CARTA ABERTA AO EXCELENTÍSSIMO SR. PREFEITO DE LAJEDO BEL. ROSSINI BLESMANY. Em primeiro lugar cumpre-me tornar público o que poucos pensam, muitos duvidam e nenhum sabe, com certeza: Eu não votei em vossa excelência. Uma das características da minha personalidade é a lealdade. Sou leal aos meus princípios, aos meus amigos, a minha família, a minha aldeia e ao meu Deus. Quando Bartolomeu Onofre, amigo de infância, se dispôs a emprestar-me o seu nome para tornar possível o alcance do meu objetivo, tornei-me seu refém e a ele fui leal. Transitei em duas das facções políticas existentes na nossa cidade, delas posso ser acusado de tudo, menos da falta de caráter ou de deslealdade. Da primeira, tive como motivo para dela sair, um equívoco da minha parte ao ser seduzido “pelo canto da sereia”; da segunda, por não submeter-me aos caprichos de um falso líder. Portanto, a ninguém posso culpar, porque tenho como hábito assumir os fracassos individualmente e socializar o sucesso. Este relato inicial serve para tentar inibir a ação dos simplistas que resumem seus argumentos numa assertiva medíocre do tipo: “não votou nele e agora vem criticar”, ou “tá reclamando de quê? Isto se chama Democracia. Ou aos energúmenos que veem nas minhas críticas uma revolta ou revanchismo e afirmam: “fala isso porque não foi eleito prefeito” ou ainda, “isso é inveja”. Estes não merecem respostas escritas. Não sabem ler... Se leem não interpretam... Quando interpreta não entendem... Caso entendam, fingem o contrário. Isto posto vamos aos fatos. Vossa Exma. logrou êxito nas últimas eleições, com uma das mais extraordinárias votações que um candidato jamais sonhou alcançar em minha Terra, lastreando sua atuação política, durante os quatro anos de vereação e com maior impetuosidade no trimestre da campanha ao cargo que ora ocupa, no tripé das necessidades e clamor popular constituído pelas três áreas de governo: Saúde, Educação e Segurança. Hoje a saúde é o principal problema de Lajedo na avaliação da população. Segundo pesquisa realizada os entrevistados apontaram os três problemas que principais. A saúde foi assinalada por 75% a educação é a segunda maior preocupação e foi apontada por 39% seguida por segurança pública e violência com 38% das respostas. Na Saúde, em que pese o conhecimento técnico, a experiência e a disposição da gestora responsável, ainda não observamos nenhum avanço significativo na área, porque ambos sabemos (acredito que v. exma. tenha lido sobre saúde pública), que plantonista na emergência, SAMU e ações extemporâneas focais não alterarão o quadro epidemiológico lastimável em que se encontra a saúde do meu torrão natal. Mas, aqui o tempo ainda é curto para se cobrar maiores resultados, apesar dos sete meses perdidos, empenho minha fé em que a secretária tenha autonomia e discernimento para fazer o que precisa e não o que os insanos apregoam. Na Educação, diferentemente da saúde, a atual gestora afastou-se da área nos últimos 16 anos o que dificulta enormemente sua atuação face as grandes evoluções que sofreu a educação, necessitando de uma atualização “full time” para acompanhar o processo. Entretanto, inteligentemente, cercou-se de bons técnicos o que nos apresenta a possibilidade de crermos que em breve, se não os atrapalharem, possamos começar a colher os frutos desse trabalho que esperamos profícuo. Até lá, necessário se faz a sua presença física (posto que sua ausência, segundo se diz, é uma constante), à frente da pasta que comanda para liderar o processo que ao meu ver, resta provado como o mais eficaz para a verdadeira mudança na minha cidade: a educação como instrumento de transformação social e política do meu povo. Segurança. Esta sem dúvida foi a grande responsável pela sua vitória. Quando v. exma. aqui aportou com a difícil missão de exercer o seu mister no nosso município, com certeza não sabia quão difícil seria ela. Trabalhando com afinco e uma grande dedicação realizou a proeza de tornar de fato, a nossa querida Lajedo, numa ilha de segurança no oceano do agreste violento à época. Daí a tornar-se um ídolo foi um passo. E, ao ser transferido para outra cidade, imediatamente, criou-se um movimento popular (encabeçado por um dos meus irmãos), para reivindicar o seu retorno, o que de fato aconteceria. A recompensa para tudo isso culminou com a honra de um mandato concedido pela população para a edilidade e agora outro para a função de chefe do executivo municipal. Se na Saúde e na Educação ainda nos resta a esperança do tempo, na Segurança, quanto mais o tempo passa mais aumenta o nosso desespero. Não dá mais para aceitar a situação de desmando, descalabro e desgoverno na área de segurança na nossa localidade. Não podemos simplificar o problema e afirmar, com demagogia, que “está assim em toda parte”, “que o problema é nacional” e nem “que a responsabilidade é do governo estadual ou federal”. Eu sei, como todos sabem, que suas atribuições enquanto prefeito não podem ser confundidas com as obrigações de um delegado de polícia, assim como um médico prefeito não pode resolver sozinho os problemas da saúde de onde governa. Outrossim, a sua expertise, o seu conhecimento interpessoal e técnico podem e devem lhe orientar na busca de uma solução imediata para a nossa insegurança. A tecnologia está aí para ser utilizada a exaustão. Assaltos diários, arrombamentos, tráfico de drogas, prostituição, estupros e homicídios com índices alarmantes tornaram-se o assunto da crônica diária no campo na cidade e em todos os lares deste lugar amado. Não estou falando de “fakes” ou anônimos nas redes sociais estou falando, excelentíssimo prefeito, dos filhos de Lajedo. O motivo que me levou a escrever esta carta, para vossa excelência, definitivamente terá sido o motivo de maior tristeza para minha vida: OS FILHOS DE LAJEDO ESTÃO COM MEDO. MEDO de estar em Lajedo. MEDO de vir para Lajedo. MEDO de caminhar nas ruas de Lajedo. MEDO de ficar em casa em Lajedo. MEDO de morar em Lajedo. MEDO de tanto medo... Certamente, v. exma. deve estar se perguntando o porquê desta minha missiva posto que até aqui nada de relevante lhe relatei que v. exma não já o soubesse. Isto é fato. Tentarei, resumidamente, dizer. Nasci em Lajedo, aqui me criei e tão logo concluí os estudos que aqui não poderia ter, voltei. Na minha adolescência a porta da minha casa ficava aberta, à noite, até que todos os filhos de seu Zé Nicolau voltassem para casa. Íamos para a escola de bicicleta e não me lembro de saber que alguém teve a sua roubada. Lajedo era do tamanho da minha liberdade e eu quero que os meus filhos nutram por ela o mesmo amor que eu sem ódio e sem medo. Eu não sou ingênuo, como muitos que acreditaram um dia, que a partir de janeiro poderíamos voltar a “dormir de portas abertas”, isso é utopia. Eu sei que vossas limitações existem e tenho certeza que v. exma. deve está em busca de solução. Tudo isso eu sei... Mas, excelência, o que sei mesmo é que os filhos de Lajedo estão aflitos: Por isso eu vos peço em meu nome e em nome de todos os que não podem ou não querem falar: SOCORRO!!! Atenciosamente, Pedro Melo, cidadão lajedense.
Posted on: Sun, 28 Jul 2013 03:50:04 +0000
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