É difícil crer em certas ideias. Financiamento público de - TopicsExpress



          

É difícil crer em certas ideias. Financiamento público de campanhas e do jornalismo por exemplo. Em ambos, há dois ou três bons motivos que levam a reflexão sobre aplicabilidade do recurso ao objetivo pretendido. No caso do jornalismo, é difícil imaginar que uma mídia que dependa em grande parte de uma verba publicitária governamental, ou mesmo do aporte direto de recursos públicos, possa ser isenta ou mesmo descomprometida com a visão oficial vigente. Vale a pena pensar no que acontece atualmente na tv cultura em Sp. Por outro lado, parte substancial da grande imprensa precisa de pouco recurso públici através da publicidade. Na Folha, esse número há uns anos chegava a 12% da receita com anúncio. Não é insignificante, nen pouco, mas é menos do que se imagina e talvez seja uma cifra compensável de outra forma. Outra coisa a se pensar é no grau de concentração da imprensa. O Brasil é um país com índices historicamente altos de concentração de recursos. Dos investimentos públicos em saneamento básico, passando pela distribuição de renda e pela concentração fundiária, é possível ter um panorama muito claro desse fenômeno. Em geral, salvo no caso dos tais monopólios naturais, atividades econômicas onde a existência de apenas uma empresa é explicada por questões de eficiência - pense em uma companhia de abastecimento de água em uma cidade, por exemplo - é melhor um mercado com um grupo maior de empresas menores do que um mercado onde há poucas grandes. Mesmo sabendo que modelos de negócio não são simplesmente compreensíveis, e em geral baseiam-se em muitos dados estatísticos diferentes, é difícil crer em financiamento público de imprensa. Do ponto de vista do leitor, mais jornais poderia significar mais concorrência, que tenderia a levar a um melhor e menos custoso jornalismo. E mais imprensa com certeza não teria comp ser mantida sadiamente com recursos públicos. Além de custoso, é bom dizer, não teria necessariamente resultados favoráveis - de novo, receber dinheiro do governo para trabalhar bem não garante bom trabalho. Há exceções a tudo. Mercados não são naturalmente eficientes, há muitos modelos de empresa e negócio, há muitos países, muitas culturas e certas atividades escapam com muita facilidade da busca de soluções simples. Jornalismo sem dúvida é uma dessas. Certo mesmo é que precisamos de comunicação mais pulverizada e menos polarizada. Maior variedade de fontes, de histórias, maior qualificação da imprensa, melhores condições de trabalho e menos lucro no bolso do patrão. E claro, uma sociedade que não durma no ponto de novo por 20 anos. Sabe-se que não foi a internet que inventou, nem descobriu, a total falta de isenção, ou mau jornalismo, ou a má fé. Só tornou-o mais claro para todos.
Posted on: Tue, 06 Aug 2013 22:16:47 +0000

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