Ótima entrevista com Pablo Ortellado, professor de gestão de - TopicsExpress



          

Ótima entrevista com Pablo Ortellado, professor de gestão de políticas públicas da USP. Entre (muitas) outras coisas, ele analisa o surgimento e a história dos movimentos sociais autônomos anti-globalização e anticapitalismo nas décadas de 80 e 90, a ligação destes com o movimento punk (no qual ele começou sua militância), o movimento operário e o anarquismo, com a Ação Global dos Povos (AGP), com o Centro de Mídia Independente (CMI), com o Fórum Social Mundial e com o Movimento Passe Livre (MPL). Além disso, faz reflexões bem interessantes sobre o "hipercapitalismo" do Fora do Eixo (FdE). Alguns aperitivos: Sobre internet e movimentos sociais: "(...) O CMI é um entendimento de que a gente devia usar as possibilidades da Internet, que era um veículo bidirecional, em que se falava e recebia, e subverter essa tentativa de transformá-la numa grande televisão ou numa grande revista e fazer uma forma de comunicação interativa, baseada nas experiências das rádios livres, das TVs comunitárias, dos fanzines, nessa tradição de comunicação alternativa. E foi assim que foi desenhado. O CMI era um site de publicação aberta, quando não existia nem blog. Quem inventou o conceito de blog foi o CMI, não tinha blog, as pessoas não faziam isso, elas faziam sites. Uma ideia de um blog, que seja um negócio fácil de escrever e que possa ser atualizado rapidamente não existia, o CMI é pré-blog, é précreativecommons. E não é à toa que do CMI saíram muitas das empresas de redes sociais: Twitter, Youtube, Flickr e Craigslist. (...) nós não estamos copiando as redes, e sim foram elas que nos copiaram. Se você olhar hoje pra esse panorama de que hoje toda a comunicação eletrônica é participativa de certa maneiro isso é uma vitória do nosso projeto. E não precisava ser assim, cara, aliás a tendência nos meados dos anos 1990 era a de que a Internet fosse uma grande televisão e a interatividade seria você mudar de canal. Ela foi outra coisa porque houve participação popular e se tentou pegar as formas participativas de comunicação que vinham da comunicação popular e aplicar explorando as potencialidades da Internet." Sobre o Fora do Eixo: "Ortellado: (...) Eles são uma organização hipercapitalista. O que eles fizeram: quando a natureza do trabalho virou informacional, você já não consegue mais separar trabalho de não trabalho. Você trabalha com jornalismo, você não desliga, não é que nem um operário que pendura o macacão e vai pra casa. Você não desliga o cérebro, você tá pensando na pauta, senta pra conversar e está conversando sobre a pauta, aquilo te toma. Por isso que é muito difícil organizar tempo de trabalho neste tipo de trabalho informacional. Todo mundo que trabalha atrás de uma tela de computador trabalha assim, você não tem como se desligar de um trabalho dessa natureza simbólica. E aí você tem essa mistura de trabalho e não trabalho, que é massacrante. O que eles fizeram foi transformar isso numa coisa positiva e militante. Coletivo DAR e Desinformémonos: E escondem o lucro. Ortellado: Eu acho que eles não são capitalistas nesse sentido, porque eles não estão atrás do lucro econômico. É curioso, você vai ver o núcleo do Fora do Eixo, os caras que moram na casa, eles vivem que nem estudante. Moram em beliches, vivem muito pior do que eu. E têm uma conta com três milhões de reais. Não é orientado pro lucro: o que é mais capitalista, e não menos. (...)" uninomade.net/tenda/entrevista-com-pablo-ortellado-pelo-dar/
Posted on: Fri, 13 Sep 2013 15:26:58 +0000

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