Conselheiro do crime traz filosofia da violência Trama complicada e esforço para parecer descolado atrapalham o drama policial que traz Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penelope Cruz e Cameron Diaz ALEX XAVIER Havia grande expectativa em torno do projeto. Afinal, tratava-se do primeiro roteiro do premiado romancista Cormac McCarthy escrito diretamente para o cinema – antes, seus livros tinham dado origem a filmes como Onde os fracos não têm vez (2007) e A estrada (2009). A trama enfocava a violência na fronteira entre Estados Unidos e México, e a direção caberia ao cineasta Ridley Scott – dono de uma grandiloquência que pode funcionar tanto para o bem (vide Blade Runner, o caçador de androides e Gladiador), quanto para o mal (no risível Prometheus, por exemplo). A badalação em torno de O conselheiro do crime cresceu, muitos atores entraram na disputa por um papel e, mesmo antes do lançamento, já se falava em indicações ao Oscar. Mas algo desandou no meio do caminho, mesmo com um elenco que reúne Michael Fassbender, Brad Pitt, Javier Bardem, Penélope Cruz e Cameron Diaz – há ainda participações especiais de Bruno Ganz (A queda! As últimas horas de Hitler), Rosie Perez (Sem medo de viver), Natalie Dormer (das séries The Tudors e Game of Thrones), Dean Norris (o cunhado de Breaking bad) e John Leguizamo (numa rápida aparição, pela qual ele sequer é creditado). Chamado de “The Counselor” (“O Advogado”, traduzido nas legendas em português como “Doutor”), o personagem de Michael Fassbender é um homem comum que resolve faturar alto participando de uma negociata com cartéis de drogas mexicanos. Desde o início, o público sabe que ele está metido onde não deveria, colocando em risco não apenas a sua vida, mas também a de sua noiva, Laura (Penélope Cruz). Como já fizera em Onde os fracos não têm vez e 007 – Operação Skyfall (2012), Javier Bardem surge em cena com um penteado excêntrico – aqui, na pele de Reiner, um escroque cheio da grana, envolvido com a insinuante Malkina (Cameron Diaz, a femme fatale da história). Brad Pitt vive um intermediador cheio de reticências, responsável pela cena mais impressionante e violenta. Infelizmente, o filme se perde no esforço de assumir um ar de descolado. Do modo como são apresentados, todos os narcotraficantes parecem filósofos, sempre com algo profundo a dizer sobre a natureza humana.
Posted on: Sun, 27 Oct 2013 21:54:13 +0000
Trending Topics
Recently Viewed Topics
© 2015