A condução política do governo passou para as mãos de Portas. - TopicsExpress



          

A condução política do governo passou para as mãos de Portas. É o mais dotado para representar o que Nietzsche define como político: aquele que divide as pessoas entre instrumentos e inimigos; O mais interessante nos versículos contidos no Guião é a proposta de mercantilização total da sociedade portuguesa, esvaziada dos direitos que não possam ser objeto de compra e venda; Portas repete a adulação dos chamados empresários, muitos deles gerados pelo financiamento público e estigmatiza os que o não são nem serão, apontados como párias. Essa adulação é uma prestação de serviços com óbvias contrapartidas financeiras; A lógica da habitual privatização tende a ser ultrapassada pela contratualização com privados, num género de concessão, com garantias de rendabilidade dadas pelo financiamento público; A criação de um empresariato dependente do Estado é tão artificial como a tentativa de engrossar uma falsa classe média com trabalhadores independentes, travestidos de empresários em nome individual ou empresas unipessoais; Portas coloca-se no pedestal do mais genuino patriotismo ocultando as muitas demonstrações de ausência de soberania expostos, tanto nos tratados europeus, como na realidade financeira que vem justificando os cortes. E que são imensas; Traça o destino dos portugueses com um “não há qualquer possibilidade de superar a emergência financeira sem reduzir a despesa pública; e não há qualquer possibilidade de reduzir a despesa pública sem ter impacto nos salários das Administrações Públicas e nas aposentações do Estado”; Qual inquisidor moderno, Portas apresenta os condenados ao sacrifício para que a soberania regresse – aposentados e funcionários públicos – eleitos como os novos judeus, os novos herejes, apontados como inimigos dos “mercados”. Esses, são escolhidos para a primeira linha das vítimas do genocídio em curso e, outros se seguirão, certamente; Portas adopta relativamente ao Tribunal Constitucional uma “pose de estado”; deixa as ameaças para os trauliteiros de serviço como o Vítor Bento ou o António Barreto ou, para a inimputabilidade dos cargos de suserania – Durão ou Lagarde; Defende o modelo económico tradicional em Portugal, baseado em baixos salários, pobreza, punção fiscal elevada mas, aligeirada para as camadas possidentes que, insatisfeitas na sua subalternidade no contexto do capital global, canibalizam o seu Estado.
Posted on: Sun, 10 Nov 2013 13:02:20 +0000

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