Eu votei sim! Meu professor mandou jogar bomba em mim! Não merece - TopicsExpress



          

Eu votei sim! Meu professor mandou jogar bomba em mim! Não merece uma honraria na altura do José Carlos Novais da Mata Machado! Parabéns CAAP! Carta aberta ao Professor Antônio Augusto Junho Anastasia, “O rapaz sentado ergueu a cabeça, ao perceber que alguém entrara na cela. Tinha traços finos e, mesmo naquele estado deplorável,l uma indisfarçável altivez. Olhou Rubens e disse com dificuldade: - Companheiro... Respirou fundo, tentando ganhar tempo. Sangrava pela boca e ouvidos, mas queria deixar uma mensagem, mesmo que não chegasse aos demais companheiros de organização. - Meu nome é José Carlos Novais da Mata Machado. Engoliu a saliva misturada com o sangue, limpando um pouco a boca, e continuou: - Sou dirigente da Ação Popular Marxista-Leninista. Após um breve silêncio concluiu: - Se você puder, se tiver condições, avise aos companheiros que eu não abri nada.” LIMA, Samarone. Zé. 1. Ed. Belo Horizonte: Mazza, 1998. p. 14. Professor Antônio Augusto Junho Anastasia, Após o dia 1º de abril de 1964, o Brasil assistiu a um dos episódios mais horríveis da sua história: o Golpe Militar que instaurou um Estado de Exceção. Naquele período, as pessoas foram submetidas às mais diversas formas de repressão. Tiveram seu direito de manifestação vetado pelas autoridades militares, foram cerceadas na sua liberdade de expressão, violentadas pela polícia e submetidas às mais degradantes formas de violência. O Centro Acadêmico Afonso Pena sempre esteve contra esse Estado opressor., Nossa história se confunde com a própria história do país. Cada gestão foi marcada de alguma forma pela defesa radical da democracia, com muita coragem, lutas e muito barulho – que alguns chamariam, hoje, de “vandalismo”: não foram poucas as pichações. Não foram poucas as pichações de muros com mensagens de esperança e protesto. Não foram poucos os incêndios e os confrontos com a polícia repressora. E por fim, não foram poucos os feridos em luta, os torturados e presos sem ter acesso nem mesmo à consulta de um advogado que promovesse sua defesa. Foi agindo contra tudo isso que centenas de estudantes da nossa antiga Faculdade Livre de Direito foram presos: o Estado que os impedia de circular livremente pelas ruas, a polícia e seus mandantes que os assassinavam muitas vezes de forma brutal em viadutos, nas comunidades carentes e nas ocupações urbanas. Dentre esses estudantes, José Carlos Novais da Mata Machado foi um aluno que conquistou a liberdade de muitos sacrificando sua vida, que amou nossa Vetusta Casa de Afonso Pena e nosso CAAP com todas as suas forças. Um estudante que, devido à sua trajetória, foi homenageado pelo Centro Acadêmico com a instituição de uma medalha em seu nome. A medalha José Carlos da Mata Machado é um prêmio único, de reconhecimento a ex-alunos da nossa Faculdade que tenham destaque na vida profissional, sobretudo na defesa de direitos e liberdades. É triste constatar que José Carlos poderia ter sido vítima também da polícia dos dias de hoje, já que seu ímpeto era o de estar na linha de frente junto aos estudantes de direito.Ele era, acima de tudo, um caapiano que teria vergonha de ter toda sua história de luta e defesa da democracia associada a um colega que, uma vez eleito governador, permitiu que a tropa de choque reprimisse violentamente as pessoas no mais legítimo exercício de sua liberdade de expressão. Um governador que tentou, junto ao Poder Judiciário, impedir os cidadãos de se manifestarem livremente, sob a ameaça de multa milionária a seus sindicatos. José Carlos teria vergonha de um professor que colocou em risco as vidas de dezenas de milhares de pessoas – entre elas, as de seus próprios alunos da Faculdade de Direito – ao permitir a ação truculenta da polícia para defender o território de exceção da FIFA. Polícia esta que, durante as greves dos professores de 2011, de forma análoga, já se utilizava das mesmas bombas de gás lacrimogêneo, sprays de pimenta e agressões policiais vistas nessas últimas semanas. José Carlos Novais da Mata Machado viveu e morreu por um novo mundo; por uma democracia de liberdades individuais e justiça social. Seu nome virou sinônimo destas aspirações tão nobres. Atrelá-lo a alguém que por repetidas vezes, junto ao seu exército de subordinados, atentou violentamente contra tais valores é um contrassenso que talvez pudesse ser permitido ou talvez passasse despercebido, tempos atrás, mas não mais. Não mais! Não iremos esperar calados que os espaços de exceção e que os atos injustificados de repressão perpetrados em nome dos lucros de um evento esportivo se tornem, mais e mais, a regra a regular a nossa vida. Jamais poderíamos fazer isso. Ao contrário do Senhor Professor, ainda acreditamos que é coisa séria, muito séria, honrar a memória do José Carlos e de tantos que deram sua vida pela democracia e pela liberdade. Por todos os cidadãos feridos, humilhados, violentados e mortos pela Polícia Militar do Estado de Minas Gerais sob o seu comando; pelos muitos territórios de exceção impostos pelo seu governo; por seu governo tentar quebrar as garantias constitucionais do povo que ousou sair às ruas para defender a democracia,não mais reconhecemos o senhor como um de nós. A Assembleia de Estudantes da Faculdade de Direito, reunida com convocação pública, reservado o direito de defesa e, movida por princípios democráticos sobre os quais se funda este Centro de Representação Estudantil, declara a cassação da Medalha José Carlos Novais da Mata Machado que o senhor havia recebido, e pede a sua devolução ao Centro Acadêmico Afonso Pena. https://dropbox/s/n71i9d2fqi0pwqz/Carta%20aberta%20ao%20Professor%20Antônio%20Augusto%20Junho%20Anastasia%20sem%20comentários.docx Centro Acadêmico Afonso Pena,
Posted on: Thu, 04 Jul 2013 05:19:04 +0000

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