A historicidade dos conceitos Paralelamente à história – - TopicsExpress



          

A historicidade dos conceitos Paralelamente à história – histórias – da civilização – civilizações – acontecem as histórias dos processos de legitimação e deslegitimação de conceitos que sustentam as concepções de mundo, as cosmovisões, as Weltanschauungen, a partir das quais, e no interior das quais, tais histórias civilizacionais se desenvolvem e se tornam de algum modo descritíveis, incorporando-se ao imaginário de uma cultura em uma determinada época. Há uma história dos conceitos e categorias que legitimam e oficializam as historiografias oficiais; porém, no processamento dos dados e dos símbolos, essa história dos conceitos e categorias se dilui no decorrer do que se estabelece; naturaliza-se e se torna dificilmente perceptível no conjunto hipercomplexo de fatores em questão. A história – a historicidade – dos conceitos e categorias interpretativas da realidade, que servirão para credibilizar as narrativas historiográficas, não poderia, por evidente, ser oriunda senão do labor filosófico, que é a fonte da qual todos e quaisquer conceitos interpretativos dos quais alguma ideia de realidade provém, em última instância. É a filosofia que tem a responsabilidade pela geração, crítica e regeneração de categorias interpretativas suficientemente sólidas e conceitos formais suficientemente burilados para que os acontecimentos não se tornem, na observância livre do temor de Kant, conteúdos cegos da reflexão e do encadeamento que se pretende. E, sem dúvida, o que estamos aqui chamando de “história dos conceitos e categorias interpretativas da realidade” se estatui e se constitui como um campo de contínuas atribulações e dificuldades, em sintonia com as forças e interesses em luta que se servirão, exatamente, desses conceitos e categorias, em cada tempo e lugar, para legitimar seu agir e a concretude do efetivamente acontecido. Pois a realidade nada tem de inerte; seu âmago é a dialeticidade do que a constitui, daquilo que se dá, a cada momento, como real, e a apropriação possível do real é, no sentido aqui abordado – ou seja, filosófico em sentido clássico –, totalmente dependente do conceitual. É, assim, em função dessas expressões de concretude, ou de expressões de realidade, se preferirmos – o que significa: do jogo de forças que as geram –, que os conceitos assumem sua dignidade propriamente conceitual, inscrevem-se em uma determinada tradição e beiram um status de autonomia. Ajudarão, em cada momento, e de acordo com as intenções prevalentes em determinada situação do jogo dialético, a legitimar ou a deslegitimar o que se apresenta, simplesmente, como verdadeiro ou como real. Pois o que se apresenta simplesmente como real ou verdadeiro a um observador casual tem uma história extremamente tensa, que se dá pela imbricação de elementos intelectuais – os conceitos e categorias em processo de formação e legitimação – com elementos concretos-temporais – as realidades que se sucedem no tempo, que vivem desde a temporalidade que nenhum conceito pode abarcar, pois é a condição de surgimento de todos eles .
Posted on: Fri, 12 Jul 2013 02:50:22 +0000

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