Final de ano está a porta e com isso muito cansaço, trabalho,estudo e provas na faculdade, obrigações, dia-a-dia corrido, ônibus cheio, muitas pessoas correndo num ritmo frenético, enfrentar mercado lotado e abafado de calor, vendo pessoas cair e serem acidentadas devido a pressa e falta de atenção no transito, discussões entre pedestres e motoristas e uma série de atitudes que não vá de encontro com a serenidade e a paz. Consequencias: stress, brigas, mortes banais e uma estupidez gritante. Me recordo o contraste de quando fiquei 15 dias em Matapiquara - (Pará), um arraial de interior de pequenas casas e com pessoas simples e acolhedoras. Mais de 1400km de distância. Uma outra vida e com uma maior qualidade. Acordava às 5hs da manhã, um cafezinho simples na mesa, uma prosa gostosa acompanhando de muitos risos entre mineiro e paraenses, hábitos e culturas diferentes mas que somavam e enriqueciam as relações. Ainda na parte da manhã com um sol de 32 graus era o momento de ir para o girau lavar roupa, maquina de lavar não existe naquele povoado, e assim o girau, além de ser um espaço de lavar e esfregar a roupa, era também lugar de reunião para prosas. Meu filho Heitor não teve uma crise de asma e nem sequer deu um espirro, ficava de sunga o dia todo. O que por aqui, são crises constantes com mudanças bruscas de temperatura. O almoço era também simples, peixe fresco todos os dias acompanhado de farinha, o que é forte naquela região. Peixes de todos os tipos e muito saudável para quem estava acostumado com muitas frituras por aqui. De tarde e a noite era o momento de encontro debaixo da mangueira que nos protegia dos 40 ou 42 graus que ardia em nosso corpo. Bancos e redes se espalhavam naquela sombra gostosa e ali era deixar o tempo passar e vislumbrar a calmaria, o corpo relaxado e purificado de contaminações, igarapés e riachos para se banhar a qualquer hora do dia, sem celulares, tablets e emails que não dava sinal de rede, as crianças correndo sem perigo, nenhum sinal de transito agitado e assim ficavamos até a hora de recolher prosiando e ouvindo um rítmo brega de um bar próxima a casa onde fiquei. Bar do Tim assim é conhecido. Na hora de dormir apesar de haver camas na casa, a maioria dormia em redes que se espalhavam pela sala e copa. Uma noite sem nenhum barulho e incomodo, uma noite que o único barulho era a respiração e acredito eu, Deus abrindo as portas da casa para nos visitar! Existe em Matapiquara uma Capela dedicada a santa Luzia. Participei de um terço dos homens e no domingo de uma Celebração da Palavra. Padre é uma vez por mês e assim os leigos assumem o Ministério da Palavra para anunciar Deus que liberta e acolhe seu povo. Saudade deste povoado acolhedor. Hoje não pensaria duas vezes em abandonar tudo por aqui e mudar radicalmente de vida em busca de maior simplicidade e assim conviver com a felicidade cotidiana! Acho que a Catia Lucindo pode afirmar minha partilha. Marcelo M. Russo.
Posted on: Thu, 21 Nov 2013 10:59:48 +0000
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