Em 1917, por meio de uma longa e interessantíssima carta, Freud ficou sabendo da existência de um excêntrico médico, diretor de um sanatório para doentes crônicos na cidade de Baden-Baden, na Alemanha. Georg Groddeck era o nome do sujeito. Na epístola, o médico dizia a Freud que havia descoberto a presença do simbolismo inconsciente também nas doenças orgânicas (físicas) e que o método psicanalítico produzia excelentes resultados terapêuticos nesses casos. Freud, interessado na ampliação do alcance da psicanálise, imediatamente se entusiasmou com a ideia. Muitos dos seus discípulos, contudo, não viam com bons olhos o procedimento de Groddeck. Tomavam-no por um analista selvagem, epíteto com o qual ele voluntária e ironicamente se identificou. Interpretar uma arteriosclerose ou uma hemorragia como estando vinculadas a fantasias edipianas parecia a tais discípulos um pernicioso exagero groddeckiano. Era difícil para alguns desses primeiros analistas acreditarem que o corpo poderia ser um veículo de significação, sendo mais do que a fonte das pulsões. E assim, a despeito do entusiasmo inicial de Freud, o campo psicanalítico foi pouco a pouco esquecendo-se de Groddeck, ou melhor, RECALCANDO Groddeck. Lucas Nápoli
Posted on: Tue, 23 Jul 2013 23:06:35 +0000
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