos o ‘Sugar Belt’, ou seja, o cinturão do açúcar, muito embora o forte do estado de São Paulo, não seja este adoçante, perdemos em qualidade, e muitas vezes na quantidade, para a Zona da Mata Nordestina, sobretudo, para os litorais do Recôncavo Baiano e de Pernambuco. Nosso forte está na produção do etanol (álcool etílico), que atualmente é uma das principais fontes de energia do país. A importância do álcool foi “descoberta” pelo Brasil, logo após a 1ª Crise Internacional do Petróleo, que ocorreu em 1973, quando criamos o 1º Proálcool (1975-1990). Nesse período, a indústria automobilística chegou a produzir 94% da demanda de automóveis com motores abastecidos por este combustível, no entanto, após a 1ª Guerra do Golfo (1990 – 1991), o preço do barril (159 litros), caiu significativamente, chegando a U$S 10 a unidade, mas voltou a subir a partir do ano 2000, graças a redução na produção promovida pela OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Para evitar um déficit ainda maior em nossa balança comercial, o governo Fernando Henrique Cardoso, reativou a Programa (2º Proálcool) que continua até nossos dias, agora com a novidade dos carros bicombustíveis (Flex). Em termos de país, perdemos apenas para a Rússia, quanto à produção de açúcar, no entanto, a nossa produção se baseia na cana, enquanto a deles na beterraba branca, sendo assim, nosso produto é mais apreciado e valorizado no mercado internacional. Nosso ‘Sugar Belt’ é baseado num quadrilátero imaginário que tem como vértices os municípios paulistas de Ribeirão Preto, Piracicaba, Barra Bonita e Bebedouro. No próximo artigo seguimos viagem, rio Tietê, afora. Até lá.
Posted on: Sun, 22 Sep 2013 12:34:51 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015