É mesmo lamentável a existência da gente encontrar sentido no trabalho e nos braços de uma outra pessoa. Estamos existindo em um tempo onde quase nunca podemos por um motivo ou por outro, nos debruçarmos sobre uma ocupação que é a de nosso desejo e quando alguns poucos têm essa maravilhosa sorte, lhes falta a liberdade de atuar como se deve ou ainda como se quer. Tais poucos afortunados às vezes são vítimas da ciranda de jogadas, de manipulações e favorecimentos de grupos de pessoas ou mesmo de um organismo gigantesco mas ainda assim invisível que me ensinaram a temer mais que o bicho papão quando da minha infância, o tal sistema. Ah e os braços da outra pessoa então, isso hoje parece a mulher de algodão...todo mundo diz que existe, já viu mas nunca se encontra...as vezes fica um rastro quase seguível, mas nada mais que especulações. Nessa dupla de situações mitológicas, o objetivo final que é a felicidade parece uma mistura de El Dourado com Atlântida. Perseguir tais ideais é viver a margem do mundo - o que adoro fazer, é verdade, mas ser sempre visto como um Quixote. Ainda acredito no amor, ele deve estar em algum lugar, soterrado pela selvageira do consumismo que nos devora e nos faz máquinas sem sentimentos ou ainda talvez cercado pelo parasitismo, pela conveniência ou banido, exilado para uma dimensão remota pela degeneração da sociedade e pela falta de moral. Em algum ponto da existência deve ser possível se dedicar aos planos e projetos de vida. Se perde muito tempo da infância vivendo-os para que sejam sonhos e não projetos de vida. Talvez a solução seja a insanidade. Romper com tudo e viver um teatro sendo feliz em segredo pois a inveja envenena tudo. Talvez não baste se amar, e amar tanto que o amor possa envolver o outro, pois a ausência de quem se ama - Inferno , como diziam os persas, leva a Paixão - sofrimento, como diziam os gregos. O leito as vezes é um túmulo que nos apavora aos se aproximar as horas de deitar e ver de maneira gritante que o sonho de existir junto se tornou o pesadelo de se estar sozinho. É mesmo lamentável a existência da Vida ser definida de maneira mais correta como: Ninguém nasce! A gente começa a Morrer! Mais lamentável ainda quando se percebe que mesmo caminhando, sorrindo, comendo e falando, muitos de nós não passamos de fantasmas com carne nos ossos.
Posted on: Sun, 03 Nov 2013 13:00:47 +0000
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