Diz a "doutora" e "professora" da USP, Maristela Basso: "A Bolívia é insignificante em todas as perspectivas." "Os bolivianos que vêm de lá vêm tentando uma vida melhor aqui não contribuem para o desenvolvimento tecnológico, cultural, social, desenvolvimentista do Brasil. Então Bolívia é um assunto menor." e De qualquer ponto de vista: 1. Do ponto de vista do direito internacional, a ação não desfruta de o mínimo de bom senso. O senador Roger Pinto Molina é suspeito de crimes comuns em um país com três poderes, sem qualquer denúncia em contrário em qualquer corte internacional. São 20 processos na Justiça boliviana. Em um deles, ele já foi condenado a um ano de prisão. De novo: não há qualquer informação contraditória sobre isso, apenas desinformação e uma fuga, feita ilegalmente a partir do recurso da imunidade diplomática. Ele tem advogados, que não fazem mágica, porque ele é culpado. Em um dos episódios, há participação num massacre de indígenas. Imagine você se o Paulo Maluf (junto com seu filho!) fosse finalmente condenado por todos os seus crimes de corrupção ativa e passiva e os EUA organizassem sua fuga clandestinamente. É sério que alguém acredita que isso seria razoável? Se o Conare -- órgão que analisa o pedido sobre o reconhecimento da condição de refugiado -- tiver bom senso, Molina tem que ser deportado. 2. Em economia a "professora" também não conseguiu acertar. Apenas no ano passado, o Brasil exportou US$ 3,6 bilhões em gás da Bolívia. A Bolívia por outro lado importa do Brasil produtos manufaturados por um montante de US$ 1,5 bilhão. O gás boliviano ainda é importante para a economia brasileira, mesmo que esta caminhe para sua autossuficiência, talvez, em 2018, segundo análises recentes. Além disso, pelo pouco que pude conhecer do país, a Bolívia tem muito para ensinar ao Brasil na área de agricultura familiar e é, ainda por cima, rica em estanho. 3. Agora, o pior foi ter entrado no campo cultural e social, da qual ela não entende patavinas, ao que parece. A notável contribuição cultural e social dos migrantes em geral, e dos bolivianos neste caso, é o resultado de 10 entre 10 estudos de movimentos migratórios, que é por um acaso o campo que eu estudo. Convoco quem quer que seja a achar estudo que chegue a conclusão contrária. Mesmo assim, ela teria de levar em conta que, antes de contribuintes, os migrantes são seres humanos. Por mais que ela pense diferente, isso é simplesmente um fato. E parece óbvio demais, mas como os tempos são difíceis nunca é demais lembrar. Além disso, me nego a lembrar à chamada "professora" a gigantesca contribuição histórica que a Bolívia oferece para a América Latina. Sério, Maristela, dá um "google". 4. A patética posição desta professora, aparentemente figura conhecida da Faculdade de Direito da USP, apenas nos lembra o quão xenófoba e racista é uma parte da elite brasileira, sempre pronta a categorizar os seres humanos a partir de critérios unicamente econômicos, rebaixando a refugos humanos -- conforme denominou brilhantemente Bauman -- os demais cidadãos. Os nazistas estariam orgulhosos de "debates" como este. 5. Ah, claro, de um único ponto de vista ela está corretíssima: o lucro vale mais do que as pessoas. Para quem pensa assim, vale uma salva de palmas para a professora Maristela Basso! Do contrário, a dita "doutora" merece o nosso mais honesto desprezo.
Posted on: Mon, 02 Sep 2013 23:53:38 +0000