Apesar da atenção mediática em torno do circo político não - TopicsExpress



          

Apesar da atenção mediática em torno do circo político não deixem de valorizar devidamente esta notícia. A política a ser implementada a breve prazo por um novo governo deve ter este estudo em muita muita consideração. "Em crise, os multiplicadores orçamentais podem duplicar de valor, avisam quatro economistas do banco central que estudaram o caso português. Em tempos de crise, um euro de corte nos gastos públicos para reduzir o défice poderá tirar dois euros ao PIB da economia. Este número é quase o dobro do estimado para o efeito recessivo da austeridade em tempos normais - e mais que duplica o valor que, antes da crise, se assumia para os chamados "multiplicadores orçamentais" e que rondava os 0,5 pontos. A conclusão é de um estudo publicado ontem por quatro economistas do banco central português que defendem que a austeridade com maiores impactos no crescimento de curto prazo são os cortes na despesa - com multiplicadores no primeiro ano que variam entre 1,2 pontos (no caso das transferências monetárias do Estado) e 2 pontos (no caso de cortes nos consumos do Estado). Já cada euro de aumento de impostos sobre o consumo ou sobre o trabalho roubará ao crescimento bem menos - qualquer coisa entre 80 e 70 cêntimos (multiplicadores de 0,8 e 0,7) no ano do choque. Estes são valores adaptados à economia portuguesa e que destoam do multiplicador médio de 0,8 pontos que, segundo Vítor Gaspar, o ex-ministro das Finanças, está implícito nos modelos que a Comissão Europeia e o Governo usaram no caso português. Vão contudo ao encontro das estimativas do FMI que, no final do ano passado, defendeu que os multiplicadores orçamentais assumidos na Europa durante a crise poderiam estar sub-estimados - uma posição que a Comissão Europeia contestou publicamente. O estudo do Banco de Portugal simula o caso português e procura estimar os multiplicadores - de vários tipos de receitas e despesas públicas - em situação de crise e em tempos normais. As diferenças são significativas, concluem Gabriela Castro, Ricardo Felix, Paulo Júlio e José Maria no artigo titulado "Fiscal multipliers in a small euro area economy: how big can they get in crisis times". Em tempos normais, estimam os economistas, o valor dos multiplicadores cai quase para metade, passando a variar entre 0,5 pontos de aumento dos impostos sobre o consumo e 1,2 pontos no cortes de consumo público no primeiro ano. Os efeitos recessivos são também mais passageiros. A explicação para estas diferenças está no facto das economias funcionarem de forma muito diferente quando estão em forte recessão. Por um lado, numa situação como a que Portugal tem vindo a atravessar nos últimos dois a três anos, o número de famílias com dinheiro apenas para sobreviver aumenta, o que significa que reagem mais à austeridade por incapacidade de acomodarem as perdas de rendimento. Por outro lado, em situação de crise não é fácil conseguir um ajustamento nominal nos preços e salários que decorre da pressão recessiva, acabando o ajustamento por ser feito em grande medida pelo lado do emprego. Finalmente, numa situação de grave crise, o sistema financeiro deixa de funcionar correctamente, criando mais uma pressão negativa sobre a economia. "
Posted on: Fri, 05 Jul 2013 09:29:49 +0000

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