Ódio e perseguição Nos anos assombrosos da ditadura militar em nosso país eu estava no seminário. Certo dia, na aula de historia, falando sobre Tiradentes, o professor nos perguntou: Quem de vocês diria para alguém do exercito, se viesse agora para esta sala e dissesse: “quem agora dizer que não é cristão e pegar sua malinha e voltar para sua casa permanecerá com vida e quem preferir ficar aqui e continuar teimando em ser cristão, será morto”; quem diria: eu continuo sendo cristão. Naquele dia, achei aquelas palavras de nosso professor algo absurdo. No entanto, podemos ver ações terroristas, como a que matou dezenas de pessoas no shopping do Quênia, que foi um ataque contra cristãos. Na internet essa notícias bombou. No mesmo final de semana, homens-bomba explodiram uma igreja cristã no Paquistão, 78 pessoas morreram e centenas ficaram feridas. São números que se somam numa assombrosa estatística: 100 mil seguidores de Cristo são assassinados anualmente numa implacável perseguição. Nos últimos dias fiz questão de assistir os noticiários de vários canais de TV e escutar as mais variadas emissoras de rádio. Pasmem; em nenhuma Emissora de Rádio ou TV e nem em um de todos os jornais que procuro acompanhar apareceu alguma palavra sobre o assunto. Por outro lado, quando, no dia 20 de março de 2011 aquele pastor evangélico dos estados unidos queimou o alcorão, isso todo e qualquer meio de comunicação noticiou com muito alvoroço, afirmando que era um atentado aos direitos de liberdade de expressão. Por que será que os noticiários não divulgam abertamente estas truculências contra a cristandade? Quem sabe porque a sociedade ocidental também persegue o cristianismo. Ao menos é isto que pensa o jornalista espanhol Fernando de Haro, no seu livro "Cristãos e leões". Ele argumenta que existem três níveis de perseguição: cristãos que arriscam e perdem a vida; cristãos sem liberdade dos direitos civis e pessoais; e cristãos que sofrem perseguição cultural. O autor explica este último: "É um poder sobre a consciência". Longe das manchetes, enquanto milhares de cristãos ao redor do mundo pagam o preço da sua fé com a própria vida, outros sofrem o peso da cruz de forma sutil e ardilosa, sem perceberem os custos e o prejuízo. Por exemplo, quantos de nós têm liberdade de consciência para expressar sua fé e seus valores? Seguidamente ouço a desculpa: "Não falo de religião para não me incomodar". Alguém já proibiu você de falar sobre determinado assunto em algum lugar? Mas, e o cristão não é uma testemunha de Cristo? É interessante lembrar que "testemunha" na Bíblia vem do termo grego "martiria" - martírio no português, que significa sofrimento, aflição. Por isto, em qualquer nível o fiel discípulo de Cristo sempre sofrerá perseguição. O próprio Salvador não escondeu esta condição: "Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto cada dia para morrer como eu vou morrer e me acompanhe" (Lucas 9.23). Mesmo porque, praticar o amor ao próximo num mundo egoísta e sustentado pelo ódio é um exercício que exige extremo sacrifício.
Posted on: Thu, 03 Oct 2013 23:05:05 +0000