Ao término da sessão de Carrie - a estranha dias atrás minha - TopicsExpress



          

Ao término da sessão de Carrie - a estranha dias atrás minha namorada olha pra mim e pergunta: E aí?! E eu: Não sabia que Crepúsculo ia ter uma continuação. A gente riu e a risada perdurou uns bons dias sempre que lembravámos de algum ponto risível da nova adaptação do aclamado clássico de Stephen King, o qual pareceu desaparecer em todos os aspectos no filme. Afinal, querendo ou não, a mão do escritor sempre aparece, por mais sutil, quando sua obra é adaptada para as telonas. Mas dessa vez foi diferente, a adaptação não foi a partir da obra, foi a partir do filme de Brian de Palma nos anos 70, que também era uma adaptação, aí sim da obra literária. Mas voltando à piadinha infame citada no começo, minha intenção não era de criticar Crepúsculo ou coisa assim, apenas não pude deixar de notar a tentativa de trazer ao grande público uma personagem aos moldes de Isabella Swan, que reflete todas as inseguranças e temores femiminos. Ressalto: Bella Swan podia ter ser lugar na trama de amor vampiresca, mas para Carrie ela não se encaixa. Porém, analisando melhor depois, percebi que apesar da comparação entre as personagens, penso que Kristen Stewart poderia muito bem ter feito a nova Carrie e teríamos um resultado melhor que o de Chloe Grace Moretz, a grande novidade de Hollywood para o mundo, descoberta em Kick Ass, aproveitada erroneamente por Tim Burton em Sombras da Noite e agora pretenciosamente utilizada em um filme de terror pretencioso. Com uma câmera que durante metade do filme foca no rosto da menina que passa uma insegurança de atuação alarmante, a ideia de tornar a Carrie - a estranha, em uma Carrie Cherry Bomb e heroína anti-bullying já provém de uma concepção errada de tornar Carrie - a estranha, em Carrie - a geek, desconsiderando todo o peso dos 18 anos de uma educação rigidamente religiosa de sua mãe (que nesse filme é brilhantemente interpretada por Juliane Moore - uma das poucas coisas boas do filme), fazendo com que a menina moldada pela religião e oprimida por ela, sem conhecimento dos fenômenos que estão acontecendo com seu corpo tanto em questões biológicas como paranormais e/ou telecinéticas, passe a ser apenas a menina excluída que sofre bullyng, item que seria um interessantíssimo adicional, mas que foi utilizado quase que sozinho. A partir desse ponto o remake cumpre sua tarefa de se renovar utilizando como aliado o advento das redes sociais e mídias digitais como agravante do tal bullying, mas estamos falando de um filme de terror ou de Confissões de uma Adolescente em Crise?! Não acho desprezível a discussão sobre a esclusão de Carrie em seu meio social, mas sim a forma como o longa se construiu inteiramente a partir daí, deixando menos salientado o fator materno e religioso. A discussão sobre bullyng já acontece em um telefilme de 2002 (e dessa vez a discussão encaixa-se brilhantemente) em que há um equílibrio perfeito entre os dois ambientes que conduzem a vida de Carrie, o escolar e o familiar, junto à suas pressões e dificuldades, grande mérito também da atriz Angela Bettis que nessa versão já apresenta certo controle de seus poderes, fato que é colocado com cuidado na trama e com genialidade na atuação da atriz, que convence apenas pelo olhar, não necessitando das caretas exageradas e movimentos nada sutis e vazios de Grace Moretz, a qual mais parece uma adolescente com total controle de seus poderes, recém egressa de Hogwarts. Para uma pessoa fazer tudo o que ela faz já deve ser assustador, e ainda com todo o conceito passado por sua mãe sobre as forças do mal, será mesmo que teríamos uma transição de garota tímida para uma bad ass tão rápido assim?! Isso sem falar na cena totalmente A Feiticeira em que Carrie costura seu vestido fazendo a máquina de costura funcionar sozinha... Só faltou mexer o nariz. Outros pontos como cenas desnecessárias, exploração excessiva do universo de muitos personagens ao mesmo tempo e conflitos sem um desfecho também me incomodaram, mas com certeza nada me incomodou mais que a protagonista que entregou ao público uma Carrie nada estranha, mas sim uma bonitinha descabelada e com maquiagem neutra pela qual a diretora Kimberly Peirce teve uma enorme pena e compaixão, defendendo-a até o fim. Falando em fim... Última cena, foco no túmulo de Carrie e então... Uma música pop rock, para não fugir dos padrões dos novos filmes de terror, acontece que nesse, em especial, não funcionou... Na verdade, quase nada funcionou.
Posted on: Mon, 09 Dec 2013 12:57:42 +0000

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