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HG Erik Em 9 de novembro de 2012, escrevi o seguinte: "Um dos mais perversos enganos que enxergamos no campo da esquerda é aquele que pensa que o discurso que pretende ser verdadeiro, que reivindica a verdade e a objetividade daquilo que afirma, é um discurso cuja intenção última é de dominação - porque a verdade seria apenas isso, uma "vontade de potência" travestida de valor universal, que simplesmente caberia aos dominados engolirem, enquanto eles mesmos não forem capazes de afirmar uma intenção contrária, ou seja, uma "verdade particular" dos dominados que dê conta de fazer valer seu direito às migalhas do banquete dos poderosos. Assim, não haveria verdade nem objetividade algumas, mas apenas "realidades" particulares em permanente queda de braço (tanto a nível de classes sociais quanto - surpresa? - de indivíduos isolados, que é o que por fim resta na dissolução dos critérios que o entendimento científico usa para compreender a sociedade; e agora, nesta forma dissoluta de entendimento, a luta de classes se transformou em uma reles opinião), o que tornaria a filiação a uma posição política uma questão meramente arbitrária. A verdade passa a ser entendida não mais como correspondência à realidade, já que esta foi misteriosamente diluída no interior da subjetividade dos nossos relativistas "de esquerda", mas sim como uma verdade POLÍTICA, submetida ao resultado das disputas e acordos entre as miseráveis individualidades em busca dos escassos recursos disponíveis para a satisfação de suas demandas egoístas. Porém, quem coloca as coisas nesses termos não é capaz de enxergar a obviedade de que aquela intenção de dominação imediatamente revela a falsidade de tal discurso, e que portanto aos dominadores não interessa de fato a verdade, e sim a manipulação; e que, apesar disso, sua intenção não é capaz, por meio de quaisquer de seus malabarismos sofísticos, de transformar a realidade sensível e prática na qual todos vivem em um mero objeto de sua vontade, de tal modo que a objetividade permanece tal e qual é por si mesma e só pode ser transformada se compreendida em sua verdade. A verdade, a objetividade dos critérios, a cientificidade, a "intentio recta" de apreensão do que sejam a natureza e a sociedade são autênticas bandeiras e tarefas da esquerda, e só com elas poderemos de fato transformar o mundo. Isso é teoria revolucionária: teoria que pretende e assume a pretensão de dizer a verdade e compreender a natureza e a sociedade tais como elas são em si mesmas e em relação uma com a outra, com fins a humanizar o mundo que resulta de tal interação". E, como post scriptum: "Dito isso, permitam-me dizer, na lata, mais uma coisinha: os pensadores que a pequena burguesia que se enxerga como esquerdista tem lido e divulgado, como Nietzsche, Heidegger, Escola de Frankfurt, Foucault, Deleuze, Derrida e cia. ilimitada, não são nossos aliados na compreensão e transformação do mundo. Aparentemente, são iconoclastas a serviço do desmantelamento da ordem burguesa; mas, exatamente ao contrário, são os porta-vozes da reação burguesa ao marxismo, contra o qual encontraram uma única forma de desqualificar, apelando para as mais diversas formas de relativismo, psicologismo e ceticismo, mesmo quando, em alguns deles, tratou-se de esconder tal desentendimento sob um vocabulário tomado de empréstimo a Marx." Passado alguns meses, eis que o meu amigo Luciano Brito encontra uma reportagem que fala do livro de um pesquisador francês sobre a manobra de Foucault em direção ao neoliberalismo. Sem que eu soubesse disso, posso dizer: eu já sabia..."
Posted on: Wed, 04 Sep 2013 02:51:38 +0000

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